Night travel

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Mais um capítulo aqui gente...
Boa leitura! 💚

Frank Jones pov

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Frank Jones pov.

Estar viva era bom.
Me lembrei de como funções simples como beber água e dormir me faziam tanta falta.
Sentindo a água quente do chuveiro do hospital aquecer meu corpo, pude ter momentos reflexivos.
Dois meses haviam se passado.
Dois meses perdidos em coma na cama de um hospital.
Apenas ouvindo, ouvi cada voz e cada súplica ou oração.
Duas delas me surpreenderam muito.
Eu ouvia a voz de Dick todos os dias.
Ele me desejava bom dia, dizia que Brianna estava segura, me avisava que estaria na sala ao lado e pedia para que eu ficasse melhor em uma oração baixinha.
Ouvi Jason também, pelo menos, o que eu achava ser ele, que sussurrava próximo ao meu ouvido, contava histórias confusas sobre princesas desmaiadas e penteava meu cabelo com os dedos. Aquilo poderia ser uma simples alucinação por conta dos remédios mas ouvia um barulho, e a voz não estava mais lá.
Por dois meses, além de meus irmãos e pai, eles estiveram lá.
Pessoas que eu mal conhecia.
Quando despertei, minha família toda me aguardava, Dick também, que aparentemente havia custeado todo meu tratamento, ainda que não fosse necessário.
Terminei meu banho e coloquei a roupa de moletom nova que meu pai havia trazido, me apoiei nas paredes me vestindo lentamente. Meu equilíbrio estava completamente não confiável, o que fazia com que eu me locomovesse lentamente.
Ao sair do banheiro já vestida e com os cabelos molhados, vi uma sombra em minha janela no cair da noite.
- Oi ? — pergunto.
Sem resposta, provavelmente havia sido algum pássaro assustado.
Me deito na pequena cama do hospital e logo ouço delicadas batidas na porta.
- Entra. — peço baixo e vejo Dick esgueirar-se pela porta segurando uma pequena embalagem com "Big Belly burguer" escrita.
- Imaginei que estivesse querendo algo melhor do que ensopado de hospital. — diz ele e eu sorrio encolhendo minhas pernas para que ele se sentasse na beirada de minha cama.
- Você achou certo. — sorrio pegando o pacote e distribuindo nossos lanches. – Obrigada.
- Você se lembra de algo ? — pergunta abrindo a embalagem de seu hambúrguer, dando uma generosa mordida.
- De tudo. — digo a ele. – Se está falando do que Jason disse, eu não acredito no que foi dito.
- Por que ? — pergunta Dick.
- Porque se não se importasse, não estaria todos os dias segurando minha mão e até fazendo amizade com minha família. — sorrio para ele que coça sua nuca timidamente.
- Então você já está bem informada.
- De tudo. — digo a ele. – Obrigada.
- Não precisa agradecer.
- Você passava o dia todo aqui, para uma desconhecida, então sim, eu agradeço.
- Você não é mais uma desconhecida. — sorriu ele. – Sei tudo sobre você graças a seu pai e seus irmãos.
- Wow, vocês se tornaram mesmo amigos. — digo a ele mordendo meu hambúrguer.
- Todos eles gostam de mim, com exceção de Luke.
- Luke não gosta de nenhum garoto que se aproxime. — explico a ele. – Não se preocupe.
- Eu não me afastaria nem que ele me jogasse prédio abaixo. — disse Dick e eu o encarei.
Por que ele estava sendo tão gentil com uma garota que ele mal conhecia !?
- Por que ? - pergunto a ele.
- Como eu disse, agora eu te conheço melhor do que qualquer um, Frankie Stein. — diz e eu rio do apelido que James havia me dado.
- Então agora somos melhores amigos, Dick ?
- Somos, Frank Jones. — sorriu ele.
A noite seguiu com Dick dividindo a pequena cama hospitalar comigo.
Com intensa insistência, meus irmãos e pai finalmente começaram suas jornadas de volta para suas casas, convencendo-os que eu estava bem e logo teria alta, finalmente consegui que eles voltassem para suas rotinas e vidas, Dick disse que ficaria comigo e para minha surpresa, eles concordaram, ainda que com muita relutância de Luke e milhares de instruções que meu pai havia deixado, dando ênfase a nova regra de fazermos ligações todos os dias. Com o cair da noite, Dick me fez companhia, o que em meu íntimo me fazia questionar o sumiço repentino de Jason.
Tentando não cair na tentação de meu próprio cérebro, criei distrações, uma delas era o jogo de perguntas que Dick e eu havíamos iniciado.
- Qual sua cor favorita ? — perguntei a ele.
- Acho que azul ou preto. — deu de ombros. – Comida favorita ?.
- Purê de batatas. — respondo e ele me encara com estranheza. – O que !?
- É uma escolha estranha vindo de alguém que não gosta de muffins.
- Meu pai te contou isso ?
- Não, notei que não comeu o muffin que comprei pra você em nosso café da manhã. — disse ele.
- Gosto de bolinhos mas muffins são estranhos.
- São quase a mesma coisa! — retrucou.
- Não são nada parecidos! — defendo-me.
- Proponho um desafio: você faz bolinhos e eu muffins em uma competição.
- O vencedor leva o que ? — pergunto desafiadora.
- O que quiser. — oferece sua mão.
- Fechado. — aperto-a.
- Farei você comer meus muffins. — diz convencido.
- Pago para ver. — desafio-o e decido voltar ao jogo. – Você é um playboy que gosta de exposições ?
- Não gosto mas as vezes é inevitável. — dá de ombros. – Com quantos caras namorou ?
- Nenhum. — digo simples e vejo-o arregalar os olhos.
- Você pode me dizer...
- É sério. — convenço-o.
- Homens texanos são loucos. — diz e eu sorrio.
- Quantas garotas já beijou ? — pergunto a ele.
- Não consigo contar.
- Wow. — digo surpresa.
- Quantos caras beijou ?
- Nenhum. — respondo baixo e ele me encara atônito.
- Qual o problema dos caras ? — pergunta.
- Eu juro, já fui muito feia. — justifiquei.
- Impossível. — diz e eu sinto meu rosto queimar e resolvo ignorar o comentário.
Eu havia acabado de me recuperar de uma chuva ácida, poderia me declarar um ser humano sem interesses românticos até o fim da faculdade.
- Por que odeia Jason ?
Dick para e me encara por longos minutos sem dizer nada.
Uma hora ou outra, esse assunto deveria ser citado já que desde o primeiro dia em que pisei naquela universidade, havia um dos dois garotos em meu encalço.

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