Capítulo 22 - Konoha

681 52 19
                                    

Kakashi

Há um mês atrás eu adoraria saber que teria reunião com a chefe do hospital, afinal, era uma reunião com benefícios extras. Mas agora tinha que aguentar as investidas incansáveis da Shizune para ser notada. Não que ela se jogue em cima de mim, só é vergonhoso presenciar as tentativas falhas de chamar minha atenção.

Olhei para o relógio na parede e percebi que já estava no horário, revirei os olhos e respirei fundo. Leves batidas na porta anunciaram a chegada da mulher que nunca se atrasava.

— Pode entrar — falei com uma desanimação palpável.

Minha desanimação não tinha só a ver com o fato de ter que vê-la todas as quintas-feiras. Shikamaru, Naruto e eu tentamos de tudo para fazê-la desistir de destruir o meu relacionamento. O Uzumaki usou o jutsu erótico dele e fingiu ser meu interesse amoroso. Ele também tentou um jutsu de transformação com um homem relativamente bonito e tentou conquistá-la, sendo insistente como só ele sabe ser e Shizune não reagiu a nenhuma das cantadas dele. Shikamaru usou a lógica e a inteligência para mostrar que eu não tinha nenhum interesse por ela, jogando indiretas durante nossas reuniões. Porém, se ela percebia alguma delas, nunca ligou e continuou com os flertes sem graça.

Estávamos sem opções e com o tempo esgotando. Eu só queria que quando a Sakura voltasse tudo estivesse resolvido, só que o mundo não estava colaborando com a minha tentativa de ser feliz.

— Bom dia, Rokudaime — Shizune cumprimentou ao entrar na sala.

Dizem que eu tenho uma cara de tédio e nesse momento tenho certeza de que ela foi elevada a 100. Respirei fundo e peguei uma caneta para anotar as questões que eu sabia que seriam levantadas por ela na nossa reunião semanal. A cada reunião ela falava de algum problema do hospital. Ela pedia por mudanças na estrutura, na organização, na equipe de médicos e eu sempre tinha que lembrá-la de que ela é a chefe provisória e não podia fazer tais pedidos. O que não importava muito, porque ela rebatia e continuava explicando sua visão equivocada de que a "Sakura-san" é muito nova para comandar o hospital. Então eu tinha que dizê-la que quem deu o posto para Sakura foi a própria Tsunade. Ela trocava de assunto e começava a explicar sobre a verba que precisava para comprar suprimentos para a ala cirúrgica.

Era sempre a mesma ladainha, não deveríamos nos reunir todas as semanas, talvez de 15 em 15 dias. Se bem que, se fosse a Sakura... eu aceitaria feliz reuniões todos os dias.

— O que o senhor acha? — Shizune chamou minha atenção.

— Sobre o quê? — Pisquei os olhos e me ajeitei na cadeira, devo ter me perdido em algum momento, devaneando sobre o quanto eu não queria estar aqui.

— Diminuir o número de plantonistas. Já que não estamos tendo muito movimento no hospital...

— Claro, claro, é uma ótima ideia.

Shizune sorriu como se tivesse acabado de ganhar seu doce favorito. Não era necessário que ela tivesse minha aprovação para fazer isso, mas parecia que ela queria muito.

— Algo mais?

— Sobre o hospital não, senhor. Mas... — O rosto dela ruborizou e ela desviou o olhar do meu. Sabia o que viria a seguir, já tinha decorado essa reação. — Hoje vai ter a noite de karaokê no Yakiniku Q, nós poderíamos ir juntos, o que acha?

Sinceramente, eu já tinha me cansado disso. Shizune sabe perfeitamente que não tenho nenhum interesse nela e acredito que também imagine que eu e Sakura nunca nos separamos. Ou ela é muito ingênua ou muito iludida. Eu aposto na segunda opção, visto que ela teve coragem para ameaçar a própria chefe. Percebi que eu estava sendo muito passivo nessa história toda. Eu poderia ter tomado uma atitude muito antes, assim que soube da ameaça, mas a Sakura parecia realmente preocupada e apreensiva pelo que poderia acontecer caso nosso relacionamento virasse algo de conhecimento público. Agora eu tinha tomado uma decisão. Resolveria tudo sozinho.

Quando a gente menos espera (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora