Capítulo 27 - Raiva

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Sakura

Nos dias seguintes, as coisas aconteceram exatamente como eu, Kakashi, Tsunade e nossos amigos imaginavam. Sempre que eu e Kakashi andávamos abraçados ou de mãos dadas pela Vila, mesmo que ainda fizessem sinal de respeito para o Hokage e me cumprimentassem cordialmente, sempre existiam os sussurros e olhares de reprovação. Embora muitas pessoas tenham parado nas ruas para nos felicitar e alguns tenham sido gentis em dizer que fazíamos um casal bonito e que mal podiam esperar por um casamento, ainda era chato perceber o quanto certas pessoas se incomodavam e queriam dar pitaco na vida alheia.

Durante esses dias eu também aproveitei para fazer minha mudança para o apartamento novo, Kakashi e eu resolvemos esperar um pouco mais antes de decidirmos se iríamos ou não morar juntos, entretanto isso não fazia diferença, porque de vez em quando dormíamos na casa um do outro.

Quando contei para os meus pais sobre o relacionamento com meu ex-sensei e atual Hokage, esperava que talvez eles não gostassem da ideia, julgassem que a diferença de idade entre nós era muito grande, ou até que era errado eu estar com alguém que foi meu professor quando criança, mas nada disso aconteceu. Minha mãe apenas me perguntou se eu era feliz com ele, e disse que apenas isso importava numa relação, que, contando que existisse respeito e amor, estaria tudo bem. Meu pai... Bom, ele ficou um pouco receoso por ver a "menininha" namorando alguém mais velho, porém, acabou concordando com Mebuki. Ficamos de marcar um jantar com Kakashi na casa deles, assim que o Hokage tivesse um tempo. Hokage esse que estava me enrolando para não jantar com eles, dizendo que nunca se apresentou para os pais de ninguém e que isso o deixava um pouco nervoso.

Quando informei às meninas que meu apartamento estava finalmente pronto, elas insistiram em fazer uma festa do pijama para "inaugurar" minha casa. Estava ansiosa para ver Hinata já com barriga e iríamos aproveitar que Temari ainda não havia voltado para Suna.

Passei no supermercado depois do trabalho para comprar alguns aperitivos, lanches e bebidas alcoólicas e não-alcoólicas. Estava escolhendo alguns salgadinhos quando escutei vozes conversando e percebi que o assunto era eu.

Se fosse minha filha eu não permitiria. Ele foi professor dela!

Quando será que começou? Não quero pensar que o Hokage é esse tipo de homem... mas é estranho.

É nojento.

Olhei por cima do ombro e vi que eram duas mulheres de idade conversando. Típico. Respirei fundo e continuei escolhendo os salgadinhos. "Ser superior", que bobagem, eu queria socar a cara delas por falarem sobre o que não sabem.

Talvez os pais aceitem só por ser o Hokage, se fosse um homem qualquer, duvido que deixassem a filha namorar.

Com certeza. Mas sabe o que ouvi dizer? Que essa daí já passou pela mão de vários. O Hokage deve ser apenas mais...

— Será que eu posso ajudar em algo? — Virei de supetão e as enfrentei. — As senhoras parecem bem interessadas na minha vida, quem sabe eu não posso esclarecer algumas dúvidas.

Elas me olharam de cima a baixo e saíram da minha vista. Não percebi que tinha estourado um pacote de salgadinhos até que eles caíram nos meus pés e no chão. Bufei.

Um moço da loja apareceu para limpar e eu pedi mil desculpas.

— Não ligue pra essas velhas, elas só saem de casa pra falar dos outros porque na vida delas não acontece nada de interessante — ele disse.

Sorri enquanto o ajudava a limpar.


(...)

Quando a gente menos espera (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora