Capítulo 14

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Maiana parece realmente incomodada e acabo ficando sério e olhando para seu rosto.
Não entendo como alguém pode dizer que não há beleza em fadas, enquanto a única coisa que desejo, é que essa fada veja beleza o suficiente em mim para que queira dividir uma vida comigo.
É pedir demais?

É pedir demais o amor de apenas um ser místico?

- Lion! Te perguntei onde está minhas vestimentas? Ei... - ela balança as mãos em frente ao meu rosto e seguro seus pulsos com as mãos. Ela parece surpresa, apoio suas mãos em meu peitoral deixando uma delas acima do meu coração.

- Se eu nunca puder te tocar, posso me contentar apenas em te observar e ter por perto... - ela se solta e sai da cama, quase posso ver sua bunda de relance e me sinto realmente frustado.

- Lá embaixo, certo? - ela aponta para as escadas e suspiro. Assinto. Ela desce apressada e sinto raiva de mim. Raiva por me apaixonado por Maiana. Podia ser qualquer ser místico, mas não ela. Encolho as asas e olho para o travesseiro em meu colo, o simples fato de ainda sentir o cheiro dela no quarto me deixa em alerta.

Levo a mão ao peito e me pergunto porque devo sentir essa sensação de aperto no peito e profunda ansiedade todas as vezes que ela se distancia.
Me levanto e pego uma calça no guarda-roupas, visto, faço minha higiene bucal e desço as escadas, Maiana está terminando de calçar as botas.

- Tome café antes de ir. - digo e ela me olha de relance e depois se apruma.

- Quero escovar meus dentes. - ela diz e assinto.

- Ok... Tenho uma escova nova lá em cima, se quiser... - Ela me olha com ternura.

- Relaxe um pouco, vou subir e desço em seguida. - ela diz e relaxo. Provavelmente meus olhos estavam amarelos. Maiana sobe e preparo algo para comermos, assim que ela desce novamente, ela pega a camisa que deixou em cima do balcão e estende em minha direção. - Veste, não sou obrigada a ver você sem camisa. - sorrio.

- Gosta da visão? - brinco e pego a camisa, ela se senta e se serve. Começo a vestir a camisa.

- Gosto da visão, mas me incomoda. - ela diz e me sinto um pouco tenso, termino de vestir a camisa e pego um bolinho. - A visão de cima é atraente, mas a parte debaixo me assusta e deveria ser cortada fora. - engasgo com o bolinho e me sirvo de suco, tomo apressadamente e ela continua comendo tranquilamente, me recomponho e apenas imaginar ficar sem meu precioso garoto já sinto uma dor aguda e insuportável, não desejo ter ele cortado.

- Não brinque com isso. - digo seriamente e ela dá de ombros.

- Apenas fui sincera. - cerro os dentes.

- Deixe-me encostar ele na sua parte íntima e talvez mude de ideia. - digo e ela ri alto.

- Morrerei virgem alado! - sinto ainda mais frustração.

- Porra Maiana! Você nem provou e já é tão contra a idéia? - ela assente.

- Depois da visão de hoje, certamente morrerei intocada. - aperto o maxilar. "Fada virgem?!"

- Também vou morrer então! - digo chateado e ela se levanta e se curva.

- Obrigada pela refeição. - ela diz e me olha com deboche. - Se tocar também conta, tenho certeza que já fez isso. - abro a boca para argumentar, mas a língua solta de Maiana não vai parar de jogar fatos em minha cara e me constranger.

- Te levo em casa. - afirmo e levanto, calço botas, caminho em direção a porta e ela me acompanha. Saio de casa e Maiana também. Olho para o solo da floresta verde e noto que logo estará seco. Maiana alça vôo e acompanho ela. Voamos para a floresta enganosa e depois de um tempo, pousamos perto da casa dela. O chão úmido deixa a floresta enganosa mais sombria do que já é.

Ela caminha em direção a pequena entrada e ainda em tamanho normal, ela se curva.

- Obrigada pela noite divertida e acolhedora. - ela tem poder de me deixar mais e mais sedento de tê-la.

- Poderíamos ter mais noites assim... - ela me olha com receio.

- Lion... Sei que sente algo forte por mim, mas deve entender que sou uma fada, sou bem mais precavida que a maioria dos seres místicos e não posso ter noites seguidas assim com você. - ela diz e franzo o cenho. - Se eu me acostumar a ter sua companhia e gostar dela, posso sofrer e facilmente sua doçura me conquistaria. - ela diz e sinto um nó na garganta. Mantenho as mãos em punho e aperto com força. - Até mais. - ela diminui de tamanho e entra na caverna. Fecho os olhos. "Por que faz isso comigo? É fada ou uma bruxa sem coração!?"

Sinto algo e abro os olhos olhando imediatamente para trás. Vejo um vulto e alço vôo. Sigo ele e em algum momento, acaba caindo, é um ser místico feminino. Ela rola na lama e se coloca de pé tentando correr novamente, mas seguro sua nuca e vôo contra uma das grandes árvores falantes. Prendo ela contra a árvore e minha mão.

- Identifique-se! - peço e ela tenta se soltar, até que é forte, mas não é mais forte que eu. Prendo os braços dela atrás das costas e a mantenho contra a árvore, me aproximo mais e olho para seu rosto. Os olhos dela estão na cor vermelha.

- Me solta seu bruto! - ela pede e arqueo a sombrancelha.

- Alada corrompida? Infelizmente eu arranco o pescoço de corrompidos, já que eles matam sem distinção. - digo e os olhos dela ficam amarelos.

- Não, por favor... Eu juro que não matei ninguém, apenas lobos. - ela diz e solto ela.

- Qual seu nome? - ela me olha com encanto.

- Você é bem alto e tem asas lindas. - "Ok, não é comum que eu receba elogios..." Me curvo e paro de frente com ela, ela recua um passo.

- Tenho dois metros e dez de altura. - digo. - Seu nome? - ela assente.

- Eu prometo... - ela junta as mãos e se coloca de joelhos. - Eu prometo não machucar ninguém, Juro pela minha vida, apenas quero viver em paz. - encaro a pequena assustada.

- Eu perguntei seu nome, não suas ações e intenções. - ela se coloca se pé.

- Me chamo Adeli... - ela para de falar.

- Adeli? O quê? - ela sorri.

- Adelin... Eu vim do lado humano, não sou bem-vinda lá, mas a dias estou vivendo aqui e não machuquei ninguém. - franzo o cenho.

- Você disse que veio do lado humano? - ela assente.

- Sim... - "Alada em ascendência?" - Então Adelin... Você é do outro lado e sou obrigado a notificar os guardiões. - ela parece querer chorar.

- E se eles matarem? Eu não fiz nada de errado... Por favor, só me dê a chance de provar a você que sou boa. - dou de ombros.

- Não estou interessado em sua bondade.

- Por favor! - "Droga! Logo eu tinha que achar essa maluca esquisita?"

- Ok, como fará isso?

- Nos encontramos aqui todos os dias e você pode ir confirmando conforme os dias passam, tudo bem? É apenas uma oportunidade. - assinto.

- Tanto faz, se não sou eu, outro te encontrará, vamos ver quantos dias aguenta, ok? - estendo a mão e ela segura. - Terei o prazer de te interrogar, caso vá ao calabouço, até lá. - digo e ela assente.

- Obrigada lindo. - sinto um calafrio. "Realmente não estou confortável com essa estranha me elogiando."

LION - Saga Pearl - Livro XIIOnde histórias criam vida. Descubra agora