Capítulo 17

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Saímos do curandeiro e Lion caminha em silêncio ao meu lado, acabei esperando ele vir e trazer nossas armas. Olho para o lago de almas perturbadas. O sol está nascendo. Caminhamos todo o percurso sem falar muito, subimos as escadas e entramos no salão.

- Obrigada. - digo e mantenho os olhos no chão do salão.

- Por qual parte? - ele pergunta e penso. "Por buscar minhas espadas, por cumprir o combinado de ir treinar comigo, por não pegar leve, por me trazer ao curandeiro e pelas palavras."

- Você sabe. - digo sem jeito e entramos na sala de jantar. Faruk e Ada estão comendo e as crianças devem estar dormindo ainda. Passo por eles e os reverencio. Os dois assentem. Caminho para uma das cadeiras e sento razoavelmente distante de Lion. Como tranquilamente e termino minha refeição com pressa.

Saio da sala de jantar e caminho bocejando. "Será bem cansativo trabalhar hoje..." Sempre que Flora cura, tenho sono. Passo o dia cuidando da trilha de pérolas e agradeço o dia razoavelmente tranquilo. Acabo passando por Teo e o sigo.

- Ei! - chamo e ele paira no ar e olha em minha direção. - Vou sair no horário hoje, não vou esperar sua revisão. - ele me olha com cara de bronco sem fome.

- Fica Maiana, é sem graça sem você. - faço uma carranca. "Eu apenas fico sentada na raiz de uma árvore esperando ele inspecionar."

- Teo. - cruzo os braços e ele respira fundo.

- Tá bom. - ele diz desanimado. - Só por isso, você vai ficar cuidando do Chris quando eu pedir. - assinto.

- Faço esse favor. - digo e ele assente.

- Se eu pedir mais uma vez para você ficar, você fica? - nego, ele assente e aponta a floresta enganosa. - Vai, vai logo então. - rio.

- Você nem podia negar, sabe que me deve várias vezes. - ele assente e balança a mão mandando eu ir. Vôo em direção a floresta enganosa e vejo um vulto. Sigo. Vôo depressa e diminuo de tamanho. Fico o mais pequena possível e sigo o vulto, ele sobe em uma das árvores e franzo o cenho. É uma mulher de cabelos escuros. Queria verificar o cheiro dela de perto para saber o que é, mas não vou arriscar. Vôo na floresta enganosa e pairo sobre o local onde os rapazes fazem o treino da noite. Não posso aumentar aqui, senão eles iriam parar o treino momentáneamente para me reverenciar. Vejo Lion treinando e penso em como ele agiu essa manhã, devo arrumar uma maneira de pagar o que ele fez por mim. O treino dele termina e ele voa mais adentro da floresta enganosa. Me espanto. "O que ele está fazendo!?"

Lion voa perto da árvore.

- Está durando bastante. - ele diz. Ela sorri.

- Disse que viria todos os dias, aliás, por que me deixou falando sozinha e foi embora? - ela pergunta.

- Apenas vim verificar, depois fui embora. - ela sorri.

- Não está curioso para saber onde vivo? - Lion nega.

- Não mesmo. - ele diz. - Irei embora. - ele diz.

- Espera! - a estranha pede. - Podia me levar para conhecer as coisas em Pearl, ouvi dizer que aqui é lindo. - ele assente e arqueo uma sobrancelha.

- Aqui realmente é lindo, mas não tenho tempo para passear com você. - ele diz.

- Nos vemos amanhã? - ele assente. Ela sorri.

- Até amanhã Adelin. - ele voa para longe e vigio ela. Ela desce da árvore depois de um tempo e a sigo. Me surpreendo quando chegamos praticamente no Sul. Ela para e me dou conta de uma cabana. Vôo por ela e vejo crianças do lado de dentro, parece que elas não saem muito, já que estão dentro de uma cela com barras de ferro até o teto. Meu estômago embrulha ao sentir o cheiro da comida deles. "Sangue... De ninfa." Entro em choque, observo mais tempo e noto que a mulher e outros adultos se movem fora da cabana. Acompanho um deles e vejo algo que me arrepia. Tem um cercado com lobos, tem ninfas amarradas, alguns broncos. Elas parecem estarem sendo alimentadas, mas às cenas me deixam perturbadas e nem posso tomar providências agora. Meus olhos marejam. Essa é a hora que mais odeio.

Fecho as mãos em punho. Lion não sabe nada sobre isso, mas acobertou uma estranha. Adelin... "Quem era Adelin... Esse nome soa conhecido."

Vôo de volta e depois de alcançar minha casa, de volta na floresta, aumento de tamanho e começo a chorar compulsivamente. Bato as mãos no chão e me sinto tão mal por não poder ter feito nada. Preciso investigar. Respiro fundo e levanto engolindo o choro. Diminuo de tamanho, pego água e preparo um banho em minha tenda do lado de fora, tomo um banho pacientemente. Escolho um vestido e decido usar um vestido ao ir na casa de Flora. Coloco um vestido preto e de mangas longas, elas deixam apenas minhas unhas a mostra e tampam o restante da mão.

Vôo para a casa de Flora e pouso em frente a casa dela. Subo para a varanda e bato na porta. Flora abre a porta e parece surpresa ao me ver de vestido.

- Parece uma mensageira da morte com essa cor. - sorrio.

- Sou uma mensageira da morte Flora, eu acolho vários corpos e mato outros. - digo e ela faz careta.

- Era brincadeira. - ela diz e ruborizo.

- Ó... - ela ri.

- Entre. - entro e cumprimento Heig me curvando. Sinto um arrepio e olho novamente para a mesa da cozinha. "Lion..." Fecho as mãos em punho e tento manter a mesma feição.

- Boa noite rapazes. - digo e Lion me olha com olhos violetas. "Não me olhe com esses olhos!" Sinto um nó na garganta.

- Boa noite. - eles me cumprimentam e pisco vezes seguidas. Caminho em direção a mesa e me sento em uma das cadeiras, escolho a cadeira de frente com Lion apenas porque sei que Flora se senta de frente com Heig. Flora se senta ao meu lado e olho para ela.

- Só faltava você, por que demorou? - ela pergunta e forço um sorriso.

- Tive um dia interessante, estava ocupada. - digo. Ela assente.

- Eu tenho amigas bem atarefadas. - ela resmunga e aponta a mesa. - Fique a vontade. - ela olha para os dois. - Vamos comer.

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Na cabecinha dela deve estar passando mil coisas, tadinha.

LION - Saga Pearl - Livro XIIOnde histórias criam vida. Descubra agora