Capítulo 21

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Faruk pousa e nos entre olhamos. Voamos e seguimos para a casa de Lion, assim que pousamos em frente a casa dele, meu coração aperta e engulo seco. Fico parada em frente a casa e vejo Ada e Faruk subirem até a varanda e baterem na porta. "Ainda não Maiana..." Fecho as mãos em punho. Lion abre a porta e parece surpreso, ele se curva.

- A que devo a honra? - ele pergunta. Ada é quem fala.

- Você deve se apresen...

- Ada! - Faruk repreende. - Você está pre... - Ada interrompe.

- COMO OUSA! - ela exclama e olha para Faruk, ele parece confuso e a olha sem entender, os olhos de Ada permanecem imutáveis e ela o olha com superioridade. - Como ousa me interromper? Sabe que sangue corre em minhas veias? - ela pergunta.

- Ada... - ele tenta argumentar e ela nega, ela virá para Lion e vejo o olhar dele travado no meu. Me mantenho firme e ele parece perdido.

- Deve se apresentar pela manhã no salão do castelo, em frente a seus guardiões. - ela diz e olha para Faruk. - Devemos ir agora. - ela afirma e sai da varanda, Ada me olha com severidade e ela alça vôo. Faruk parece furioso e relâmpagos sem raios clareiam o céu vez ou outra. Me curvo e ele alça vôo. "Ainda não..."

- Por quê? - Lion questiona e olho para ele parado na porta, ele veste apenas uma calça frouxa. O nó na minha garganta aumenta, mas tento me segurar.

- Você defendeu uma víbora, mas ela te picou Lion e por causa da sua bondade com a víbora, agora vai morrer... A víbora te envenenou. - digo e ele franze o cenho, seu olhar clareia em seguida e ele pisca algumas vezes e as asas baixam mais, mantenho minha postura.

- Você viu que eu não estava sendo amigável com ela, certo? - assinto.

- Quando você sacrifica a vida de seu povo por um desconhecido, você também acaba morto. - digo e ele caminha em minha direção, antes que ele se aproxime demais, estendo a mão aberta e ele para. "Ainda não..."

- Eu não sabia de nada, Faruk vai ver que eu não sa...

- LION! - grito. Meu coração parece querer sair pela boca. - Se responsabilize. Você não é um alado comum, você serve a guarda real, é um soldado de um batalhão designado a exterminar perigos, mas ainda permitiu que um desconhecido vindo do lado humano pisasse em nosso solo e vivesse como um de nós sem nem avisar aos dois seres místicos que se sentam todos os dias em um salão e ouvem sobre mortes, roubos, traições e todas as atrocidades cometidas. Escondeu um desconhecido por uma estupidez! - digo e minha voz ameaça falhar. Engulo seco. - Vá e receba a ordem dos seus superiores. - me forço a encara-lo e mantenho as mãos tensas. - Foi um prazer conhecê-lo. - digo e me curvo levemente. Alço vôo e acabo pousando em frente ao curandeiro, sinto minhas vistas turvas pelas lágrimas contidas e estremeço. Caminho até a sala de Flora e abro a porta. Ela me vê e fecho a porta. Flora caminha para perto.

- Como está? - abraço ela e acabo chorando.

Alguém importante vai morrer e eu estou mal, mas não queria demostrar fraqueza.

- Eu perdi vários seres místicos frágeis, eles morreram e foram usados cruelmente, agora nem podemos levar eles ao jardim de almas, eles se foram... - soluço. - Amanhã Lion recebe ordem de desligamento e será decapitado Flora... - soluço. Ela me acompanha a um sofá e me sento, Flora se senta e me faz deitar a cabeça em seu colo.

Acabo deixando toda a tristeza e luto serem lavados em lágrimas, já que quando a notícia oficial de morte deles for dada, terei que estar presente e firme outra vez, aproveito para chorar pela minha vida de trágicas histórias.
Nela, eu sempre perco alguém que amo, sempre deixo de proteger quem deveria.

Outra vez a história se repete, com mais drama do que quando vivi no reino das fadas.

- Irei ao reino das fadas. - digo a Flora depois de me acalmar. Olho para Flora. - Não estarei presente para os próximos eventos, então apenas me avise sobre tudo, prefiro me ausentar a ter que forçar estar bem e me privar de chorar. - Flora me olha com pesar.

- Não se prive Maiana. - ela diz e nego.

- Aqui? - pergunto. - Posso mesmo derramar lágrimas por quem será decapitado em frente a Faruk e Ada? Posso fazer o coração deles pesar pela decisão que irão tomar? - os olhos de Flora marejam.

- Fique para ver a Decapitação da infeliz. - nego.

- Adeline vai morrer, além dela, vai morrer Lion. - ela assente e seus olhos marejam.

- Sabe que existe uma maneira de poupar ele, não é? - assinto.

- Flora, se fosse a responsável por um batalhão de fadas que confiam em seu julgamento, se fosse considerada braço direito de Faruk, se fosse a responsável por proteger seres místicos mortos e usados cruelmente para saciar desejos de meros humanos sem coração, tomaria a decisão de poupar Lion? Pouparia alguém que considera importante enquanto foram torturados e mortos aqueles que confiaram em você? - ela funga e olha para frente passando a mão no rosto.

- Não. - ela diz aos prantos. - Se eu fosse tudo isso e soubesse de tudo isso com certeza... Não pouparia. - ela diz e assinto. Me sento e olho para Flora.

- Me avise dos acontecimentos, até os menores, estarei distante, mas meu coração é do reino alado, então me mantenha informada. - Flora assente e me abraça.

- Eu sinto muito Maiana... Você sofre demais sem merecer, carrega fardos pesados nos ombros e sofre tanto por isso, que meu coração lamenta. - devolvo o abraço e me afasto.

- Até mais. - ela assente. Saio da sala e alço vôo, sigo para a floresta enganosa e pego o casaco feito de pele de urso. Pego as botas de pele de urso branco e me visto apropriadamente, faço uma trança embutida nos cabelos e alço vôo. Saio da floresta enganosa e sigo em direção ao reino das fadas. É um dia e uma noite voando para chegar. Sinto um peso imenso em meu peito, pois estou deixando tudo que fere aqui, lá é gelado.

Não só o clima.
Lá meu coração é cristalino como as paredes do castelo das fadas.

Lá poderei aquecer meu coração através do frio e de minha beleza aos olhos dos meus.

LION - Saga Pearl - Livro XIIOnde histórias criam vida. Descubra agora