Capítulo 24

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Dois dias depois...

Olho para o teto do quarto e respiro fundo. Me levanto e noto que hoje o vestido escolhido é prateado com mangas longas e gola alta. Alguém bate na porta e me visto rápidamente, novamente batem na porta e abro ela. Aurora sorri.

- Bom dia! - ela diz alegre. Antes de ontem tivemos um dia relaxante com massagem, banho nas fontes termais, hidratação para corpo, rosto, pés e cabelos. Ontem tivemos um dia de passeio pelo reino das fadas, me pergunto o que Aurora preparou para hoje.

- Bom dia rainha. - ela pega minha mão.

- Meu rei preparou um presente lindo para você. - ela diz e franzo o cenho.

- Por isso estou vestida com um vestido prateado e cintilante? - pergunto e ela assente.

- Hoje será um dia para o rei testar sua habilidade. - arqueo a sombrancelha. Chegamos no salão e Aurora solta a minha mão. Olho para o rei e o cumprimento.

- Bom dia. - digo e o Reverencio.

- Bom dia Maiana. - ele diz e olho para os rapazes atrás dele. São belos rapazes, os músculos parecem desenhados abaixo da pele.

- Minha recompensa será esses dois rapazes? - ironizo e eles coram. Rio e Aurora e o rei riem também. Ele nega. Nas mãos deles tem pares de espadas.

- Aurora me disse que uma excelente espadachim e que luta com empunhadura dupla. - assinto e um dos rapazes se aproxima de mim, vejo segundas intenções em seu olhar. Pego as espadas e o encaro séria.

- Não tenho interesse em outras fadas. - digo e tiro as espadas das bainhas, coloco as bainhas nas mãos dele e olho para o rei, ele também tira as espadas das bainhas. - Todas as fadas, tanto as moças quanto os rapazes são habilidosos quando chegam a Pearl vindos daqui, ainda que tenham falhas, já que só encaram outras fadas, acabam deixando uma grande abertura, mas é corrigível, então veremos como está nosso rei. - digo e giro as espadas na mão.

Todos se afastam e ele me olha com atenção.

- Nossa guarda é excelente, somos excelentes lutadores, sabe disso. - assinto.

- Claro que sei, mas fui treinada por um ser místico que viveu mais de seiscentos anos, então verei o quanto é bom. - ele sorri.

- Me orgulha que seja tão boa, veremos. - ele diz e avança. Diminuo e ele diminui também, as espadas se tocam e giro elas quase desarmando ele, o rei aumenta de tamanho e aumento em seguida. Sorrio. Ele parece surpreso.

- Quando fadas chegam para ganhar treinamento, sempre tem uma abertura grande e a abertura está justamente no estilo de luta. - explico. - Vocês nunca lutam para matar, no reino Alado de Pearl, até nos treinos, as lutas são feitas para te matar, a intenção é se livrar do inimigo. - explico. Ele assente. Acabo pegando leve com o rei e lutando como uma brincadeira, ele se cansa e paro. - Uma de minhas vantagens é a resistência, por isso, posso lutar por dias seguidos sem cansar, a defensiva não é cansativa, então quando vou atacar, o oponente está cansado. - explico. - Nesse momento, eu lhe mataria. - digo e balanço a espada, paro ela perto do pescoço dele. - Seus movimentos ficam lentos e eu te mato. - ele ri. Afasto a espada e olho ao redor, acabamos tendo vários telespectadores, eles aplaudem e o rei estende a mão. Junto as espadas em uma mão só e o cumprimento com a outra.

- Estou impressionado. - assinto.

- Estou acostumada a ver essa reação surpresa. - ele parece orgulhoso e olha para meu vestido.

- Nem permitiu que houvesse rasgos na sua roupa. - ele diz. Assinto.

Maiana, Lion será decapitado amanhã ao meio-dia.

Meu ânimo morre e meu coração acelera, me sinto fraca e minhas pernas fraquejam, quase caio e sou apoiada.

- Maiana! - Aurora se aproxima e me olha com preocupação. - Tudo bem? - assinto e me endireito.

- Foi apenas uma tontura. - digo. - Nada demais. - digo e olho para o rei. - Não quis que o vestido fosse danificado, ele é lindo demais. - o rei sorri e faz um sinal. Um dos guardas se aproximam com uma caixa retangular comprida, ela é preta com detalhes em prata.

- É o nosso presente, sei que usa espadas, então queria que tivesse as melhores espadas de todos, uma bem resistente e feita com materiais de sua terra natal. - ele diz e abro a caixa.

As espadas tem empunhadura de prata e lâmina translúcida. Pego as espadas e elas são extremamente leves.

- São lindas. - digo e giro elas. São tão leves que quase não sinto quando giro, me deixarão mais rápida do que sou. - E úteis. - digo e meus olhos marejam. - Obrigada. - digo e me afasto. Sigo para meu quarto e entro fechando a porta. Solto as espadas e sento no chão chorando. Aurora entra e olho para ela. - Vão matar um alado em Pearl amanhã por minha causa! - Aurora parece chocada.

- Ele fez algo errado? - assinto.

- Ele é ao contrário de mim. - digo. - Ele me ama Aurora. - soluço. - Eu nem sei o que é isso! Fiquei órfã de pais vivos e fui criada por Faruk, ele não amava nem a si mesmo, então eu não sei nem o que é isso, mas alguém me ama. - digo e ela me abraça.

- Ó Maiana... Por que esteve tanto tempo longe de casa? Daríamos amor a você. - ela diz.

- Se a única criatura existente que você sabe que te ama, fosse condenada a morte, o que faria? - ela se senta comigo no chão e segura minhas mãos.

- Essa pessoa é o meu rei. - assinto. - Se ele fosse condenado a morte e eu soubesse que ele é o único que me ama... Tentaria salvar ele ou o consolaria para não ter arrependimentos. - assinto.

- Vou decepcionar Faruk se tentar salvar um condenado. - digo. Aurora sorri.

- Você conhece Faruk a anos, sabe muito sobre ele. - ela diz. - Realmente o decepcionaria por tentar salvar alguém que se importa? - penso um pouco.

- Acho que não. - Aurora assente.

- Maiana... Sem sempre agradamos todos ao redor, está tudo bem tomar algumas atitudes egoístas e pensar em você mesma antes de pensar nos outros, qual seria seu pecado se você se colocasse em primeiro lugar e dissesse o que pensa pelo menos uma vez?

- Eu sigo o extinto de sobrevivência Aurora.

- Sobreviver por sobreviver é triste demais, você também tem valor, então também tenha gostos, se permita amar a você mesma, não dê o pouco amor que tem para os outros, assim não sobra nada para você, se ame a ponto de transbordar amor aos outros e não perder aquilo que te faz bem, são poucas as coisas que nos fazem bem. Esse alado te faz bem?

- Ele cuida de mim. - digo em voz baixa.

- Então não pense muito em como os outros vão se sentir, apenas faça o que faz de melhor, salve... - olho para Aurora.

- Sou mais velha que você, porque parece que você é a velha? - pergunto fungando e ela ri e me abraça.

LION - Saga Pearl - Livro XIIOnde histórias criam vida. Descubra agora