What kind of man that you are?

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Os dias praticamente passaram a correr.

Telefonei para o Zayn todos os dias, sedada pela única e ridícula esperança que talvez ele retribuía. Mas o telemóvel mantém-se constantemente desligado. Então amaldiçoo-me mentalmente por ter escorregado naquele dia no wc e perdido a chance ouvir a sua voz.

O Halloween apropinqua-se, é daqui a duas semanas e é consideravelmente estranho não ter o meu irmão aqui.

"Nunca te disseram que não se deve andar sozinha por aqui?" ouço uma súbita voz.

Quando me volto, deparo-me com o Harry.

"Nunca te disseram que não se deve espiar as pessoas?" retalio astutamente.

Harry liberta um ligeiro sorriso irónico e morde o lábio inferior. Apercebi-me de que este pertence a um dos seus tiques.

Durante a última semana cruzámo-nos regularmente, embora nunca trocássemos uma única palavra. Não depois daquele dia.

"Anda, eu levo-te a casa." ele adverte.

"Isso soa mais como uma ordem do que com uma sugestão."

"Boa, não te escapa nada." Harry solta uma breve risada irónica, embora um tanto real.

Detesto quando ele tenta possuir controlo sobre mim.

Se o Harry acredita que a sua terrível crença de que possui poder sobre tudo e todos irá resultar comigo, então ele redondamente enganado.

"Então podes esquecer, porque não vou contigo." cruzo os braços, endireito a postura.

"Vais demorar muito a entrar no carro ou precisas de uma pequena ajuda?" ele rosna, oferecendo-me um dos seus típicos desvirar de olhos.

"Adeus Harry." viro costas e prossigo o meu próprio caminho.

Não importa se entardeceu e escureceu, não importa se já é noite. Eu sei tomar conta de mim.

Caminho a um passo ligeiramente mais apressado, pretendendo sair daqui o mais rápido possível. Céus, como eu anseio por chegar a casa e desfrutar de um bom banho quente.

"Mas que...?" arregalo os olhos.

Um carro, um Nissan preto, emite um súbito ruído estrondoso proveniente dos travões quando trava abruptamente junto ao passeio onde me desloco.

Do interior do veículo sai o Harry, furioso. Ele contorna o seu carro, aproxima-se de mim usufruindo uma expressão impaciente, o maxilar contraído e os punhos cerrados.

Instintivamente recuo, receosa com a sua atitude repentina.

"O que estás a fazer?"

"Simples. Eu dei-te a escolher, e tu obviamente que fizeste a tua escolha." diz ele, presunçoso.

E antes que eu possa responder, os seus braços rodeiam os meus joelhos e num impulso, Harry carrega-me bruscamente colocando-me no seu ombro.

"Harry, pousa-me!" exijo esperneando.

"Eu avisei-te." o moreno encolhe os ombros. Aliás, eu posso sentir porque estou exatamente em cima deles! Bolas!

"Eu não sou um saco de batatas, pousa-me no chão! Agora." ordeno elevando tom de voz.

No entanto, ele claramente ignora e não me responde, literalmente sem dar-se ao trabalho de retaliar. Céus...Eu não disse que ele era irritante?

O Harry abre a porta do passageiro, coloca-me no banco e põe-me o cinto de segurança, atitude esta que leva-me a encará-lo, de certa forma intimidada com a situação em si.

Loudest ScreamWhere stories live. Discover now