Loudest Scream

Dance till the end.

Capítulo 74

*Harry POV

"Na real verdade, tu ainda não paraste de beber? Deus, Harry." ele regressa, revira os olhos num tom de censura. Não importa de qualquer das formas.

"Qual é o teu problema afinal?"

"O meu? Olha, o meu problema é que a dispensa vai esvaziar num piscar de olhos caso não pares de beber cervejas. E felizmente, eu pus ao lixo as garrafas de vodka e afins, senão estarias agarrado a elas."

"O quê? Deitaste-as ao lixo?" é incrível, como pode uma pessoa abdicar de tanto puro álcool? Não entendo. "És um idiota, que desperdício Brandon."

O Brandon encolhe os ombros. Tenho noção que ele está a julgar-me mentalmente e ainda não me rebentou com o lábio graças à paciência dele para comigo. Bom, ninguém o mandou escolher ser meu amigo certo?

Encostado ao frigorifico da cozinha, ele passa por mim dirigindo-se à arca de onde retira uma cerveja. Antes de se juntar a mim, no chão, ele pontapeia o meu pé. Mas que merda?

Oh, já percebi. Isto foi o Brandon a expulsar a sua raiva em mim derivado à minha inutilidade nesta casa e contribuição no desgaste alimentar.

"Ei! Estás parvo ou quê?" empurro-o quando o moreno se senta a meu lado. Não haverá problema de qualquer maneira, o Brandon é como um irmão para mim.

"Um dia destes, vão expulsar-te daqui por esvaziares todas as bebidas e não contribuíres com um único centavo. Estou só a avisar-te, quem te avisa teu amigo é."

"Nem pensar. Não te esqueças que eu já governei esta casa de fraternidade, Brandon." talvez se eu me tivesse mantido nesta habitação, por esta altura já não existiria a Emma na minha vida e quem sabe se não teria sido o melhor para ambos.

Dou um gole na bebida, perdido nos meus pensamentos pseudo suicidas enquanto o Brandon parece fazer o mesmo. Começo a acreditar que me tornarei num vagabundo de rua.

"Além de mim, sabes quem também é um idiota?" ele comenta, ingere um pouco mais da sua bebida e fita num ponto sem se preocupar em encarar-me. "Tu. És tu porque tu causaste um ferimento grave à tua miúda e ela esteve a ser assistida pelo teu pai."

Cuspo intensamente e inevitavelmente a bebida, surpreso pelo que ouvi. Deixo cair a réstia da cerveja que se estilhaça conta o chão e encaro o Brandon. Não, não pode ser.

"O quê?" é tudo o que eu consigo dizer. Franzo o sobrolho e literalmente a minha boca abre-se. O aperto no peito regressa, o meu coração dispara brutalmente.

"Exatamente, ontem à noite enquanto agias como um idiota sentado no chão da cozinha a enfrascar-te em cervejas, optaste por não comparecer ao espetáculo dela e para agravares a tua burrice de palhaço que usufruis, ainda enviaste-lhe um ramo de rosas com um bilhete de afastamento definitivo e adivinha só? A Emma foi a estrela da noite e em contrapartida, desmaiou no final do espetáculo em simultâneo com o cair do pano e os pés ensanguentados."

"Mas que..eu..eu.." não há palavras que me auxiliem no que eu deva dizer neste momento e além disso, eu próprio estou sem palavras. A Emma magoou-se, ela dançou até os seus dedos dos pés sangrarem.

A culpa é minha, merda onde estava eu com a cabeça? Esta é uma das razões pela qual eu estou separado da Emma: a minha ridícula impulsividade. Bastava ter estado presente, bastava ter enviado o ramo sem o bilhete ou simplesmente escrever algo simpático..e a esta hora, certamente a Emma estaria a celebrar o seu sucesso.

Parece que toda e qualquer escolha, ação ou atitude que eu proceda, acaba por atingir brutalmente a Emma. Nunca sou sofredor pelas minhas consequências pois quem as sente na própria pele é a Emma, eu apenas sofro por saber que o causador fui eu.