[Leiam o capítulo todo ao som da música que coloquei na multimédia, por favor. E leiam a nota da autora, no final.]
A água quente escorre pelo meu corpo. Os jatos calorosos aquecem-me diretamente na nuca, contemplo os braços e os pequenos riachos que nele fluem.
Estendo a palma da mão e analiso-a. Céus, como eu gostaria de decifrar o verdadeiro significado destas linhas esculpidas! Quais os segredos que elas escondem? Qual o futuro que me reserva e as quedas que me esperam? Qual o fim que me resta? Apenas uma pequena luz neste percurso tão escuro, apenas uma pequena elucidação.
Debaixo deste chuveiro me mantenho, sabe lá Deus quanto tempo já lá vai. Não há passos, não há palavras ou respirações alheias. Nada e ninguém para interromper-me, e eu convenço-me que alguma vez terei de sair.
Pequenos rabiscos desabrocham. Gatafunhos avermelhados resultantes da contínua esfregação a que procedo por todo o corpo. Nem estes arranhões me limpam o suficiente.
"Emma, está tudo bem?" ouço a voz vinda detrás da porta.
"...Sim." digo sem senti-lo.
"Precisas de algo?" a pergunta é feita um tanto reticente.
Fecho os olhos e suspiro. Só pretendo apagar as imagens da cabeça. Só quero uma amnésia temporária ou um apagão das minhas memórias relacionadas com o nome Harry Styles.
Não são estes arranhões, marcados contra a minha pele, punição suficiente?
"Não." a minha mão roda a pequena maçaneta e desligo o chuveiro.
Pequenos pingos, pequenas gotas de água caem contra o solo, delimitam um ruído constante e contínuo. Um ritmo, um padrão. Uma memória, duas lágrimas.
Enrolo-me numa toalha, sacudo o cabelo humedecido e encho o peito de ar. Expiro tudo o que ainda me resta e abro a porta de uma só vez, mais vale tarde que nunca. Sou surpreendida presença que aguarda-me diante da porta, porém mais surpreendida sou ao ser imediatamente envolvida num apertado abraço.
"Desculpa ter-te incomodado a estas horas da noite." murmuro.
"Não sejas parva." ela descarta no seu jeito mais doce possível.
Não estou certa de quanto tempo permanecemos nas exatas posições, num abraço significativo, sem mexer um único dedo ou fio de cabelo. Mas a verdade é que sinto-me seguro nos seus braços.
Soa-me tão reconfortante, sobretudo tão familiar. Recorda-me acerca das minhas origens.
"Vem comigo. Vou preparar-te um chá e podes contar-me o que aconteceu."
A sugestão mantém-se de pé enquanto as minhas hipóteses são nulas. Quão egoísta seria da minha parte em reservar-me a um silêncio mortífero? O que faria isso de mim? O que diria isso acerca da pessoa que supostamente sou?
Visto algo confortável, nem dou conta daquilo que me assenta no corpo. Sento-me no sofá, aconchego-me na grandiosa manta e aguardo.
Os meus pensamentos viajam até ao Harry e sacudo a cabeça na tentativa de esquecer. Não quero recordar, não quero sentir. Harry Styles não me diz nada além de sujidade epidémica.
"Toma." ela entrega-me a caneca. "Já estás mais calma?"
Oh, essa é uma opção e eu possuía conhecimento acerca da sua existência?
"Então, queres contar-me o que se passou?"
"Blair, eu..." suspiro pesadamente, sinto-me envergonhada de mim própria.
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Loudest Scream
Fanfiction❝ Agora eu sou limitada pela vida que tu deixaste para trás e o teu rosto assombra todos os meus sonhos. Despedaçada por dentro, perdendo a minha mente, ofegante pela minha vida. A linha de afinamento entre ti e a minha sanidade está rapidamente a d...
