Loudest Scream

These wounds won't seem to heal, this pain is just too real.

[Leiam, por favor, o capítulo inteiro ao som da música que coloquei na multimédia. Evanescence - My immortal]

Desde há duas noites atrás que tenho pesadelos.

Tenho ido às aulas apesar de me dizerem para não o fazer, mas não posso parar. Eu tenho um futuro para construir e portanto tenho responsabilidades a cumprir.

E desde há duas noites que o Harry permanece cá em casa.

"Dorme Emma." ele murmura, ensonado.

O moreno fez questão de permanecer a meu lado, apesar de eu alegar que estou bem.

Afinal, eu digo a todos que estou bem.

"Shh." sei que ele está apenas a sonhar.

*Flashback On

"Não entendo aquilo que vês na dança." ele admite, fixando os seus olhos no programa televisivo.

"É algo libertador." pondero nas palavras a utilizar na tentativa de o fazer perceber o meu ponto de vista. "Para além de significar o mundo para mim, eu posso expressar-me através da dança. Deposito todo o meu ser em cada movimento que exerço e céus, é a melhor sensação do mundo."

O Harry encontra-se sentado no sofá, assiste a um programa televisivo embora converse comigo simultâneamente. Eu, por minha vez, estou encostada a um dos braços do sofá e com as pernas descansadas em cima das do Harry.

Desliguei por completo do estudo que eu estava a tentar realizar assim que o Harry decidiu interagir comigo, fazendo-me pousar os livros de biologia em cima do meu colo.

"Utilizas a dança para seres tu própria, é isso?" os seus olhos agora encontram os meus.

"Não me interpretes mal. Eu sou eu própria quando não estou a dançar, apenas é diferente. É difícil explicar porque é algo indescritível, apenas sente-se."

Os nossos olhos fitam-se mutuamente, em silêncio, durante alguns instantes. Até que o Harry decide voltar a ver o programa e eu volto a focar-me na biologia e no estudo acerca do ser humano.

"Um dia, deverias experimentar comigo." murmuro quase em pensar. O quê? O que é que eu acabei de dizer?

"Eu?" o moreno observa-me, de novo, incrédulo. "Estás realmente a imaginar-me num tutu cor de rosa? Vai sonhando." ele gargalha, alto.

"Não era isso que eu queria dizer." reviro os olhos, abanando a cabeça em contestação.

Porém, ele continua a rir com a hipotética visão que estará a imaginar e eu decido ignorar.

Quase automaticamente, recordo-me de quando o Louis dançou comigo. Quer dizer, pelo menos, ele tentou interagir e apesar dos seus movimentos restritos, resultou em algo lindo e apaixonante.

"Idiota." a minha voz sai num sussurro.

"Mimada." ele corresponde de igual forma que sempre o faz quando meio que nos insultamos.

Neste momento, preferia estar a estudar psicologia ao invés de Biologia, porém temos de estabelecer certas prioridades.

"Tu realmente não deverias estar a estudar. Não hoje, não depois daquilo a que foste exposta." o Harry alerta num tom um pouco autoritário.

"Pois mas eu já cedi ao teu pedido meio como ordem, e fiquei em casa. O mínimo é não desleixar-me nas matérias."

"Céus, tu não tens remédio." ele suspira, abanando a cabeça.

E apesar de eu estar focada no estudo intensivo e nos exercicios que estou a resolver, sou capaz de jurar que ele revirou os olhos perante a minha atitude de aluna aplicada.