Lost.

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Quinze de Setembro. Amanhã é o meu primeiro dia de aulas, o começo de uma nova etapa na minha vida.

Mas não faz sentido. Porquê a escola iniciar-se a uma terça-feira? Ou talvez, seja apenas eu a divagar numa busca incessante por justificações para fugir às minhas responsabilidades.

"Como estás?" uma voz soa, facilmente reconheço-a e o meu coração aperta.

Estou abatida, estou cansada e sobretudo..estou infeliz.

"Viva." no mínimo, por agora.

A minha resposta é limitada pois não tenciono dar largas a esta conversa. Prefiro manter toda a distância estabelecida até agora.

Esta é a minha escapatória, a minha única alternativa de refugiar-me no meu mundo e prevenir o sofrimento de atingir-me.

"Tenho esperança que o início das aulas te salve dessa angústia." ele admite.

"Não deposites muita esperança. Quanto maior for a ilusão, maior será a queda."

"Emma, ouve.." começa, todavia ajo de imediato.

Levanto-me do sofá e viro costas, ignoro todos os chamamentos a que o meu irmão procede somente para evitá-lo, evitar encará-lo e iniciar a conversa que constantemente é trazida À superfície.

Será tão difícil de perceber que apenas quero estar sozinha? Será difícil compreender o porquê da preferência da minha solidão?

"Caramba Emma, eu não sei mais o que fazer!" ele admite, suspirando.

Paro no meu caminho cedendo e ouço as suas lamentações. Estou a baixar a guarda e limito-me a rezar para não me arrepender.

"Se eu apenas pudesse.." continua. "..regressar atrás no tempo."

"Pois, mas não podes." corto. Não pretendo ser dura, não tenciono ser arrogante para com a pessoa com quem compartilho uma ligação tão forte. Apenas torna-se inevitável.

Um longo suspiro faz-se ouvir da sua parte.

"Só quero ver-te sorrir." confessa, o seu tom de voz é maleável. "O que precisas? Diz-me e eu faço tudo o que estiver ao meu alcance! Apenas..pede."

Ele não esconde nem esforça-se para ocultar o suplício presente na sua voz. O meu coração quebra-se em duas metades: a minha, e a do meu irmão.

"Solidão." a minha resposta é sincera, ou assim o considero.

Dito isto, prossigo no meu caminho. subo as escadas para o segundo andar, percorro o enorme corredor até ao meu quarto entrando neste mesmo e, de novo, refugio-me de um mundo inteiro.

Nestas alturas, surgem repetidamente as mesmas dúvidas, as mesmas questões e bloqueios da minha mente. Qual é a finalidade de uma casa tão grande? Para quê a existência de tantos quartos e espaços sem o mínimo de utilidade?

Não passam de bem materiais que nunca terão qualquer tipo de potencial e real valor.

É uma questão de segundos até voltar a imergir nos meus pensamentos, ou devo dizer..na história da minha vida.

O meu nome é Emma Crawford. Sou órfã de mãe e pai desaparecido.

Quanto eu tinha nove anos de idade, a minha mãe sofreu um monstruoso e cruel acidente de carro que, infelizmente, foi fatal. No instante em que se sucedeu, encontrava-me na escola quando me foram buscar e, na minha inocência, respondi:

"Não, não posso ir! A mamã disse-me para esperar por ela aqui e não sair. Ela vai voltar, eu tenho a certeza!" doce inocência a minha.

"Emma, a mamã..morreu." foram estas as palavras que marcaram a minha infância e ditaram a impiedosa revolta.

Em que possível mundo cruel, uma criança tão nova pode perder alguém tão importante na sua vida como a própria figura maternal?

Tal como eu referi, sim, vida cruel. Os anos passaram e eu não superei a sua morte. Apenas, aprendi a lidar com a dor da sua perda.

Em Abril deste mesmo ano, o meu pai desapareceu sem deixar rasto. O meu mundo desabou por completo. Já não bastava ser órfã de mãe? Também sentiria agora a ausência da figura paternal?

Na verdade, para todos os efeitos o meu pai continua desaparecido. Mas qual é mesmo a diferença? Ele não está, ele desapareceu. Não posso ver, tocar ou sentir os braços aconchegantes da minha mãe. Estou impossibilitada de ouvir e gargalhar com as piadas do meu pai. Perdi tudo, fiquei sozinha neste grandioso mundo.

Desde aquele mês que tranquei-me no quarto, limitei-me a não sair e não enfrentar o mundo. Porquê? Talvez porque ainda não esteja preparada para encará-lo.

Recusei todas as chamadas telefónicas que fui recebendo e reneguei a compaixão. Não quero que sintam pena de mim, sentimento este tão feio e disforme. Porém, ainda tenho alguém.

"Emma..Posso entrar?" o batuque na porta é suave, receoso por assustar-me ou afastar-me.

Sim, é dele quem estou a referir. O meu meio-irmão: Zayn Malik. A história dele assemelha-se a um começo que mais tarde daria início à minha própria história.

A nossa mãe, Lilian Williams, conheceu um homem, Yaser Malik, com quem mais tarde acabou por juntar-se. Fruta dessa relação nasceu o Zayn. Este ainda era um bebé quando os problemas surgiram.

Yaser revelou-se uma pessoa que a nossa mãe nunca antes conhecera: violenta. Sendenta por vingança. Alguém sem escrúpulos.

Lilian, com somente vinte e dois anos, com um filho de um ano nos braços, ganhou coragem e libertou-se do homem que já não amava. É então, que surge o meu pai.

James Crawford. Um antigo amor da minha mãe, contudo nunca esquecido. Digamos que o fogo não se tinha extinguido, a chama só estava um pouco amortecida.

Foi a ele que esta recorreu assim que se viu em desespero. O meu pai acolheu-a de braços abertos, até que o amor que ambos compartilharam nos seus tempos do secundário, finalmente renasceu. O Zayn fora acolhido como um filho e o único pai que realmente conheceu foi o James. Ele sempre foi tanto filho quanto eu.

E quando este tinha os seus três anos de idade, nasci eu.

Zayn e eu compartilhamos uma grande e fortíssima ligação desde que me lembro que o mundo é mundo. Agora, a nossa vida sofreu uma terrível reviravolta.

"Emma." um novo batuque soa do lado contrário da porta. "Estás bem?"

Não quero sofrer mais. Espero que o Zayn compreenda pois só estou a prevenir-me.

"Sim, estou bem. Vai embora, por favor." murmuro contra a madeira.

"Deixa-me entrar, deixa-me ver-te, Em." ele praticamente implora, o meu coração fica tão apertadinho que torna-se dolorosa simplesmente em respirar.

Fecho os olhos com firmeza, utilizo as duas mãos que pressionam os ouvidos tapando-os para que não ouça nada mais além dos meus pensamentos.

Amanhã é o primeiro dia de aulas, a consciência embate-me e finalmente apercebo-me que terei menos de vinte e quatro horas para enfrentar o mundo. Não me resta mais escapatória, não posso mais fugir ao meu destino, seja ele qual for.

Perdidana confusão, como uma ilusão.    

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- Antes de mais, OLÁ A TODOOOS! Obrigada a toda a gente que está a acompanhar a minha fic e, oh meu Deus, agradeço imenso pelo enorme feedback que recebi de imediato, foi incrivel! Vocês são mesmo incriveis, obrigada 

Peço imensa desculpa a toda a gente, por ainda não ter respondido a comentários, mensagens, nada..mas estes ultimos dias têm sido bastante complicados e só hoje pude publicar o novo capitulo. Assim que puder, prometo que responderei de imediato!

Espero que gostem, e mais uma vez, obrigada! Não desistam da minha fic, prometo que será extraordinária! Obrigada, amo-vos 


Loudest ScreamWhere stories live. Discover now