I wear my heart on my sleeve.

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*Emma POV

Caminho descalça sob os diminutos grãos. Entranham-se tão rapidamente quanto a água o faria caso me aproximasse dela, e essa é a razão pela qual me afasto.

Unicamente com três dedos da mão direita, seguro nas sabrinas que carrego após tê-las descalçado. Sou hipnotizada pelo sistemático balanço a que os sapatos recorrem na minha mão, tão característico devido à locomoção.

A areia é fria, servindo-se como um chamamento de retorno para a realidade. Todavia existe o som do mar, ele está tão calmo e sereno que sinto-me a ser embalada somente pela paz que consegue transmitir-me. Contraditório, certo?

"Porque me trouxeste a esta praia, Harry?"

"Já te confessei que recorres a demasiadas perguntas?"

Desviro os olhos, embora desta vez seja diferente. Não sei o porquê, desconheço a razão que me leva a tal. Porém há algo de diferente entre mim e o Harry, existe algo novo no ar e ambiente que nos rodeia.

"Não vim aqui para te matar, podes relaxar." ele brinca e eu engulo em seco.

Não sei do que tenho mais medo neste momento. Se é da sua suposta vontade de assassinar-me, ou daquilo que ele me pode fazer. De qualquer forma, qual a diferença?

Submersa nos meus pensamentos, acordo no instante em que observo-o levantar-se e caminhar pela areia. Ele vai-me deixar para trás, sozinha?

"Onde vais?" levanto-me de imediato, quase como um efeito colateral da premeditada ação do moreno.

"Acompanha-me e descobrirás." Harry testa e o pior, é ceder sem pensar duas vezes.

Não deveria renunciar-me, pois não? Estarei a abrir mão de direitos para, possivelmente, mais tarde arrepender-me?

Este jogo de provocações e meias palavras nunca termina bem. Aliás, termina constantemente de igual forma: os seus lábios nos meus. Agora, a verdadeira questão é saber se desejo que assim finalize, uma vez mais.

"De facto tu não me resistes." o moreno ri, provoca-me através das suas poderosas armas.

"Não me ofereces outra alternativa." encolho os ombros. "Ou o faço, ou ficaria sozinha."

"És uma péssima mentirosa." Harry pisca-me o olho.

E de facto, ele não poderia tornar-se mais irritante além do que já, pois não?

Cruzo os braços ao peito e a minha atitude poderá ser interpretada de duas formas distintas. Ou por sentir-me aborrecida perante o altruísmo do Harry, ou por sentir o frio aconchegar-me. Claramente que a segunda opção é a mais correta, embora a primeira não esteja de todo errada.

Honestamente, não consigo suportar ou lidar com a sua atitude convencida. A todo o mísero instante, o Harry considera-se melhor que tudo e todos, elevando o seu ego a um patamar exageradamente excessivo. E céus, que inconstância que ele aparenta.

O Harry aproxima-se da beira-mar. As suas mãos movem-se com agilidade em segurar na camisola e passá-la pelo pescoço e cabeça até cair na areia; ele baixa-se e desaperta as botas castanhas, reincidindo mais confusão no meu subconsciente.

"O que vais faz..." mas de repente, torna-se bastante óbvio. "Vais entrar na água?"

"Tal como podes reparar." o moreno encolhe os ombros, prosseguindo na sua ação.

Ele endoideceu? Afinal, quem é o doido que se despe a estas horas, numa noite cerrada, e propõe entrar no mar certamente gélido? Sim, Harry é doido.

Loudest ScreamWhere stories live. Discover now