First day.

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Encaro o edifício diante de mim, a escola que tão bem reconheço pelos últimos anos. É agora, o momento chegou e não há alternativa alguma de voltar atrás.

Respiro fundo e dou um passo em frente, determinada a recorrer a toda a minha coragem.

Porém..logo de seguida recuo dois passos, inteiramente arrependida. Oh céus..!

"Emma!" ouço.

Uma voz alegre praticamente cantarola o meu nome apelando à minha atenção. Até que me volto e deparo-me com...

"Bom dia, Blair." sorrio fracamente. Ainda estou a aprender a conviver em publico, e a reaprender a minha aproximação para com as pessoas.

"Finalmente estás de volta. Sentimos a tua falta, amiga." ela admite, posso ver o brilho estampando nos seus olhos e o sorriso resplandecente esboçado.

Um sorriso renasce no meu rosto pois nem tudo é mau no meu regresso, e a Blair é o exemplo vivo de um dos aspetos positivos.

Blair é a minha melhor amiga desde infância, somos inseparáveis desde então. O seu cabelo natural em tons de ruivo escuro em que lhe termina pelos ombros, capta a atenção dos rapazes, igualmente pelas quase indetetáveis sardas junto à cana do nariz. Ela é alta, cerca de dez centímetros além de mim e não somos nada parecidas.

Já há algum tempo que não falávamos devido ao meu temporário refúgio. Agora posso ver o quanto me arrependo e lamento por tê-la feito passar por uma situação destas.

"Vamos entrar!" ela exclama.

"Não Blair, eu acho que..." estou com medo, as minhas pernas tremem assemelhando-se a gelatina e começo a duvidar das minhas capacidades de mobilidade.

"Shh, vai correr tudo bem." a ruiva garante e somente por breves segundos, consigo acalmar o nervosismo que flui nas minhas veias.

Apero com alguma força os livros que carrego contra o meu peito, revelando e reforçando a minha terrível ansiedade. Porém tal como referi, não possuo outra alternativa. Respiro fundo e decido entrar.

(...)

"Emma, eu..." ele pronuncia-se de rompante e todo o esquema é arruinado.

Uma figura entra subitamente no espaço. Este desconcentra-me com a sua repentina entrada, fazendo-me perder o equilíbrio e falhar o passo.

"Oh, céus..! Estás bem?" ele mexe-se com rapidez, apressa-se em auxiliar-me e erguer-me.

"Zayn, o que estás aqui a fazer?" repreendo, claramente aborrecida.

"Vim saber como correu o teu primeiro dia de aulas."

Quase numa ação automática, involuntária, reviro os olhos e suspiro. O meu subconsciente repreende-me e alerta-me uma vez mais que estou a ser injusta para com o meu irmão, e sobretudo relembra-me que esta não é a verdade Emma.

"Não podias ter esperado que eu chegasse a casa?"

"Já são seis horas da tarde, Emma." ele elucida-me. "As tuas aulas terminaram à uma hora da tarde. Considero perfeitamente normal querer saber da minha irmã."

Viro costas e apresso-me em aproximar-me da aparelhagem, desligo a melancólica música terminando com o som que continuara a preencher a divisão.

Não faz sentido prosseguir uma vez que começa a entardecer e todo o esquema da coreografia montado na minha mente foi brutalmente arruinado.

"Tens de parar de fazer isto."

"Isto o quê? Aquilo que adoro fazer? Dançar? De jeito nenhum." recuso, torna-se um completo absurdo pensar sequer nessa hipotética hipótese.

A dança é o meu refúgio, a única certeza que não enlouqueci, um dos únicos passatempos que me preenche inteiramente a alma de felicidade pois dançar é tudo o que eu tenho.

Eu vivo para a dança, é o que mantém a minha sanidade mental.

"Todos os dias desde Abril que danças até caíres para o lado! Danças até os teus pés sangrarem e isso porquê? Gostas de sofrer?!"

Já era esperado que alguém como o meu irmão não poderia compreender a minha situação. Somos tão parecidos e tão diferentes em simultâneo. O Zayn possui um tom de pele moreno ao contrário de mim; o seu cabelo é castanho e o meu é em tons de mel.

E apesar das diferenças físicas, somos mais parecidos através da nossa personalidade e psicológico. Algo é garantido: se eu sofro, o Zayn sofre igualmente e vice-versa.

Neste momento, quero gritar-lhe e dizer tudo o que tenho mantido entalado na minha garganta. Não importa o que seja, na verdade não existem argumentos que eu possa utilizar para lança-los, simplesmente preciso de gritar, de fazê-lo para libertar-me.

"Não sejas idiota!" expludo. "Eu não gosto de sofrer. Eu gosto de sentir algo diferente para além da dor de ter perdido os pais!"

O silêncio é instalado, os lábios do Zayn movem-se porém nenhum som é proferido. Ele está surpreso e desnorteado pela minha declaração.

"Eu preciso de sentir algo para além dessa dor que me consome, dia após dia, naquilo que se assemelha a uma eternidade."

As minhas palavras atingem o Zayn como uma flecha certeira, diretamente no seu coração e espalhando o antídoto pela sua alma.

"Eu sei aquilo que estás a sentir, reconheço essa sensação porque eu também estou a sofrer." ele desabafa.

Zayn aproxima-se para me abraçar, contudo ajo em contrapartida e recuo. Ele encara-me, um tanto surpreendido, porém assente respeitando o meu espaço, sobretudo respeitando o meu luto.

"Espero-te em casa. Até já." beija-me a testa e abandona a divisão da academia vazia.

Quero recomeçar o novo passo de ballet que aprendi, porém penso que agora não tenho condições para executá-lo na sua devida perfeição. Talvez seja inútil, será?

Tentar não custa, sendo que fecho os olhos, encho o meu peito de ar e respiro fundo.

"Um..dois.." inicio a contagem.

Mas subitamente, calo-me. Interrompo a contagem e perco a minha postura quando, através do espelho, uma espécie de sombra capta a minha atenção.

Porém esta desvanece no mesmo segundo em que dou conta dela, desaparece tão rápido quanto uma rajada de vento. E repentinamente, os meus pêlos eriçam-se, sinto-me arrepiada embora simultaneamente curiosa.

"Hey! Hey!" chamo, seja por quem for ou independentemente do que seria a sombra.

Corro o mais rapidamente possível até à porta, preciso de alcançar aquela sombra, preciso de ver-lhe o rosto. Não sei qual a finalidade, mas uma intuição no meu interior diz-me para fazê-lo.

A desilusão instala-se em mim, faz-se sentir quando não existe ninguém no meu campo de visão. Não se encontra ninguém, nem uma única presença.

Percorro o longo corredor da academia procurando por uma justificação racionalmente lógica acerca daquilo que vi, acerca da misteriosa sombra que pude aperceber-me. Contudo não existem sinais de mais alguém no edifício além de mim.

"Boa Emma, estás definitivamente a perder o juízo." murmuro aquilo que o meu subconsciente me sussurra ao ouvido.

Apercebo-me, por fim, que o melhor que tenho a fazer neste momento é regressar a casa. Sem dúvida alguma.

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- Oh meu Deus, obrigada a todooos! A sério! Isto tem sido realmente fantástico, e as leituras têm surpreendido-me imenso, pensava que iria ter cerca de 10 leituras por capitulo ou nem isso xd  Mas obrigada mesmo, tem sido fantástico! Ajudem-me a divulgar o meu trabalho, eu amo isto, amo o meu "trabalho", amo o meu projeto e amo cada palavra que cada um de vocês lê..obrigada mesmo!

Ok já estou a ficar emocional, oh porra xd  vá, obrigada novamente e ajudem-me a tornar a minha fic em algo realmente enorme! De qualquer das maneiras, vocês já tornam a minha fic enormeee, portanto obrigada mais uma vez :)  E o que estão a achar? Vá, comentem, falem comigoo ^^  Love you ♥


Loudest ScreamWhere stories live. Discover now