33 - O Nerd e a Vadia

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É, às vezes o tempo se fecha
Nem prece, nem reza vai mudar
Porque se a gente se conheceu
Não foi obra do destino, nem desejo de Deus
O Grilo - Serenata Existencialista

9 ANOS ANTES

Hidetaka corria a plenos pulmões pelas ruas de Takashima. Olhando para o relógio em seu pulso e percebendo que já estava próximo do horário do portão da escola fechar, ele soube que estava muito ferrado.

— O Kanji vai me matar — ele resmungou baixo, sentindo o pânico apossar.

A vida dele era boa, morava com o pai em uma cidade pequena, era um garoto comportado e inteligente, tentava não se meter em brigas na escola e fugia de problemas. Entretanto, Kanji Noguchi não concordava com aquilo.

A verdade era que Hidetaka era um grande nerd, o típico bom garoto que era incapaz de se defender, então era o prato cheio para um valentão mais velho como Noguchi e sua trupe.

Agora, ele tinha uma missão: Hidetaka precisava encontrar um tal de Ryuguji antes que os portões da segunda escola primária se fechassem.

Porém ele tinha um grande problema: ele não fazia ideia de quem seria Ryuguji.

As únicas informações que ele tinha era que Ryuguji estudava na segunda escola primária e que tinha batido no primo mais novo de Noguchi, e agora ele queria vingança. No fundo, o Nerd esperava que Ryuguji fosse uma espécie de monstro, ou ele estaria muito ferrado.

Assim que chegou ao portão da escola, ele pôde ver uma série de alunos espalhados pelos ambientes. Muitos dos alunos olharam para ele, já que o garoto ofegante era o único com um uniforme diferente. Principalmente os trogloditas mais velhos que se achavam os Reis da escola, esses pareceram comê-lo vivo.

Engolindo o bolo em sua garganta, Hidetaka aproximou-se de um grupo de garotas. Assim que elas o olharam, ele sentiu suas bochechas queimarem e a vontade de correr aumentou.

— O-oi, de-e-esculpa incomodar — ele disse gaguejando, sentindo seu coração bater forte — vo-ocês co-onhecem o Ryuguji?

As garotas o encararam como se ele fosse um alienígena, medindo cada detalhe de seu rosto.

— Ela tá ali — uma das garotas respondeu sorrindo, apontando para um canto vazio próximo de uma árvore. Quando cerrou os olhos, pode ver um pequeno corpo sentado de costas para ele.

Hidetaka agradeceu as garotas e caminhou apressado em direção a árvore.

— Você é o Ryuguji? — Hidetaka perguntou alto, a uma distância segura do garoto sentado próximo a árvore. Se ele fosse um monstro, conseguiria correr ou ao menos desviar do problema.

Porém, nenhuma preparação foi capaz de conter a explosão em seu peito e a confusão em sua mente, quando o suposto garoto virou em sua direção e se revelou como uma garota de olhos azuis.

— Sou eu — ela respondeu, movendo o pirulito em sua boca. Ela tinha um caderno pequeno em seu colo e uma caneta em sua mão direita, pelo o que ele pode ver, ela fazia um desenho. — O que você quer?

Hidetaka piscou lentamente. Devia haver um erro, alguma coisa estava errada, não era possível que uma garota tivesse batido o primo de Noguchi. Aquele garoto era um ano mais novo que ele, mas era extremamente agressivo e irritante, como um pinscher muito raivoso, não tinha a possibilidade daquela garota ter batido nele.

— Desculpa, eu acho que foi errado — ele disse, piscando lentamente. Entretanto, os olhos da garota estreitaram-se irritados, ardendo em uma raiva que o fez engolir em seco e perceber que, talvez, ela realmente tivesse batido no pirralho — Você brigou com o Ren Noguchi?

Pirulito de CerejaOnde histórias criam vida. Descubra agora