44 - Gatinha, o que te deixa insegura?

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Qual é o peso da culpa que eu carrego nos braços
Me entorta as costas e dá um cansaço
Tiê - A Noite

Assim que Mikey abriu os olhos, a primeira coisa que viu foi Kiyomi.

Ela não estava dormindo, muito pelo contrário, parecia acordada há muito tempo. Os cabelos dela estavam úmidos e ela usava a camiseta preta dele enquanto estava sentada ao seu lado na cama, com o caderno de desenhos em seu colo, desenhando em uma folha separada do resto.

Ela era iluminada apenas pela pouca luz do abajur, já que pela janela, Mikey podia ver que já era noite. Ela tinha os olhos tão focados no desenho, tão concentrados na maneira com o qual seu lápis azul deslizava pelo papel, que Mikey encontrava-se fascinado.

— Vai mesmo só ficar me encarando? — Kiyomi perguntou, enquanto virava-se na direção dele com um sorriso nos lábios e fechava o caderno.

— Eu tava te vendo desenhar — Mikey resmungou, abraçando a cintura de Kiyomi. Sentindo a mão dela em seus cabelos, Mikey encarou o quarto em que estavam, erguendo as sobrancelhas — A gente dormiu no quarto do Kenzinho?

— Aham — Kiyomi respondeu, dando uma risada — Você tava com muito sono depois que a gente comeu pizza. Eu fui levar a Senju na porta e quando eu voltei, você já tinha entrado aqui e apagado. Não consegui te acordar.

Mikey sentiu as bochechas ficarem vermelhas. Ele realmente estava muito cansado.

— Que horas são? — Perguntou, sentando-se ao lado dela.

— Duas da manhã.

— E você não dormiu por que? — ele a encarou com as sobrancelhas erguidas enquanto examinava o rosto de Kiyomi. Não era possível que a gatinha não estivesse cansada.

Kiyomi então deu um sorriso leve e esticou algo na direção de Mikey. O celular dele.

— O Kazutora te ligou — ela respondeu, dando de ombros — Eu disse que você estava dormindo e ele disse que era algum problema com a Toman e que ia te explicar por mensagem.

Mikey pegou o aparelho e o desbloqueou, indo até a mensagem de Kazutora. Assim que leu, Mikey soltou um suspiro alto, enquanto negava com a cabeça. Aquilo daria muita dor de cabeça ainda.

— Tá tudo bem? — ela perguntou, com a voz doce que era capaz de arrancar muitos segredos de Mikey.

— Alguns garotos estão arrumando problemas — respondeu, bloqueando o aparelho — Eles estão dando ouvidos para alguns boatos idiotas

Kiyomi franziu a sobrancelha, colocando o caderno sobre a mesinha de cabeceira. Ele não conseguia ver o tom dos olhos dela com clareza, mas ainda sim conseguia ver a expressão confusa de Kiyomi.

— Que tipo de boato? — perguntou, enquanto tombava a cabeça para o lado.

O cabelo preto dela escorregou pela cabeça, formando uma cortina escura que impedia a luz de adentrar completamente ali. Mas ela contornava o corpo de Kiyomi, deixando claro onde e como ela estava, fazendo Mikey sorrir com a silhueta da garota.

Ele contaria qualquer coisa que ela perguntasse, mas não podia contar com exatidão sobre aquilo.

— Sobre mim — respondeu, dando de ombros como se aquilo não importasse.

— O que eles dizem sobre você? — ela perguntou, insistindo no assunto. Kiyomi ergueu o corpo corretamente, colocando uma mecha rebelde do cabelo atrás de sua orelha.

A luz bateu nos olhos dela, revelando aquele azul escuro brilhante, como o céu noturno repleto de estrelas, que morava nos pensamentos de Mikey. Ele nem mesmo percebeu quando respondeu a verdade.

Pirulito de CerejaOnde histórias criam vida. Descubra agora