12 - Eu quero me preocupar com você

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E se eu perder tudo?
Oh irmã eu vou ajudá-la!
Ah, se o céu vier caindo em você
Não há nada neste mundo que eu não faria
Aviici - Hey Brother

Kiyomi encarava o visor do celular em sua frente sentindo seu estômago revirar. Ela estava nervosa, mas não surpresa. Mikey era uma pessoa muito insistente quando queria.

Vagabundo (10:34): Gatinha, a gente precisa conversar

Vagabundo (10:45): Gatinha ?

Vagabundo (10:47): Gatinha, eu sei que você está lendo as mensagens

Vagabundo (10:53): para de me ignorar!

Vagabundo (10:53): isso é MT infantil viu?

Ela revirou os olhos lendo as últimas mensagens. Era verdade, Kiyomi estava agindo como uma garota infantil.

Depois que Chifuyu interrompeu Mikey e Kiyomi no estacionamento, a lógica e a racionalidade voltaram para seu corpo e ela percebeu exatamente o que havia acontecido. Manjiro disse que estava com ciúmes dela e ela o beijou.

Kiyomi havia beijado Mikey, e ela sentiu todas as mesmas sensações de 5 anos atrás, ela não podia, e não queria, sentir aquilo de novo. O primeiro final deles foi trágico e cedo ou tarde ela precisaria ir embora outra vez, não era justo com ela, e menos ainda com Mikey, se deixar levar daquela forma.

Ela não queria ser tão egoísta como foi a primeira vez e arrastar Mikey para toda a confusão que era sua vida. Mesmo que beijá-lo fosse a coisa que ela mais ansiava.

Então, Kiyomi tomou a mais madura e sábia decisão, ela passou a ignorar Mikey e fugir dele a noite inteira.

Ela suspirou, tomando um gole do café que segurava em sua mão esquerda. Estava quente e forte, como todo bom café feito por aquela cafeteira vermelha e cara que Ken-chin tinha em sua casa. Seu celular vibrou mais uma vez.

Vagabundo (10:58): Cedo ou tarde vc vai ter q falar cmg gatinha

Ela soltou um longo suspiro e tombou a cabeça para trás, Mikey era insuportável, teimoso e irritante quando queria algo e, aparentemente, o desejo momentâneo dele era conversar com ela. Ele não iria aceitar aquele silêncio tão facilmente.

Em uma tentativa de distrair seus pensamentos, Kiyomi encarou a xícara em sua mão mais uma vez, o objeto era branco e sem nenhuma estampa, um modelo simples, sem detalhes e sem chamar atenção. Era extremamente ridículo. Como Ken-chin se atrevia a ter uma caneca tão sem graça? Mentalmente ela anotou que precisava comprar tintas para tentar deixar aquele objeto minimamente agradável.

Agora, a caneca já não era mais tão chamativa. Ela olhou então para a parede à sua esquerda, era grande e branca. Sem marca de sujeira, sem um quadro, sem uma decoração. A casa de Ken-chin era toda assim, extremamente limpa, organizada e sem criatividade, não podia ser mais entediante.

Seu irmão não era uma pessoa artística, ela teve certeza. Kiyomi além de ser a irmã legal, bonita e inteligente, era também a irmã criativa, ele era o irmão grosso, irritado, chato e cabeça dura. Ela pegou todas as qualidades no nascimento.

Antes que pudesse começar a listar a série de defeitos que seu irmão possuía, o celular dela vibrou outra vez. Ela suspirou antes de abrir o aplicativo de mensagens.

vagabundo (11:03): Para me ignorar sua megera!

Vagabundo (11:03): vc tá quebrando meu coração :(

Ela revirou os olhos com força e soltou um rosnado. Mikey era uma pessoa dramática, ela não estava quebrando o coração dele apenas porque estava ignorando-o. Ela já havia quebrado o coração dele uma vez, ou pelo menos acreditava nisso, e essa situação era completamente diferente.

Pirulito de CerejaOnde histórias criam vida. Descubra agora