04 - Foi só uma foda, não é?

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Mas você sabe que fogo com gelo não combina
E que por mais que eu tentasse não ia da certo
Você vicia mais que droga mais que nicotina
E é por isso que eu não posso te ter por perto
Marcela Veiga (ft. Ananda) - Eu preciso fugir daqui

Fazia um pouco mais de uma semana que Kiyomi estava em Tóquio e a situação não podia estar melhor.

O antibiótico que ela estava tomando havia acabado, a dor e os hematomas estavam diminuindo gradualmente, ela já conseguia andar e respirar sem sentir dor, o olho roxo já estava mais fraco, sendo fácil de cobrir com maquiagem, e os cortes em seu braço e perna já não estavam mais tão infeccionados.

Ela estava melhor fisicamente e, por isso, os amigos de Ken-chin, aqueles que só a conheceram na noite da reunião, decidiram fazer uma festa e pediram para ele a chamar.

- Kiyomi, vai logo! - Ken-chin gritou de algum lugar da sala.

- Espera! - respondeu irritada.

- Eu vou te deixar aqui! - ele ameaçou ainda gritando.

- Eu to me arrumando, porra! - gritou - Espera, caralho!

- Vai logo! - ele grita novamente. Ela revira os olhos e volta a passar rímel nos cílios.

Estava melhor fisicamente, porém sua mente estava mais inquieta do que nunca.

A Night Dust poderia descobrir a qualquer momento que ela estava em Tóquio, e ela nem conseguia imaginar o que eles iriam decidir sobre isso. Esses pensamentos assombravam sua cabeça todos os dias. Além disso, a situação de Hidetaka estava sempre presente em sua mente. As palavras de Ito proferidas a si quando tinha 17 anos ainda eram frescas em sua mente, então todos os dias ela temia por Aimi e Hidetaka.

E como se ela já não tivesse problemas demais, seu irmão estava insuportável.

Uma semana morando na mesma casa que Ken-chin poderia ser sufocante, ainda mais que ele estava obcecado em mantê-la longe de qualquer tipo de problema e garantir que a recuperação fosse a mais rápida possível, provavelmente para se livrar definitivamente dela. Ele não a deixava respirar sem monitorar quanto de ar havia entrado em seus pulmões, e quando não era Ken-chin, Emma cumpria esse papel. Ela se sentia vigiada 24 horas por dia, como se fosse uma bomba relógio prestes a explodir.

E ainda tinha Mikey. Apesar de não vê-lo desde o dia que chegou, ela pensou nele mais vezes do que deveria. Talvez ele quisesse conversar, ou talvez ele fosse agir como se nada tivesse acontecido, era complicado deduzir as ações dele. Então ela apenas era consumida pela ansiedade até o momento chegar.

A Ryuguji guardou o rímel na necessaire e encarou seu reflexo no espelho uma última vez. Os cabelos pretos estavam bem alinhados e penteados, a maquiagem bem feita cobrindo qualquer rastro de machucados, a roupa usada por ela era simples, regata preta e calça jeans da mesma cor, mas estava bonita.

Suspirou alto.

Essa tarde planejava se divertir, ela precisava desse momento de calmaria depois dos últimos acontecimentos em sua vida. E se para ter isso precisasse encontrar com Mikey, e talvez ter a tão aguardada conversa, ela faria isso.

Saiu do banheiro e se dirigiu para a sala, onde deduziu que encontraria seu irmão, e ela não estava errada. Ken-chin estava sentado no sofá vendo alguma coisa em seu celular.

- Pronto, Ken-chin - disse próxima a ele.

Ele se levantou e a olhou.

- Finalmente - exclamou cruzando os braços - vamos logo!

Pirulito de CerejaOnde histórias criam vida. Descubra agora