Capítulo 1

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Felipe Bellini

Aqui estou eu. Parado em frente ao meu novo hospital. Bom, digamos que não é tão novo assim, pois comprei de outro dono e esse hospital já funciona a bastante tempo, mas o farei parecer novinho em folha.
O antigo dono parece não ter feito nenhuma melhoria por esse local, afinal, ele só se importava com negócios, o hospital em si, nunca foi sua prioridade. Espero do fundo do meu coração que por dentro as coisas estejam bem melhores do que por fora. Não cheguei a visita-lo antes de comprar porque realmente, reformar tudo já era minha intenção.

Entro no local e até me surpreendo, por dentro é muito melhor do que por fora. Cumprimento o segurança que está na porta e sigo meu caminho até a recepção. Avisto o grupo de recepcionista e logo uma delas levanta vindo ao meu encontro.

S: Senhor, boa tarde. Me chamo Shirley e sou a líder das recepcionistas. - se apresenta. - Acredito que senha o Senhor Bellini, estou certa?

F: Boa tarde, Shirley. Sim, sou eu mesmo. - falo sorrindo.

S: Veio conhecer o hospital? - pergunta e olho ao redor.

F: Não vim com essas intenções, mas já que estou aqui, por que não? - falo e ela sorri. - Poderia me mostrar?

S: Claro senhor, peço só um momento. - fala e vai até onde o grupo de recepcionista se encontra.

Passo meus olhos sobre a recepção e faço uma lista mental do que acho que deve ser feito. Nada demais, além da pintura e troca de cadeiras.

Shirley logo volta e começa a apresentar todo o hospital. São, ao todo, quatro andares, sendo o primeiro de pronto atendimento, o segundo de quartos para internações, o terceiro com ala maternidade e uti neonatal, e por último o quarto andar com salas cirúrgicas. Tudo parece ser bem organizado por aqui e minha lista de afazeres será curta.

S: Senhor, possui mais um local que preciso te mostrar mas primeiro preciso saber se deseja ir até lá. - fala e noto um olhar preocupado.

F: Qual seria, Shirley? - pergunto.

S: Temos a ala psiquiátrica no subsolo. Não é uma das melhores, e pensei que como psiquiatra... - a interrompo.

F: Faz parte desse hospital? - ela afirma. - Então sim, por favor, me mostre. - tento não soar rude. Como assim uma ala psiquiátrica no sub solo? Como assim não é das melhores?

S: Como disse, não é uma das melhores e nem está nas condições que devia, porém nenhuma verba foi enviada para algum tipo de reforma dessa ala. - fala já no elevador.

F: E possui pacientes internados aqui? - pergunto preocupado com a situação do local e dos possíveis pacientes.

S: Sim, três.

O elevador se abre nos mostrando um local com pouca iluminação por conta de algumas lâmpadas queimadas. Logo à frente possui mais um corredor com portas de ferro, e mais ao lado uma farmácia bastante precária. Ando um pouco pelo local e vejo também uma sala, acredito que seja para funcionários.

F: Onde estão os enfermeiros daqui? - pergunto ainda observando o local.

S: Estão no horário de almoço senhor. Temos somente dois enfermeiros aqui, e aparentemente saíram os dois juntos. - diz me olhando temerosa.

F: Entendi Shirley, fique tranquila, você não tem culpa disso, mas irei falar com a administração daqui, isso não pode acontecer. - falo com raiva. Isso é inadmissível. - Gostaria de conhecer eles. - Ela me olha surpresa.

S: O senhor tem certeza? - pergunta.

F: Claro, serão meus pacientes de agora em diante. - seu olhar se torna mais surpreso ainda. - Shirley, me perdoe pela indelicadeza, mas não comprei esse hospital apenas porque quis e sim porque amo a minha profissão. Irei atender aqui todos os dias e cuidarei desses pacientes. - Aponto para as portas de ferro em nossa frente.

S: Sim, é claro. - da um meio sorriso. - Só peço para que o senhor aguarde os enfermeiros chegarem, as chaves ficam aqui mas, não tenho coragem de entrar nos quartos. - fala.

F: Ok. - respondo simples. - Eu irei buscar meu jaleco e algumas coisas no meu carro. A senhora já pode voltar ao seu trabalho. - ela concorda e vamos em direção ao elevador.

Ja no andar de cima, agradeço a Shirley por ter me mostrado o hospital e peço desculpas pela minha grosseria lá em baixo. Não consumo ser grosso e rude, mas são vidas que estão em situação precária e não aceito isso.
Pego meu jaleco e uma bolsa com alguns instrumentos que irei precisar e volto para dentro do hospital, mais precisamente pela ala psiquiátrica.

Entro no elevador e vejo dois enfermeiros conversando animadamente, se tratam de um homem e uma mulher. Quando vou apertar o botão para o subsolo, vejo que o mesmo já foi pressionado pois se encontra vermelho. Vejo que encontrei quem eu tanto queria. Cerca de 10 segundos o elevador para e abre suas portas, estando a mão para que os dois saiam primeiro e assim eles fazem.

F: São responsáveis pelos pacientes daqui? - pergunto de maneira séria. Os dois logo arregalam os olhos mas vejo um sorrisinho no rosto da enfermeira, que acredito se chamar Emma. Já o rapaz em minha frente, que provavelmente se chama Mark, continua com o mesmo olhar preocupado.

M: Somos sim. - fala. - Acredito que seja o novo dono do hospital.

F: Sim, sou eu. Não quero mais que os dois saiam no mesmo horário, algum deles podem precisar de vocês e não tem ninguém aqui. - escuto uma risada. - Alguma graça senhorita? - pergunto.

E: Até parece que você se importa. - debocha. - Ninguém liga para eles.

F: Está enganada. Eu me importo com eles e não admito mais esse tipo de atitude aqui dentro. - falo e ela me olha com desdém.

M: Senhor Bellini, peço desculpas por ela. - a repreende com o olha. Quando ele ia continuar a falar, ouvimos um grito. Emma suspira parecendo irritada e vai separar alguns remédios. Mark pega as chaves de uma prateleira e pega os remédios da mão dela. - O senhor quer ir? - pergunta.

F: Não precisa me chamar de senhor. Serei apenas mais um médico aqui. - falo. - Vamos. Quem é que gritou? - pergunto.

M: Heloísa. A mais nova dos três. - responde. - Tem 22 anos.

F: Só? - ele afirma. - E por que ela está aqui? - pergunto enquanto ele destranca a porta.

M: TDI e mais algumas coisinhas. - empurra a grande porta de ferro e ele me da passagem para entrar. Me surpreendo ao ver um pequeno corpo encostado no canto do quarto com as mãos nos ouvidos tremendo muito e chorando. Uau. A beleza dela é surreal. Seu cabelo é extremamente loiro, e por mais que seus olhos estejam vermelhos, consigo percebem o quão azuis são.

Me sinto na frente de um anjo.
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1° capítulo 🥰
Espero que gostem! Bjs

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