Capítulo 8

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Xxxx Xxxx

Xx1: Conseguiu? - pergunta ao meu lado.

Xx2: Consegui. Ela não teve nem chance de defesa. - sorrio vitoriosa.

Xx1: Assim que eu gosto. - ele sorriu ligando o carro e logo saiu dirigindo.

Heloísa era um peso na minha vida. Até hoje me arrependo do dia em que resolvi ceder a vontade do idiota do pai dela para gerar aquela criatura. Quando vi que a fedelha tinha estragado todo meu corpo, foi o fim. Tentei de todas as maneiras jogar ela para o desgraçado cuidar porém ele dizia que ela iria precisar de mim e que ele viajava demais, não podendo cuidar dela.

Naquela época ele era o futuro dono de uma empresa, podre de rico e bonito, loiríssimo como eu porém com olhos verdes. Até pensei que tinha me dado bem e garantido minha vida mas ele sempre deixou claro que eu não poderia usufruir de nada que ele desse a Heloísa.
Percebi com o tempo que ela era desajeitada demais e vi que precisava dar um jeito nela, pois meu namorado da época estava ficando irritado com a inútil e eu também. Foi aí que lembrei do meu irmão. Ele é um drogado, mas faria um bom uso dela, e assim ele fez, usou e abusou de todas as formas seu brinquedinho.

Um tempo depois, coisa de 6 meses, o progenitor da Heloísa voltou querendo vê-la e eu inventei uma desculpa barata falando que ela tinha sido atropelada quando brincava na calçada. Ele ficou transtornado dizendo que eu era uma péssima mãe e que eu não poderia ter feito isso com a a filha dele, mas tratei em dizer que ele era tão culpado quanto eu. Infelizmente depois disso parei de receber a pensão da fedelha e tive que me submeter a trabalhos inúteis.
Mais ou menos uns 10 anos depois meu irmão entrou em contato dizendo que Heloísa tinha ficado rebelde e se denominava por outro nome que não lembro qual é e depois desses atos de rebeldia, dizia não se lembrar de nada. Logo percebi que além de inútil, a fedelha também era louca. Ele disse que iria se livrar dela e a internou em um hospital qualquer me fazendo quase morrer de desgosto ao saber que pari um ser inútil e doente.

Mas agora, a única coisa que importa é que finalmente pude me vingar do estrago que ela fez na minha vida e acabei com a aquela vagabunda.

Felipe Bellini
(Duas semanas depois)

Mais uma vez abro a porta do quarto em que Heloísa está e a encontro dormindo, duas semanas já se passaram e minha pequena ainda não acordou. Sua recuperação está indo de acordo com o que esperávamos, porém já ela já deveria ter acordado.
Hoje não estou aqui a trabalho. Depois de duas incansáveis semanas, eu finalmente tirei uma folga, mas não pude deixar de vir aqui. Me sento na poltrona do lado da maca das minhas meninas e pego em sua pequena mão. Sinto falta do sorriso animado da Helena, da timidez de Heloísa e do jeito protetor da Hellen, e eu faço questão de dizer isso a elas todos os dias.

F: Vocês bem que poderiam acordar não é? - pergunto olhando seu rostinho delicado. - Mal vejo a hora de levar Heloísa para ver o sol, porque eu sei que você gostou. - dou uma pausa. - de brincar com a lelena. - solto um pequeno riso. - Hellen, minha menina rabugenta... eu... eu preciso de você. - encosto sua mão em meu rosto. - Eu preciso de vocês. - suspiro.

H: Eu não sou rabugenta. - escuto sua voz baixa e rouca e logo levanto o a cabeça para olhar em seu rosto.

F: Oi. - falo baixo. - Como se sente? - pergunto e ela abre os olhos mas logo fecha.

H: Meu corpo dói. - suspira. - A cabeça também.

F: É normal, fique tranquila. - falo. - Vou chamar um médico para te examinar. - ela concorda. Dou um beijo em sua testa e saio do quarto.

Saio do quarto e aviso o médico de plantão que Hellen acordou. Ele me olha em dúvida olhando o prontuário com o nome da Heloísa e suspiro explicando rapidamente o caso. Ele concorda saindo e eu o sigo até o quarto.

M(médico): Oi Hellen. - ele me olha e eu concordo. - Pode abrir os olhos para mim? - pergunta se aproximando dela que abre os olhos com dificuldade. Ele examina os sinais dela. - Está tudo bem. Vou pedir para aplicarem um remédio para amenizar sua dor. - ela concorda com os olhos fechados novamente e agradeço vendo o médico sair do quarto.

F: Hellen... - ela me interrompe.

H: Quer dizer que precisa de mim? - pergunta. - Precisa de nós?

F: Hellen, esse é um assunto delicado. - pego em sua mão novamente. - Vocês são especiais para mim, mais do que você possa imaginar e mais do que eu mesmo posso imaginar. - sorrio frustrado. - Eu não sei até onde vai o conhecimento de vocês sobre esse assunto, mas... eu...

H: Nós também gostamos de você. - olho surpreso para ela.  - Bom, Heloísa não sabe bem o que é isso, apenas sente uma extrema timidez quando escuta sua voz e Helena, hm... ela não entende sobre isso e espero que continue assim. - eu sorrio concordando. - mas ela vê você como alguém especial, talvez até como uma figura paterna. - fala e eu olho surpreso. - Você é psiquiatra, sabe que isso é possível. E se quer cuidar da gente, precisa saber a verdade. - fala de modo direto. - Se continuar dessa forma, Helena uma hora ou outra irá ver você como uma figura paterna.

Eu sabia que isso era possível, porém foi um baque para mim, e por incrível que pareça, não foi no sentido ruim.
A porta se abre e vejo uma enfermeira entrar. Ela conecta o soro no braço de Hellen e logo sai.

F: Hellen, sabe me dizer quem pode ter feito isso? - pergunto e ela suspira pesadamente, concordando.

H: A progenitora da Heloísa, Juliana. - fala e eu a encaro sem acreditar. - Sinceramente eu nem imaginava que ela estaria viva ainda. - vejo seus olhos pesarem e ela boceja. - Mas foi ela, eu vi, estava acordada.

F: E por que não assumiu? É bem mais forte que Heloísa. - pergunto sabendo que tem algo errado.

H: Ela injetou algo no pescoço da Heloísa, o corpo todo paralisou mas ela continuou vendo e sentindo tudo. - desgraçada, ela vai pagar por isso. Vejo Hellen fechar os olhos.

F: Descanse, ok? - ela concorda. - Irei resolver isso e ficará tudo bem. - dou um beijo em sua testa.

H: Felipe? - me chama com a voz baixa e eu concordo para que continue. - Me desculpa por ter sido grossa com você, ter te ameaçado e... - interrompo.

F: Está tudo bem, não se preocupe. - passo a mão por seu cabelo. - Está tudo bem. - ela concorda repetindo o que eu disse e logo cai no sono.

Saio do quarto as pressas, preciso comunicar o delegado sobre o que Hellen me disse. Juliana Carter não sairá impune depois de machucar minhas meninas.

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