Capítulo 12 (Bônus)

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Eduardo Moretti
(22 anos atrás)

M(médico): ela nasceu. - fala vindo me comunicar na sala de espera.

Juliana não permitiu que eu acompanhasse o nascimento da minha filha, mas não pude sair daqui. Precisava saber se minha princesa estava bem.

Juliana e eu nos separamos assim que ela descobriu a gravidez. Ela queria a todo custo abortar e isso foi o fim para mim. Ela não poderia acabar com uma vida assim, ainda mais com a vida da minha filha, mas por sorte consegui convencê-la dando a única coisa que ela se interessava em mim: dinheiro.

O médico me leva até o berçário e lá pude ver minha garotinha. Tão pequena e tão delicada. Ele colocou ela em meu colo e ali, me senti completo.

(18 anos atrás)

Saio da minha sala de reuniões apagando todas as luzes. Cheguei hoje de uma viajam à França e estou indo ver minha princesinha.

Confesso que não sou o melhor pai do mundo e sei também que não sou presente na sua vida, mas me esforço o máximo para ter um tempo junto a Heloísa. Pego o colar que trouxe da Cartier e coloco no bolso da minha camisa.

Quando Heloísa nasceu eu até tinha um pouco mais de tempo pois ainda não tinha assumido a empresa da família, mas agora, com uma empresa de investimentos nas mãos, tempo é uma coisa que não tenho.

Estaciono o carro em frente a casa que Heloísa mora com a mãe e o "padastro". Isso é algo que não acho certo, mas quem sou eu para dizer algo, não é? Exemplo de pai, sei que não sou.

Toco a campainha me preparando para um mine furacão loiro abrir a porta pulando nos meus braços mas quem atende é Juliana.

E: Vim ver a Heloísa. - falo de cara fechada. Não dou muita liberdade para ela. Nosso único vínculo é nossa filha.

J: Depois de 2 meses? - debocha. - Olha, fico até feliz por não ter que mais olhar na sua cara quando você resolve aparecer.

E: Do que está falando? - pergunto e ela ri.

J: Tua filhinha morreu ali o - aponta para a rua. - atropelada. Foi triste sabe? Mas finalmente aquela peste me deixou em paz.

E: Juliana, não brinca com isso. - falo irritado. - Chama a Heloísa, por favor.

J: Não estou brincando. - fala séria e meu corpo gela. - Se quiser entrar e procurar ela, fica a vontade. - me dá espaço para entrar e eu entro já correndo para o quarto da minha filha. Ela não está falando sério, não está.

Abro a porta do quarto rosa dela e não vejo nada além de um grande vazio, mas não vazio material, ela não está ali. Seus brinquedos estão espalhados no chão, sua cama bagunçada e o guarda roupa vazio.

E: Por que você não me falou? - pergunto gritando sentindo meus músculos fraquejarem.

J: Até parece que você se importa Eduardo. - fala e eu olho ao redor sentindo meu mundo desmoronar. Minha filha não. Pego uma boneca sua e a abraço como se estivesse abraçando ela. - Ok, chega desse teatrinho, já viu que ela morreu mesmo, pode ir embora.

A olho chocado sem entender como ela consegue ter tamanha frieza. Ela nunca se importou com Heloísa mas não achei que seria a esse ponto. Levanto da cama ainda chorando, não me importo, a dor é imensurável. Vou em direção a porta mas olho para trás vendo o sorriso dela.

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