Minhas Meninas

Capítulo 23

⚠️Esse capítulo contém cenas de abuso e crises de ansiedade, se você possui algum tipo de sensibilidade ao tema, por favor, não leia.
(Lembrando que não concordo com nenhum tipo de abuso)⚠️

Heloísa Carter

Mais um dia Felipe tem agido de maneira estranha. Ele sai e fica horas fora de casa e quando volta está sempre desconfiado e preocupado.

Observo vários homens de preto pela janela no seu quarto, onde temos dormido ultimamente. Depois que Helena dormiu com ele é como se nosso corpo tivesse se acostumado com isso, o que é engraçado já que foi um dia só. Mas desde então, não conseguimos mais dormir sozinha.

Referente aos homens ele diz que esses homens são para nossa segurança e que eles não vão nos fazer mal algum. Mas mesmo assim tenho medo.

Observo as estrelas e a lua no céu. Já é noite e ele ainda não chegou.
Felipe nos ensinou a usar o microondas então quase todos os dias deixa comida pronta e uma mamadeira para nós esquentarmos.

Saio da janela e ando em direção a cama me deitando. Mal percebi quando me rendi a ele.

~ sonho ~
Acordo sentindo a água gelada batendo contra meu rosto. Abro os olhos vendo meu tio na minha frente gargalhando e suspiro sentindo as lágrimas começarem a cair.

J: Já é 09h sua vagabunda. - me levanto devagar sentindo todo meu corpo doer. - Está na hora do café da manhã e eu preciso tomar o meu não acha? - concordo abaixando a cabeça. - Vai, levanta imprestável. - fala gritando e eu levanto sentindo meu corpo todo tremer.

Meu "quarto" nada mais é do que um cômodo sujo com um colchão velho no chão. Não tenho nenhum travesseiro ou algo para me ajudar nos dias de frio, apenas alguma roupa rasgada ou as vezes nem isso.

Caminho em sua direção e sinto sua mão se chocar contra meu rosto e logo uma ardência se faz presente. Deixo mais lágrimas caírem e ele ri.

J: Que dó, ela está chorando. - tento controlar o choro pois sei que se ele se irritar, será pior. - Você já sabe, se falar ou gritar, vai ser pior para você. Então bico calado. - concordo.

Ele retira a blusa fina e rasgada que estava usando junto com a calça do mesmo que se encontra no mesmo estado. Suas mãos passam por todo meu corpo me causando um desconforto fora no comum.

J: Você é uma puta gostosa. - da um tapa extremamente forte na minha bunda. Ele me joga no chão me fazendo bater a cabeça e logo começo a enxergar tudo embaçado. Sinto uma dor fora do comum e sei que ele está me preenchendo pois escuto seus gemidos e resmungos.

Ele ri, me bate, me xinga me tratando como um lixo, assim como ele diz que eu sou. Eu só consigo implorar para ele parar enquanto ele ri cada vez mais do meu desespero...
~sonho-

Felipe Bellini

Chego em casa me xingando por ter deixado minhas meninas sozinhas. Detesto ter que fazer isso mas ultimamente tem sido necessário. Estou tendo muitos problemas no hospital e o fato da Juliana estar solta nas ruas não colabora muito com meu medo de deixá-las só.

Contratei alguns seguranças para vigiarem qualquer passo estranho em volta da nossa casa o que me deixa um pouco mais tranquilo, mas não 100%.

Subo as escadas em direção ao nosso quarto. Quando Heloísa pediu para dormir comigo não pude negar. Ela disse que mesmo que Helena tenha dormido apenas uma noite na minha cama, já foi o suficiente para elas acostumarem.

Abro a porta que estava encostada e olho na direção da cama. Heloísa estava suada, virando de um lado para outro enquanto resmungava algo incompreensível. Chego mais perto dela e consigo ouvir muito baixo um por favor, para, está doendo.

F: Heloísa. - sento ao seu lado na cama. - Helo, acorda. - a chamo novamente mas ela não acorda. Seus resmungos ficam mais altos e ela se debate cada vez mais. - Heloísa. - falo mais alto e ela acorda assustada sentando na cama enquanto chora de soluçar. - Amor, calma. Está tudo bem. - tento me aproximar dela mas ela se afasta. - Heloísa, sou eu. Felipe, olha para mim.

H: V-você vai m-me machucar. - nega se afastando cada vez mais.

F: Não, não vou princesa. - suspiro pela primeira vez me sentindo perdido. - Olha para mim, eu jamais vou te machucar. - me aproximo um pouco. - Helo, olha para mim apenas. Fica calma.

H: Eu n-não consigo r-respirar. - fala com dificuldade. - me aproximo mais sentando em sua frente e seguro suas mãos.

F: Ok, vai passar. Preciso que olhe para mim e inspire. - faço o movimento e ela me imita. - Isso, ótimo. Muito bem. Faça novamente. - ela repete. - Perfeito. Agora me fala cinco coisas que consegue ver. - ela olha em volta.

H: A p-porta, a flor. - aponta para um vaso que sempre deixo com uma flor desde que elas começaram a dormir aqui. - a tv, a j-janela e vo-cê.

F: Isso, muito bem. Continua respirando. - ela respira e aperto mais suas mãos tentando fazê-la parar de tremer. - Agora me fala quatro coisas que você consegue sentir.

H: Su-as mãos, o v-vento, a cama e meu c-cabelo no rosto. - concordo pegando um lacinho da mesa de cabeceira e prendendo seu cabelo.

F: Ótimo, perfeito. Continua respirando fundo, não para. - ela concorda. - Agora me fala três sons que você consegue ouvir.

H: Sua voz, o barulho do vento na janela e um cachorro latindo. - fala e seu choro não é mais presente, apenas suas mãos que continuam temendo.

F: Você está sendo incrível. Agora me fala dois cheiros que você consegue sentir. - ela concorda freneticamente como se estivesse dizendo que consegue.

H: Seu perfume e cheiro de torta de maçã. - sorrio para ela.

F: Perfeito amor. - pego a sacola que continha um pedaço de torta de maçã que comprei na padaria aqui perto e retiro pegando uma colher de plástico. Pego um pequeno pedaço e direciono em sua boca. - Agora me fala algo que você consegue sentir o gosto. - coloco em sua boca e ela mastiga lentamente.

H: O gosto da torta. - sorrio e a puxo para me colo a envolvendo em um abraço.

F: Você foi perfeita. Se sente melhor? - ela concorda. - Que bom, fico feliz. - passo a mão em suas costas. - Quer me contar o que sonho?

H: Sonhei com meu tio. - fala baixinho e eu aperto mais meus braços envolta do seu corpo.

F: Nenhum deles vai chegar perto de você de novo meu bem. Eu prometo. - ela concorda também me apertando. - Vou te proteger sempre. - Inspiro seu cheirinho de neném e sorrio por tê-la segura nos meus braços.
.
.
Um beijinho da autora 😘
Que a semana de vocês seja ótima