Capítulo 7

2.8K 197 4
                                    

Heloísa Carter

Depois que Felipe foi embora, fiquei deitada na minha cama abraçada com o Tom enquanto olho a janela em minha frente. Sim, Felipe, ele insistiu para que o chamasse assim.
Ele deixou alguns papéis e lápis caso Helena queira desenhar, ou eu e Hellen escrever algo, mas, acontece que eu não contei para ele que não sei escrever e muito menos ler. Fecho os olhos e suspiro, eu queria tanto que tivesse sido diferente.

Escuto a porta do quarto abrir e abro os olhos. Uma enfermeira passa por ela, mas não é a Suzie. Ela possui cabelos loiros presos e olhos extremamente azuis e, junto com um sentimento ruim, sinto também a sensação que já vi esse olhar em algum momento da minha vida. Sorrio nervosa e me encolho mais na cama. Em nenhum momento ela sorriu, apenas se aproximou carregando uma pequena bandeja com algumas coisas dentro, mas logo a colocou na cama com uma certa brutalidade me permitindo ver a seringa que Suzie falou porém com algo dentro.

A enfermeira coloca as luvas com rapidez me deixando assustada e lembro do botão vermelho ao lado da minha cama, Suzie disse que se eu precisasse dela era só apertar ele. Me estico para conseguir apertar o botão mas sou parada com uma picada no pescoço.

Xxx: Quietinha. - escuto ela falar bem próxima do meu ouvido e sinto meu corpo paralisar.

Estou paralisada mas sinto, vejo e escuto tudo o que ela faz. Ela me coloca sentada na poltrona do quarto e vai em direção à porta trancando a mesma. Isso não pode acontecer de novo. Quem é ela? Por que está fazendo isso comigo? Vejo ela parar e se abaixar na minha frente, ficando na altura dos meus olhos.

Xxx: Até que não foi difícil entrar aqui, fedelha. - me arrepio inteira. Não pode ser ela. Minha mãe! A pessoa que me colocou no mundo e depois me abandonou com meu tio... suspiro sentindo as lágrimas caírem dos meus olhos sem permissão. - A sua sorte é que não tenho muito tempo - tira uma espécie de faça do bolso da sua roupa branca e sinto ela fincar aquilo na minha barriga. - Isso é por você ter nascido, atrapalhado toda minha vida. - tira aquilo de dentro de mim mas logo sinto minha pele ser rasgada novamente. - Você é uma aberração, uma doente e merece morrer. - seu olhar se encontra com o meu e só consigo ver ódio deles.

Sinto o objetivo ser retirado de mim novamente e suspiro sentindo tudo queimar e minha visão ficar embaçada. Ela retira suas luvas guardando no bolso de sua roupa junto com a faca, pega a bandeja indo em direção à porta, porém volta me jogando no chão e sai rindo do quarto.
As lágrimas caem sem parar. Choro de dor, choro de desespero mas também de alívio, esse vai ser o meu último dia de sofrimento. Meus olhos pesam e sorrio me permitindo cair em um sono profundo.

Felipe Bellini

Entro correndo no hospital logo indo para o segundo andar, está tudo em silêncio e agradeço por isso. Vou em direção ao quarto de Heloísa vendo o chão com enormes poças de sangue, suspiro, nunca me senti tão mal vendo sangue como estou me sentindo agora.

Suzie: Que bom que chegou. - fala e eu estou olho para o lado vendo seu olhar cabisbaixo.

Felipe: Ninguém escutou nada? - pergunto.

Suzie: Nada. Nenhum paciente, ninguém. - suspira. - Ela não merecia isso, tadinha. - fala e eu concordo.

Felipe: Ninguém merece, Suzie. - falo pegando o papel que foi deixado aqui. - Como ela esta? - pergunto.

Suzie: Ainda em cirugia, mas o estado dela é considerado grave. - fecho os olhos sabendo que terei que acionar a polícia. Quem fez isso não pode sair ileso dessa.

Felipe: Ligue para a polícia e quando eles chegarem conte o que aconteceu. - ela concorda pegando seu celular. - Irei ver como ela está. - Saio indo em direção ao último andar.

O elevador para e saio colocando minha digital para entrar na ala cirúrgica. Pego uma roupa privativa para usar na sala e começo a lavar minhas mãos. Nunca estive tão nervoso para entrar em uma cirurgia como agora, parece minha primeira vez.
Entro na sala e uma auxiliar vem em minha direção me ajudando a colocar a roupa e as luvas sem contaminar. Olho para máquina onde mostra batimentos cardíacos de Heloísa e os vejo fraco, eu preciso salvar ela.
Me aproximo da mesa e encaro o doutor Carlos, responsável pela cirurgia nesse momento.

C: Doutor, que bom que veio. Ela irá precisar de você. - fala. Todos do hospital sabem que sou o médico responsável por Heloísa.

F: Como ela está? - pergunto.

C: As duas perfurações foram feitas por um bisturi e uma delas atingiu o intestino. Ela perdeu uma quantidade razoável de sangue e já entramos com a transfusão. - Olho para as bolsas de sangue ao lado dela. Volto meu olhar para sua barriga e vejo a outra perfuração voltar a sangrar. De imediato começo meu trabalho para estancar e fechar a ferida.

Pouquíssimos segundos depois observo seus batimentos se alterarem, ela está tendo uma parada cardíaca. Meu corpo entra em total alerta, ela não pode me deixar, não pode. Tudo parece estar câmera lenta e eu só consigo pedir para que ela reaja, e assim ela fez. Seus batimentos voltaram fortes e eu suspiro aliviado, voltando para perto dela.

C: Foi por pouco. - fala e eu concordo.

——//——

C: Finalizamos aqui. - Diz finalizando o curativo em cima dos pontos. - Parabéns a todos, fizemos um ótimo trabalho. - Todos batem palmas e eu sorrio me sentindo aliviado.

Heloísa teve ao total duas paradas cardíacas e temia uma terceira pois ela não iria aguentar. Foram três bolsas de sangue e várias complicações e só consigo pensar que quem fez isso, irá pagar caro. Ela foi transferida para o pós operatório e eu desci para o segundo andar onde vi uma concentração de policiais em frente ao quarto dela. Suzie assim que me vê vem em minha direção.

S: Como ela está? - pergunta aflita.

F: Agora está bem. - ela suspira aliviada. - Teve duas paradas e precisou de transfusão. O intestino foi perfurado mas conseguimos suturar tudo. - falo e um policial que estava perto se aproxima mais.

P(policial): Sabe qual objeto foi usado? - pergunta.

F: Com certeza foi um bisturi, foram cortes precisos e retos. - ele concorda se afastando.

S: Coitada. - fala. - Ela não vai querer voltar para esse quarto. - eu concordo.

F: Vou deixá-la no pós operatório e depois irei preparar um lar para ela. Não posso permitir que ela fique aqui depois de tudo isso.

S: Mas já sabe para onde vai levar ela? Eu tenho uma amiga que possui uma casa de... - a interrompo.

F: Para minha casa. - Suzie começa a tossir e me olha espantada. - Isso mesmo. Heloísa irá morar comigo!
.
.
.
Volteiii. Fiquei sem internet por dois dias 😣

Minhas Meninas Onde histórias criam vida. Descubra agora