Capítulo 24

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Felipe Bellini

Após a crise de Heloísa, a mesma se aconchegou em meus braços e não saiu mais. Observo ela dormir em um sono tranquilo agora, sem pesadelos, enquanto a seguro em meu colo.
Suspiro sabendo que tenho que colocá-la na cama pois estava no hospital e lá possui incontáveis bactérias.

Deito Heloísa com cuidado e cubro seu pequeno corpo com o cobertor cheio de fadinhas da Helena. Sorrio e deixo um beijo em sua testa.

Vou em direção ao banheiro e tiro minha roupa colocando no sexto de roupas sujas. Na pia do banheiro tem uma chupeta e sorrio ao lembrar da minha neném. Tem um pouco de cada alguma em todos os lugares da casa.
Entro em baixo do chuveiro sentindo meu corpo relaxar. Depois de alguns minutos saio me enrolando na toalha e colocando um conjunto de moletom em seguida.

Deito na cama ao lado da minha princesa e a abraço. Sinto sua respiração calma no meu pescoço e beijo sua testa deixando o cansaço me consumir.

. . .

Acordo sentindo mãos pequenas tocar meu rosto. Continuo de olhos fechados sentindo pequenos dedos contornar meu rosto. Abro lentamente os olhos e me surpreendo ao ver Hellen.

H: Bom dia. - diz e continua com o carinho em meu rosto.

F: Ótimo dia. Adorei acordar assim. - Ela sorri de lado. - Tudo bem?

H: Sim. Obrigada por ter ajudado a Heloísa ontem. - suspiro me sentindo surpreso por suas palavras.

F: Não tem que me agradecer. Não fiz nada demais. - falo passando meus braços em volta da sua cintura a trazendo mais para perto.

H: Tem feito muito pela gente. Mas eu vou entender se não nos quiser mais. - fala com a voz embargada.

F: Como assim não querer vocês? - pergunto a olhando com dúvida. Do que ela está falando?

H: Eu percebi que se distanciou da gente esses dias. Está sempre desconfiado. Para de falar no celular quando chegamos perto. Entre outras coisas. - Suspira. - Podemos não entender muito das coisas mas eu sei notar quando há algo errado. - Dessa vez quem suspira sou eu.

F: Hellen, me perdoa se fiz vocês se sentirem assim. Não foi minha intenção. - olho em seus olhos que parecem o céu em um dia de chuva. - Eu amo vocês e eu quero vocês todos e os dias da minha vida.

H: Então o que está acontecendo? - perguntou.

F: Sinceramente eu não queria que vocês soubessem nada sobre isso pois sei que ficarão preocupadas e nervosas. - ela deita sua cabeça em meu peito. - Mas aconteceu algumas coisas no processo da Juliana e o juíz exigiu um laudo para saber se você... como eu posso dizer? - tento achar uma palavra que ela entenda mas não diga nada demais.

H: Ele quer saber se eu sou louca, é isso?

F: Basicamente, é isso. - beijo sua cabeça enquanto acaricio seus cabelos. - Mas não quero que pensem nada do tipo. Vocês não são loucas e possui total consciência das coisas. - Ela levanta se sentando de costas para mim. Me levando e sento atrás dela a abraçando e trazendo sua cabeça para meu peito. - O que foi?

H: Tenho medo dela conseguir o que quer. Heloísa merece ser feliz. - beijo sua têmpora confirmando.

F: Não só ela como vocês três. Todas merecem e se depender de mim, fazer o possível e o impossível para vocês se sentirem assim. - Hellen se solta do meu aperto e se senta de frente para mim.

H: Obrigada.

F: Já disse que não tem que me agradecer. - tiro alguns fios de cabelo do seu rosto.

H: Tenho sim. - sorri com os olhos marejados. - Você me enxergou além do que uma personalidade que a mente da Heloísa criou para proteger ela. E além disso, me enxergou mais do que uma pessoa bruta e sem sentimentos. Você me - suspira. - Você me enxergou Felipe.

F: Hellen... e-eu... - dessa vez sinto meus olhos marejarem. - Por que não me disse que se sentia assim?

H: E o que iria mudar? - nega. - Esquece isso, não precisa fingir que se importa comigo. - se levanta da cama indo em direção a porta. - Você se importando com minhas irmãs já é o suficiente para mim. - sai do quarto.

Passo a mão no cabelo e me levanto indo atrás dela. Hellen é muito mais do que uma personalidade da Heloísa.

A realidade é que eu amo as três de maneiras diferentes. Sinto por Heloísa um amor que quer proteger, cuidar e dar todo carinho que ela merece. Por Helena já sinto um amor um tanto quanto paternal, por mais que seja estranho. E por Hellen... Hellen é a única das três que eu enxergo como uma mulher e não como uma menina. Eu amo seu jeito de agir e de proteger as outras personalidades, eu amo cada detalhe de cada uma. Me sinto péssimo por não ter deixado claro isso para Hellen.

Bato na porta do seu quarto e escuto um entra. Abro a porta e vejo Heloísa deitada na cama. Suspiro.

F: Oi Helo. - falo e ela sorri.

H: Oi fefe.

F: Meu bem - sento na cama. - Sabe se a Hellen está acordada? - ela concorda.

H: Está, mas ela disse que está triste e não quer conversar por isso me acordou. - faz uma careta e dou risada. - Eu estava com sono.

F: Quer voltar a dormir?

H: Mas e a Hellen? - me olha confusa.

F: Eu me entendo com ela. - ela sorri virando de lado e fechando os olhos. Passo minha mão nos seus longos cabelos loiros.

H: O que você quer? - escuto sua voz.

F: Por que falou aquilo e saiu do quarto Hellen? - pergunto.

H: É a verdade Felipe. - suspira. - Se preocupe apenas em cuidar das minhas irmãs. - seu olhar se mantém na parede branca. - Tentarei aparecer o menos possível e irei protegê-las como posso.

F: Hellen, eu sei que você tem sentimentos e você também sabe porque acabou de me dizer. Será que apenas uma vez você pode falar o que sente? - pergunto irritado levantando.

H: Eu amo você Felipe. - meu coração acelera. - E não é da mesma forma que minhas irmãs. Quer dizer, Heloísa está no meio termo mas isso não vem ao caso. - murmura. - Mas mesmo sem entender nada sobre isso, sei que é amor. Porém eu sei também que não é recíproco, então, para evitar qualquer coisa, é melhor que eu não apareça mais. - sento na cama de frente para ela e olho em seus olhos cheios de lágrimas, o meu não demora a ficar da mesma forma.

Por que tem que ser tão difícil assim?

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