Capítulo 21

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Heloísa Carter

Fiquei estática após ouvir o que Felipe falou.
"Eu amo você"...
Ele já falou isso outras vezes antes mas dessa vez foi diferente, não sei explicar. Eu me senti estranha, uma sensação que jamais senti antes.

F: Ei. - me tira dos meus pensamentos. - Está me ouvindo? - concordo lentamente. - O que foi? - pergunta segurando meu rosto com as mãos.

H: E-eu não sei. - falo gaguejando. - Estou me sentindo diferente, mas não sei explicar. - ele sorri de lado.

F: Fica tranquila. Isso é normal.

H: Já sentiu isso antes? - pergunto.

F: A todo momento por vocês. - meu coração acelera mais ainda, se possível. Acho que ele percebeu pois riu e soltou meu rosto. - Desculpa. É muita informação para vocês.

H: Mas o que é isso? - questiono sem entender.

F: Isso é algo que você precisa descobrir sozinha tá? - faço bico. - Tem a ver com confiança e bem estar, ok?

H: Tudo bem... - falo por fim.

O episódio de mais cedo do meu pai e sua esposa falando dos seus filhos vem em minha mente. Eu estaria sendo uma intrusa na vida deles? Felipe disse que não mas "meus irmãos" poderiam me achar assim. Achar que quero roubar o pai deles. Suspiro sentando na cama. Felipe vem até mim e abaixa ficando da minha altura.

F: Meu bem. Se quiser dar um tempo, posso conversar com seu pai sobre isso ok? Mas preciso que entenda que é seu direito ter seu pai próximo a você assim como é direito dele te ter por perto. - suspiro. - Você não está fazendo nada de errado em se aproximar do seu pai. O que as outras pessoas vão pensar, é problema delas. Entende?

H: Mas e os outros filhos dele? - pergunto baixo. - Eles podem não gostar. Vão achar que quero roubar o pai deles. - pego o tom e o abraço.

F: Você não esta roubando nada. - passa a mão no meu cabelo. - Como falei, é seu direito, está bem?

H: Sim...

F: Acha que consegue me dar um abraço? - diz sorrindo e sorrio tímida também. O abraço sentindo meus músculos relaxarem. Felipe é a melhor pessoa que existe. As vezes tenho medo de tudo ser um sonho. - Que abraço mais gostoso.

Suas mãos vão para minha cintura e logo ele começa a fazer cócegas em mim.
Deito na cama rindo sem parar com os olhos fechados. Em algum momento abro os olhos e encontro Felipe em cima de mim. Minha risada para na hora e sinto o ar faltar. Tento me levantar mas ele é muito mais forte que eu. Começo a ficar desesperada e quando ele percebe se levanta rápido e me olha culpado.

F: Desculpa. Não quis te assustar. - ele fala mas sinto como se tudo estivesse em câmera lenta. - Helô, calma. Sou eu. Felipe. - escuto sua voz e ele me faz olhar em seus olhos. - Consegue me ouvir? - concordo minimamente. - Sou eu, fica calma. Não vai acontecer nada. - depois de muito tempo consigo respirar aliviada.

H: E...eu fiquei... - tento falar mas ele me interrompe.

F: Tudo bem princesa. Não tem problema. - ele sorri. - me desculpa por isso tá? Não quis te assustar.

H: Eu sei. Eu só me senti sufocada. Você não era mais você, eu vi o rosto dele ao invés do seu. - balanço a cabeça tentando afastar essa imagem.

F: Está tudo bem. Sou eu, o Felipe, ou fefe. - ele fala me fazendo sorrir. - Já passou, ok? Tá tudo bem? - sinto suas mãos passarem por meu cabelo e costas.

Espero que um dia eu consiga esquecer tudo isso e finalmente viver em paz.

Felipe Bellini

Depois do pequeno incidente no quarto, tentei fazer com que Heloísa relaxasse o máximo possível.
Assistimos filmes, comemos e aproveitei para começar a ensinar algumas coisas referente a leitura e escrita. Realmente, ela não sabia de nada.

Nesse momento estou na cozinha preparando algo para jantarmos enquanto Heloísa assiste Encanto, ela adorou esse filme. Ainda é cedo para pensar na janta, mas gosto de deixar tudo pronto.

Escuro meu celular tocar e pego o mesmo em cima da bancada vendo o nome do meu pai na tela.

F: Oi pai. - falo assim que atendo.

M: Oi filho, ocupado? - pergunta e escuto barulhos de buzina, deduzo que ele esteja dirigindo.

F: Não, apenas pensando no jantar. - suspiro. - alguma dica?

M: Eu adoraria comer um risotto hoje. - fala e eu dou risada começando a pegar os ingredientes.

F: Obrigado pela dica. - ele também ri. - Mas sei que não me ligou para me dar dicas gastronômicas.

M: Não, realmente. - sua voz muda. - Não tenho notícias muito boas.

F: O que aconteceu? - pergunto parando de mexer nas coisas.

M: Juliana Carter foi inocentada.

F: Está brincando comigo, não é? - pergunto querendo que isso não passe de uma brincadeira.

M: Não. O juíz disse que não tem provas suficientes que ela esfaqueou Heloísa. - suspiro me encostando no balcão.

F: Mas Heloísa afirmou que foi ela.

M: O advogado da Juliana fez  menções durante o julgamento dando a entender que Heloísa é louca. Até provarem o contrário, para ele Heloísa não tem posse de suas faculdades mentais. - era só o que me faltava.

F: Filha da puta. - soco o balcão. - Eu quero matar ela. Ela em liberdade é um perigo para todos, principalmente para as meninas.

M: Vou tentar resolver a situação. Mas vamos precisar de um laudo médico afirmando que ela não tem problemas.

F: Problemas ela tem, mas não é louca. - falo rindo sem humor. - Sabe que eu não posso fazer esse laudo pois ela mora comigo. Vou marcar uma consulta em um psiquiatra amigo meu e vou pedir esse maldito laudo. - falo nervoso e vejo Heloísa entrar na cozinha com uma carinha confusa. - Pai, eu preciso desligar, depois a gente conversa.

M: Ok, até mais. Te amo filho. - sorrio, meu pai pode ter pose de durão, mas sempre foi carinhoso com a gente.

F: Também te amo pai, da um beijo na mãe. - ele concorda e desliga. - Oi princesa. - falo com Heloísa que me encara.

H: Tudo bem? - fala baixo. - Escutei você gritar.

F: Está tudo bem, não se preocupe ok? - ela concorda. - Me ajuda com o jantar? - vejo seus olhinhos brilharem e ela concorda. - Então vem, temos bastante coisa para fazer. - Ela sorri se aproximando.

Preciso resolver isso o mais rápido possível. Essa mulher tem que pagar pelo que fez com minhas meninas.

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