Capítulo 2

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* Esse capítulo possui erros ortográficos propositalmente

Felipe Bellini

Observo o estado de Heloísa e percebo como é comovente. A mesma se encontra de olhos fechados balançando para frente e para trás ainda com as mãos nos ouvidos enquanto sussurra palavras desconexas. Intercalo meu olhar entre Heloísa e Mark. Suspiro, não queria fazer isso mas não tenho outra opção.

F: Mark, prepare para mim uma dose de calmante injetável, por favor. - peço susurrando. Ele concorda saindo do quarto e eu volto meu olhar para Heloísa.

Me aproximo devagar para não assusta-la. Ela tremia muito e sussurrava sem parar.

F: Oi Heloísa. Como você está? - pergunto mas ela parece não me ouvir, então me agacho em sua frente. - Eu sou o doutor Felipe, vim cuidar de você. - falo com um tom de voz calmo para passar segurança a ela.

H: Você não veio cuidar de mim. - seu tom é triste. Seus olhos logo se abrem e não é mais aquele azul que eu vi a poucos minutos atrás. Me assusto quando ela vem pra cima de mim tentando me derrubar e me chutar. - Ninguém vem aqui para cuidar da Heloísa, por que você faria isso? - pergunta gritando. Obviamente eu sou mais forte que ela e consigo contê-la. Vejo Mark entrar no quarto com uma seringa na mão. Tento segurar os braços dela mas a mesma se debate, afirmo com a cabeça para o enfermeiro e ele aplica o medicamento em seu pescoço. Observo os olhos azuis de Heloísa me encararem mas em poucos segundos se fecham e a sinto fraquejar.

Pego Heloísa no colo a deitando em sua cama. A cubro e percebo que bem no canto possui um urso de pelúcia sujo e velho. Alcanço o bichinho e o coloco entre seus braços.
Suspiro me virando para trás, Mark já não está mais aqui. Saio andando em direção a porta mas me viro novamente observando a garota loira. É nítido que uma de suas personalidades assumiu o controle e acredito ser a mais protetora delas.

——//——

Já são 22h e eu ainda me encontro no hospital. Conversei com os outros dois pacientes do subsolo e um deles aparentou ficar feliz por ter um médico os visitando, já o outro, acredito que nem entendeu o que eu disse por ter um certo grau de demência, irei realizar diversos exames e teste nos três para ter certeza do diagnóstico deles. Acabei passando também em algumas alas para conversar com alguns funcionários e todos me receberam super bem.
A verdade é que não quero ir embora sem antes saber do estado de Heloísa. Sei que é antiético me preocupar demais com um paciente do que com os outros, mas aparentemente ela é a que mais sofre aqui. Meu coração aperta só de pensar em quantas coisas ela já deve ter enfrentado.
Volto novamente a ala psiquiátrica. Vejo os dois enfermeiros se arrumando para ir embora e me pergunto onde estão os do turno da noite.

F: Onde estão os enfermeiros que irão assumir? - pergunto.

E: Não tem. - responde simples e pega sua mochila. - Estou indo embora antes que sobre para mim, tchau. - sai andando não me dando tempo de responder.

F: Não tem ninguém no turno da noite então? - pergunto olhando para Mark que suspira.

M: Até tinha, mas acabaram pedindo demissão e não contrataram ninguém depois disso. - responde. - Eu até ficaria mas, não posso. Tenho um filho me esperando em casa.

F: Claro Mark, eu entendo. - falo suspirando. - Vá para casa descansar. Pode só pegar para mim as fichas dos pacientes? - pergunto. Quero estudar mais o caso deles.

M: Sim. - ele da a volta no balcão e tira debaixo dele três pastas. - Agora se não se importa, preciso ir. - fala andando e eu aceno com a cabeça.

Olho para as pastas em minhas mãos e vejo que pelo menos o nome de cada paciente nelas.
Heloísa Cárter, Camélia Reis e Juárez Fernandes.
Vou até as portas e olho pelo olho mágico de cada uma. Dona Camélia e Juárez já se encontram dormindo. Paro em frente à porta mais grossa e suspiro. Percebo que Heloísa está acordada olhando ao redor com seu urso de pelúcia nos braços e não consigo conter um sorrisinho. Abro a porta cuidadosamente para não assusta-la.

F: Oi Heloísa, se sente melhor? - pergunto mas ela tomba a cabeça para o lado parecendo confusa.

H: A Helo tava dodói? - pergunta com a voz calminha, parecendo a de uma criança.

F: Digamos que sim. - falo e ela faz um bico muito fofo. - Eu posso entrar? - pergunto e ela afirma com a cabeça. Entro e encosto a porta. Me agacho ao seu lado na cama para ficar da altura dela.

H: Você é munito. - fala e da uma risadinha fofa e eu sorrio. Com certeza essa é mais uma personalidade de Heloísa, talvez a mais infantil delas. - Palece um plíncipe.

F: Muito obrigado. E você parece uma princesa. - falo e vejo suas bochechas ficarem rodadas. A coisa mais fofa que eu já vi. - Pode me falar seu nome, princesa? - pergunto.

H: Meu nominho é Lelena, mas você pode me chamar de Lê ou Lena. - fala e deduzo que seu nome correto seja Helena. - Esse aqui é o senhor tom. - fala me mostrando o seu urso de pelúcia.

F: Muito prazer senhor tom. - falo e pego no bracinho do urso fingindo o cumprimentar, vejo ela sorrir e seus olhinhos brilharem. Essa provavelmente é a primeira vez que alguém interage com seus pensamentos. - Me conte pequena, quantos aninhos você tem? - pergunto e ela levanta 4 dedos. Realmente essa é a personalidade infantil dela. - E você sabe me dizer em quantas são? - talvez seja um dos poucos momentos em que eu consiga adquirir algumas informações sobre elas então é melhor eu perguntar.

H: Sou eu, a Helo e a Hellen. A Hellen é a mais velha. - fala mas coloca a mão na boca dando um risinho como se não pudesse falar aquilo. - É segledo tá?

F: Sim senhora. - faço cócegas nela que ri de maneira extremamente infantil. - Seu segredo está guardado comigo e com o tom. Não é tom? - falo com o bichinho em sua mão.

H: Você quer blincar com a gente? - pergunta me olhando temerosa.

F: É claro, eu adoraria. - falo e ela sorri.

                                 ——//——

Exatas 3 horas da madrugada e a Helena continua acordada. Já brincamos com seu ursinho, de esconde esconde no quarto e agora coloquei ela para desenhar. A melhor forma de ver o pensamento de uma criança é através de desenhos.

Estou com meu celular na mão escrevendo todas as melhorias que precisam ser feitas aqui e reparo que está muito silêncio. Olho para Helena e a vejo debruçada na escrivaninha dormindo. Sorrio de lado e guardo o celular. A pego no colo e a mesma se mexe resmungando mas logo para. Foi tão fofo que minha vontade é nunca mais soltá-la. Coloco Helena sobre a cama e a cubro, colocando seu urso nos seus braços. Sorrio dando um beijo em sua testa mesmo sabendo que o profissionalismo passou longe. Saio do quarto trancando a porta indo direto pegar as pastas para ver o prontuário dos pacientes. Esse lugar não pode continuar assim.
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Um rápido aviso: normalmente eu sempre leito o capítulo depois para fazer uma breve revisão e corrigir alguns erros ortográficos ok? Então se verem que eu atualizei algum capítulo pouco tempo depois de ter publicado, é por esse motivo. Bjs 🥰

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