Capítulo 18

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Heloísa Carter
(Personalidade da Hellen no controle)

O caminho durante a casa do Felipe foi feito em silêncio. Um filme se passa pela minha mente lembrando de todos os momentos que já vivemos. Desde todos os abusos feitos pelo Jorge até o Felipe aparecer na nossa vida. De certa forma, agradeço muito a ele por tudo o que tem feito por nós. Mas será que realmente vamos ser felizes?

Vejo a velocidade diminuir e a gente parar em frente a um lugar com duas pequenas casas com uma barra na frente impedindo que passássemos. Felipe abaixa o vidro do carro e fala com um homem que apareceu na janela dessa casinha. Me encolho com receio e sinto Felipe segurar minha mão.

Eles conversam sobre algo e logo uma daquelas barras se levantam e o carro volta a se movimentar.

H: Onde a gente tá? - pergunto.

F: Chegando em casa. - fala e eu concordo ainda sem entender. Ele percebe e volta a falar. - Aqui é um condomínio fechado. Várias pessoas possuem casas aqui mas possui muita segurança. - olho para as ruas calmas vendo poucas casas nelas. - Somente pessoas autorizadas podem entrar.

O carro para em frente a uma casa extremamente grande. Felipe desce e abre a porta para mim sair também. Seguro sua mão e paro ao seu lado suspirando.

H: Quantas pessoas moram aqui? - pergunto e ele ri.

F: Só nós dois. - fala e eu abro a boca surpresa. - Não é tão grande assim Hellen.

H: Claro que é. - olho para ele que também me olha. Seu olhar profundo faz eu sentir um friozinho na barriga. - Por que está me olhando? - pergunto.

F: Não é nada. - fala desviando o olhar. - Vem, vamos entrar.

Entramos na casa e eu me surpreendo. É ainda maior por dentro. Nunca vou me acostumar com isso.
Sinto meus olhos marejarem. Jamais imaginei que poderíamos entrar em um lugar desse. Parece tão errado uma pessoa como eu pisar em um lugar tão luxuoso como a casa de Felipe.

F: O que foi? - pergunta me tirando dos meus pensamentos. - Não gostou?

H: Não é isso. - falo secando as lágrimas. - Eu só não deveria estar aqui. - me afasto dele.

F: E por que não? - se aproxima de mim. - É sua casa agora Hellen.

H: Felipe, é demais. - o choro vem com mais intensidade. - Eu sou suja, sou uma doente. Não posso entrar em um lugar assim.

F: Ei ei. - fala pegando na minha mão e me puxando para si. - Cadê a Hellen que eu conheço? Essa não é minha menina corajosa e destemida. - me abraça.

H: É a verdade... - ele nega me interrompendo.

F: Não. Não é a verdade. Hellen, você não é suja e muito menos doente. - nego. - Você possui detalhes que a tornam mais perfeita ainda. - ele me puxa para sentar. - Você merece muito mais do que um lugar para morar, você merece o mundo. Entendeu? - apenas concordo ainda sem acreditar.

Depois de um tempo finalmente me acalmei. Felipe me levou para conhecer a casa e a cada cômodo me surpreendia cada vez mais.

Depois de me mostrar seu quarto, paramos em frente a uma porta. Olho para Felipe que sorri e segura a maçaneta da mesma.

F: Por último, mas não menos importante, o quarto de vocês. - fala abrindo a porta. Havia uma mistura de nós três aqui dentro. Era simples e aconchegante como eu gostaria, calmo assim como Heloísa e alegre e colorido como Helena. - Gostou? - pergunta atrás de mim e eu olho. Corro para perto dele e o abraço com toda minha força.

H: Obrigada. - falo e sinto ele me tirar do chão. - obrigada por tudo e que tem feito.

F: Farei o possível e o impossível por vocês. - fala me abraçando forte.

[...]

Pela primeira vez na minha vida estou comendo um pedaço de pizza. É incrível! A melhor coisa que já comi na minha vida.
Comemos quase a pizza toda entre risadas e brincadeiras. Finalmente, me sinto em casa.

F: O que quer fazer agora que não está mais presa em um hospital? - pergunta juntando nossos copos e fechando a caixa da pizza.

H: Eu não sei. - falo suspirando. - Mas queria muito aprender a ler e escrever, se for possível.

F: É claro que é. Pode fazer o que quiser. - fala me dando um sorriso. - Vou providenciar isso, ok? - pergunta e eu concordo.

Conversamos por mais um tempo até eu sentir o sono chegar. Felipe percebe e logo me acompanha até o quarto.

Entro no banheiro e percebo como o chuveiro daqui é diferente do que tinha no hospital. Ligo o mesmo e me surpreendo ao sentir a água quente se chocar contra minha pele. Que sensação maravilhosa.
Tomo meu banho querendo morar ali de baixo mas saio me enxugando e colocando um pijama que a mãe do Felipe comprou. Eu não vi ela, mas espero que ela seja tão boa quanto Felipe.

Estou me arrumando para deitar quando escuto a porta bater. Me levanto e abro vendo Felipe parado ali na frente. Ele está vestindo roupas leves e está com o cabelo molhado.

F: Bom, vim te dar boa noite. - sorri. - Se precisar de algo, pode me chamar, por favor. - concordo sorrindo. - Está confortável? - pergunta.

H: Mais confortável impossível. - falo.

F: Fico feliz. - ele sorri e fica me olhando.  - Boa noite Hellen. - fala após um tempo. Não consigo evitar e o puxo para um abraço.

H: Obrigada Felipe, por tudo.

F: Tudo por vocês, meu bem. - me abraça de volta e sinto um beijo na minha cabeça. Sorrio olhando para ele e me afasto tímida. - Qualquer coisa estou aqui do lado. - fala e eu sorrio concordando.

Observo ele andar até a porta ao lado e me olhar novamente. Entro no "meu quarto" e fecho a porta sorrindo.

A sensação que sinto no momento é indescritível. Eu finalmente me sinto bem.
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Oiii

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