Prólogo

565 20 76
                                    

Ouçam: Andante in C minor - Nicholas Britell

_______

Primavera — A chegada da herdeira de Birmingham.

Os fortes trovões daquela noite chuvosa abafavam os gritos de dor da rainha que fazia todo o esforço que tinha para colocar seu herdeiro ao mundo. Fora daquele quarto abafado, onde duas parteiras olhavam com pesar para a mulher ensanguentada, estava o rei andando de um lado para o outro, aflito.

— Já se passaram horas! Até agora nada! — suas mãos afundavam os dedos no cabelo enquanto sua mente trabalhava em inúmeras possibilidades.

— Alteza por favor, se acalme. — pediu uma das empregadas em frente a porta, impedindo que ele entrasse.

O homem nada dizia, apenas andava de um lado para o outro preocupado e sem notícias de sua mulher e criança. Mais um trovão partiu o céu, fazendo as vidraças do palácio tremerem pela tamanha força. De um lado do grande corredor um pai agoniado e de outro um ambicioso da mais alta sociedade se divertindo com o sofrimento do rei.

Elliot Vicuña.

Com seu charuto em mãos ele olhava para a janela a sua frente e observava a chuva descer com tanta força que mal via as gotas corretamente.

— Que dia mais perfeito para colocar uma criança ao mundo, não acha Murillo? — gargalhou tragando a fumaça. Ele não poderia estar mais feliz.

E então um choro forte e agudo foi escutado. Cessando qualquer trovão que caísse naquele momento o choro da criança que acabava de vir ao mundo ecoava pelas paredes do castelo, acalmando finalmente o coração do soberano.

A porta foi aberta e com um sorriso no rosto a parteira anunciou o que estava prestes a ser o pior pesadelo do rei:

É uma menina!

Era real. Não havia mais volta.

— NÃO! — O rei caiu de joelhos, sem forças para continuar em pé. Sentiu seu chão se abrir e lhe tirarem de uma só vez o seu coração.

— Sim! SIM! SIM! — Elliot gargalhou mais alto, repetindo inúmeras vezes aquela palavra. — Temos uma menina! — abriu os braços agradecendo aos céus por aquela dádiva.

Alexandre soluçou em lágrimas e se culpou por fazer tão mal a uma pobre alma que acabará de nascer. A pequena não sabia, mas estava fadada a um destino totalmente cruel e pagaria pelos erros dos outros.

— Diga-me querida, qual o nome da princesa? — Elliot não conseguia conter o sorriso de tamanha felicidade.

A parteira exitou quando um raio clareou toda a janela ao lado deles. A chuva se tornou ainda mais forte, talvez como obra do destino fazendo uma trilha sonora perfeita para o sofrimento do rei.

— Raquel. — disse, docemente. — O nome da princesa é Raquel.

________________
Notas da autora:

Esse foi apenas o prólogo! O primeiro capítulo sai amanhã, comentem o que acharam por enquanto 💖

Quero avisar que os capítulos terão músicas (muitas delas serão trilhas sonoras, como essa do capítulo) é muito importante que ouçam para sentirem a emoção junto a leitura!

Beijos e até o próximo 😘

Sociedade Secreta: A filha do reiOnde histórias criam vida. Descubra agora