Capítulo 24

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No palácio. Quarto da princesa — Decisão.

Raquel fechou a porta do quarto, com a respiração completamente descontrolada. As palavras de seu pai não saiam da mente se reproduzindo com um 'looping' agoniante. Ela se sentia impotente e perdida, não conseguia formular em mente nenhuma resposta para a situação que se encontrava então se jogou na cama e se entregou completamente ao choro.

Ela não soube ao certo quando as lágrimas deram espaço para o sono. A vista embaçada e o cansaço mental a fizeram dormir e se esquecer, por hora, todo o mar de tristeza que se encontrava. Mas quando se trata de Raquel Murillo, nada é por acaso. As coincidências são sinais do destino e um sonho lúcido fez questão de lembrar toda a sua dor:

• • •

Raquel se encontrava em um corredor escuro e repleto de portas nas laterais. As únicas luzes vinham das brechas das portas, indicando o caminho que ela poderia andar. Uma mão tateava a parede enquanto a outra percorria por todas as maçanetas, porém nenhuma abria.

— RAQUEL!

Um grito estridente arrepiou Raquel da cabeça aos pés. Ela reconheceu a voz no mesmo instante, era Philip.

— Philip? Onde você está?

— RAQUEL, ME AJUDA! POR FAVOR!

Seu coração se acelerou e no desespero, Raquel começou a correr na direção da voz e tentou abrir as portas. O grito de dor de Philip continuava cada vez mais alto, o que fez Raquel se apavorar. As portas não se abriam e o corredor parecia aumentar de tamanho toda vez que ela chegava perto do final, como um 'looping'. De repente os gritos dele cessaram e Raquel parou seus passos em frente a uma porta. Ela abriu a mesma e encontrou a cena mais aterrorizante da sua vida: Philip estendido no chão com o corpo repleto de sangue e numa tentativa de falha de se manter acordado.

— Philip! — Raquel correu ao seu encontro, tomando o rosto dele em mãos. — Fica comigo! Por favor! — lágrimas encheram seus olhos. — Fica comigo!

— Raquel. — a voz dele saiu quase como um sussurro. — Por que você deixou eles fazerem isso comigo?

— O quê?

— Por quê? — o sussurro se tornou uma fala mais auditiva. — A culpa é sua!

— A culpa é sua, Raquel! — Philip não estava mais com a expressão de dor no rosto, mas Raquel não conseguia parar de chorar. — A culpa é sua!

— N-não... Philip, me escuta. — Raquel se desesperou.

— A CULPA É SUA! — Gritou, assustando Raquel. — A CULPA É TODA SUA!

A voz que antes era somente de Philip, se multiplicou:

— Você não sente vergonha, Raquel? Ele morreu por sua culpa. — a voz de Alícia se misturou com a dele e Raquel olhou em volta, procurando por ela, mas se encontrou completamente sozinha.

— Você sempre toma decisões erradas! — Alexandre gritou.

Raquel se levantou quando percebeu que o corpo de Philip não estava mais em seus braços. A sala parecia menor e as palavras dos familiares atingiam Raquel cada vez mais.

— Você me decepcionou, Raquel. Como sempre. — a voz de Mariví se juntou aos demais.

— Parem! — pediu, exasperada, sentindo tudo ao seu redor começar a girar.

— A CULPA É SUA!

Todas as vozes se misturaram, gritando diversas vezes as mesmas palavras. Raquel tapou os ouvidos com as mãos enquanto gritava para eles pararem, mas foi em vão, elas continuavam aumentando. Raquel estava assustada, seu ritmo cardíaco aumentou, a deixando próxima a um ataque de pânico.

Sociedade Secreta: A filha do reiOnde histórias criam vida. Descubra agora