Sociedade Secreta: A filha do rei

Capítulo 01

Birmingham. Noite do baile — O grande encontro.

No salão principal bailavam todos os convidados do rei, a música alta e os pares dançando em perfeita sincronia enchiam os olhos de qualquer um que olhasse. O barulho de taças brindando e risadas combinavam com o clima agradável que se instalava nas paredes do castelo. Príncipes, princesas, duques, marquesas, haviam diversos títulos naquele salão. Enquanto alguns nobres dançavam, outros faziam negócios, um baile como aquele era uma ótima oportunidade para se fazer aliados, ainda mais sendo todos convidados de honra do rei.

Sentada no trono ao lado de seu pai estava ela: princesa Raquel. Os boatos sobre a princesa mais adorável de todos os reinos não condiziam nenhum pouco com a garota que se sentou jogada sobre a poltrona e se debruçou em tédio.

— Raquel, melhore essa postura! Estão todos comentando. — o rei sussurrou próximo à filha.

— Quem sabe assim não desistam de mim de uma vez. — a garota debochou rindo, mas ao perceber que seu pai não achou graça, ela se sentou corretamente. — Me desculpe, pai.

— Filha, todos estão aqui por você. — colocou uma mecha de cabelo dela atrás da orelha. — Pode pelo menos fingir que está feliz, meu amor?

Ela nada respondeu, concordou e forçou seu melhor sorriso olhando para o público a sua frente. O rei a deixou sozinha e se misturou no meio da multidão, discutir com a filha não era uma boa opção no momento. Raquel estava cansada, aquela era mais uma das tentativas falhas de seu pai para agradá-la, principalmente por saber que por trás daquele evento o pai já tinha intenções de avaliar os seus possíveis pretendentes.

Um sorriso verdadeiro surgiu nela ao ver Ricardo adentrar o grande salão ao lado de Mônica, o casal apaixonado ria cochichando algo que somente os dois entendiam. Eles se aproximaram de Raquel, que praticamente agradeceu por eles lhe tirarem daquela chatice.

— Ei loira, melhora essa carinha. — o mais velho apertou sua bochecha e deu risada, risada essa que poderia ser reconhecida de longe.

— Não vai dançar hoje, Quel? — Mônica usou o apelido que tinha com a amiga. — Você recusou até o convite do marquês, e olha que dança sempre com ele.

Mônica olhou de canto de olho para o marquês, o homem tinha seus olhos vidrados na conversa das duas e praticamente esperava por qualquer sinal de Raquel. As duas riram.

— Hoje eu não estou no clima.

— Você está sim! — Ricardo pegou sua mão e a obrigou a amiga a se levantar. — Aceita dançar comigo, alteza? Prometo que não vou pisar no seu pé.

— Você disse isso da última vez. — Raquel entrelaçou sua mão na dele e ele fez uma reverência, somente por tradição, já que Raquel não gostava que eles a tratassem como princesa. Para eles, ela seria somente amiga.

— Amor. — ele chamou a namorada antes de afastar com Raquel para o salão. — Prometo ser apenas uma dança, mas não garanto que ela não vá se apaixonar por mim.

— Estou morrendo de medo dessa possibilidade. — a cacheada riu e viu eles de afastarem.

Ouçam: Charms — Abel Korzeniowski

Os convidados ao perceberem a presença de Raquel se afastaram liberando o salão para os dois. Ela não se importou de ser o centro das atenções, já estava acostumada desde pequena a bailes e ocasiões do tipo. Ricardo a reverenciou mais uma vez e quando a música começou a tocar ele segurou na cintura de Raquel com uma mão e com a outra entrelaçou na dela. A girou pelo salão e deu início a uma dança calma sem desviar o olhar um do outro.