Capítulo 12

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                      Cinco anos atrás •

No quarto da princesa — confissões de melhores amigos.

Raquel estava em seu quarto, deitada com Martín. Os dois conversavam animadamente até que o assunto acabou se esgotando e eles ficaram em um silêncio confortável, como muitas outras vezes.

— Você está tão quietinha. — Martín passou os dedos nos fios dourados da amiga, que estava deitada em seu colo.

— Eu estava pensando aqui. — ela ergueu o rosto. — Como será que vamos estar daqui uns anos?

— Você provavelmente vai estar casada.

— Será mesmo?

— Raquel, você é a pessoa mais romântica que eu conheço! Eu não dúvido que se case hoje mesmo.

A princesa não se conteve, caiu na risada.

— Lembra quando éramos pequenos? — ele assentiu. — Vivíamos dizendo que nos casaríamos com príncipes e princesas encantadas.

Martín sorriu lembrando da época e sentindo uma nostalgia.

— Algumas coisas mudaram. — ele admitiu, desmanchando o sorriso que tinha. — Ao menos um dos dois vai se casar.

Raquel franziu o cenho e se levantou do colo dele.

— Como assim, Má? — se sentou de pernas cruzadas, na frente dele. — É óbvio que você também vai se casar um dia. Se você quiser é claro. Mas o que estou querendo dizer é que você também vai encontrar alguém.

— Quel... — desviou o olhar do dela. Ele tinha receio de falar sobre o assunto. — Eu acho que nunca vou me casar com uma mulher.

O semblante de preocupada de Raquel se desfez, dando espaço para um singelo sorriso.

— Martín. — ergueu o rosto dele com o indicador. — Quem disse que eu estou falando de mulheres?

De início, ele não entendeu o que a frase significava, mas ao ver os olhos dela brilhando e um sorriso tão bonito se abrir para ele, ele assimilou: ela já sabia.

— Você não vai dizer que isso é errado ou...

— Ei! — interrompeu antes que ele dissesse um absurdo. — Nenhuma forma de amar é errada. Coloque isso na sua cabeça, estamos entendidos?

Ele não respondeu, apenas puxou ela para seus braços em um abraço apertado e repleto de amor. Raquel era sua melhor amiga, quase uma irmã, ele se repreendeu por pensar que ela agiria de outra forma quando o assunto viesse à tona. Mais uma vez Raquel lhe mostrou ser um ser humano incrível e que sempre o apoiaria.

Eles continuaram conversando deitados na cama e se esquecendo do mundo lá fora, como sempre faziam pela noite, mas agora o tema da conversa era outro:

— E se não fossemos da realeza. — Martín franziu o cenho. — Digo, se fossemos pessoas comuns. Como seríamos? Você acha que eu me pareço com uma camponesa?

— Raquel Murillo uma camponesa? — fez uma careta. — Deixe-me ver.

Segurou o rosto da amiga e fingiu estar pensando.

— Você tem cara de ladra, isso sim!

— Martín! — Raquel riu alto, cobrindo o rosto com as mãos. Os comentários de Martín eram os melhores.

— Estou falando sério. — ele soltou um pequeno riso  — Você seria uma ótima ladra se não fosse uma princesa.

— De onde você tirou isso?

— Eu também não sei, mas me parece. — os dois tornaram a rir.

— E o que você acha que eu seria?

Raquel copiou o gesto de Martín, analisando todo o rosto do homem.

— Você seria ladrão junto comigo, é claro! — ele cerrou os olhos, ouvindo Raquel rir ainda mais, e jogou uma almofada contra seu rosto.

Ouçam: Funny Business — Alice Merton

Eles continuaram a conversa até ela sugerir que eles fizessem algo divertido já que na manhã seguinte ela acordaria cedo para suas aulas de piano. Ficaram um bom tempo pensando até Raquel se lembrar de uma caixa com vestidos guardada em seu armário e a ideia de fazerem uma festa do pijama — que Martín chamou de festa dos vestidos — surgir.

Eles encontraram algumas perucas no fundo da caixa e Raquel revelou que elas eram da sua tia, por parte de mãe, e Martín riu a ponto de doer a barriga, ele não imaginaria nunca que a baronesa que os visitava usava peruca já que a mulher vivia se gabando dos cabelos "naturais".

Os dois se distrairam escolhendo as perucas e entre uma prova de vestido e outra, Martín deixou com que Raquel passasse maquiagem nele. Quando os dois ficaram devidamente prontos — mesmo com uma combinação de roupa totalmente estranha — eles desfilaram pelo quarto, imaginando que estavam diante de uma enorme plateia.

Riam como duas crianças, quando estavam juntos não existia tempo ruim ou problemas.

Quando a música na vitrola mudou para uma mais animada, Raquel subiu na cama e chamou Martín para dançar junto a ela. Os dois sabiam exatamente os passos de dança daquela canção.

— O que está acontecendo aqui?

Mônica, Silene e Ágata colocaram os rostos para dentro do quarto, vendo Raquel dançar na cama e acompanhada de Martín  que usava uma peruca loira.

— Estamos en una fiesta!

Martín saltou da cama, rindo, e foi até as meninas para trazê-las para a festa.

— Escolham um cabelo e venham! — Raquel gritou, por causa do som da música.

As mulheres escolheram perucas coloridas e se juntaram aos dois na cama, dançando enquanto cantavam a música já conhecida por eles. Por sorte a cama de Raquel era espaçosa e dava para os cinco se divertirem a vontade.

Passaram a noite dançando e pintando seus rostos com a imensa quantidade de maquiagem que Raquel possuía. Eles não se importaram com o horário até ouvirem batidas na porta e a princesa correr para desligar o som.

Quando Raquel abriu a porta, Alexandre viu surgir uma garota com batom borrado e cabelos embaraçados por uma calcinha presa na cabeça.

— Raquel, já se passaram da meia-noite e o castelo inteiro consegue ouvir os gritos de vocês!

Alexandre passou as mãos pelo rosto, impaciente, e olhou para os demais no quarto que se encontravam do mesmo jeito que a filha.

— Para a cama! Agora.

— Já estamos indo, pai. — abaixou o rosto, segurando a risada que insistia em sair.

Quando ela se viu livre do pai, fechou a porta a começou a rir alto da situação e acompanhada pelos amigos.

Eles não iriam dormir tão cedo.

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Notas finais:

Capítulo de hoje foi super levinho pq no próximo o clima não vai estar o mesmo👀

Espero que tenham gostado!

Sociedade Secreta: A filha do reiOnde histórias criam vida. Descubra agora