CAPÍTULO 11

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Gabriel


— Só mais um minuto. — sussurra Hazel, passando o algodão molhado de antisséptico no corte da minha bochecha direita.

Hazel é uma das strippers que trabalham aqui. O corpo moreno está coberto de glitter, assim como os longos cabelos castanhos e a lingerie rosa que se destaca. Ela é a única em que está lúcida o bastante para me ajudar e que se disponibilizou para isso.

Brinco com o copo de whisky nas minhas mãos, enquanto penso em toda a merda de ontem.

Desde que cheguei aqui, há oito horas, eu apenas pedi uma garrafa de whisky e me embebedei até que acabei dormindo sobre o balcão. Hazel me encontrou há alguns minutos, ainda sobre o mesmo lugar, bebendo mais whisky para me curar da ressaca.

A única coisa boa que aconteceu ontem e que me fez feliz foi ver Emily de novo. Estava esperando encontrá-la da mesma forma como todos os outros dias nos últimos anos, mas ela estava ainda mais linda do que jamais havia visto. E era aquele idiota ao lado dela naquele momento, não eu.

Apesar da minha ideia horrível de apanhar dele, ficar por uns minutos com Emily fez valer a pena. Quando a vi sumir dentro do carro preto naquele dia, me senti inútil e um fracassado. Sempre prometi a Em, desde que éramos crianças, que a protegeria de tudo e de todos, mesmo sabendo que teria que me esforçar para fazer isso virar realidade.

Eu só espero que toda essa palhaçada tenha enganado Thomas e os outros por enquanto.

— Você consegue me arrumar gelo? — pergunta Hazel a Bryan, o barman.

— É claro. — concorda, abrindo o freezer de bebidas e tirando um saco de gelo.

— O incrível é que você não está nem reclamando. — sussurra ela para mim.

— É porque ele está bêbado que nem um gambá. — Bryan sorri, despejando um pouco de gelo em um pano.

— Desde quando ele está bebendo álcool?

— Desde das duas da manhã.

— E quanto que ele bebeu?

— Uma garrafa de whisky e outra de vodca. — e entrega o pano a Hazel. — Tive que limpar a baba dele no balcão porque pegou no sono aqui mesmo.

— E você continuou dando bebida pra ele depois que acordou? — pergunta raivosa, me entregando o pano e me fazendo pressionar no rosto.

— Eu sou um barman, não uma babá. — e enche de novo meu copo, como se a provocasse.

— Chega. — ela pega a garrafa da mão dele.

— Qual é, deixa o garoto beber. — Bryan sorri. — Ele nem está prestando atenção na gente.

— Eu estou bêbado e não surdo. — resmungo, pressionando o gelo.

— Você precisa parar de beber. — fala Hazel, catando o meu copo quando tento tomar mais um gole.

— E você precisar parar de pegar a bebida dos outros.

— Você não está bem. — ela suspira, e depois bebe do meu whisky. — Você nunca bebeu, não é?

— Não o subestime. — fala Bryan. — Na primeira vez que apareceu aqui, há uma semana, bebeu uma garrafa de whisky inteira.

Hazel me olha com uma cara de desaprovação e quase sinto medo, quase. A garota deve ter no mínimo vinte anos, mas está parecendo uma mãe com toda essa bronca.

Ela dá um soco no meu ombro.

— Ai. — resmungo.

— Isso não é saudável, idiota. — fala, mas me empurra de volta o copo.

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