— Erick... — sussurro, franzindo o cenho, sentindo a minha garganta seca. — Isso é mesmo verdade?
Erick me observa com cautela, percebendo minha desconfiança e meu choque.
— Você era muito pequena quando a vi aquele dia. — comenta, sorrindo pela lembrança. — Meu pai estava mostrando uma casa pra um casal de amigos dele e estávamos do lado de fora quando eu te vi. Todos os adultos estavam conversando sobre a casa e os problemas, então eu fui o único que te viu pegar a carteira da bolsa daquela mulher. E quando você percebeu que eu estava te observando, você me encarou de volta e juro que meu mundo parou por um segundo. — Erick coloca uma mecha do meu cabelo atrás da orelha, enquanto fico confusa a ouvir isso já que não me lembro desse acontecido.
— Espera. — peço. — Eu... eu roubei a carteira de alguém quando era pequena?
Erick compartilha da minha confusão e sua testa se enruga, me observando com interesse.
— Você não se lembra? — pergunta, decepcionado.
— Não. — sussurro, balançando a cabeça. — Tudo que eu lembro é de quando estávamos sentados na frente da minha casa.
— E depois disso? — questiona, engolindo em seco.
— Não, eu... eu não consigo lembrar. — respondo, franzino o cenho, intrigada comigo mesma ao perceber a confusão que está ocorrendo dentro das minhas memórias.
— Você lembra quando prometeu pra mim que tomaria conta do colar? — pergunta, pressionando suas mãos na minha cintura ao se aproximar.
Olho para ele, sentindo meus olhos queimarem pelas lágrimas ao perceber que esqueci partes das minhas lembranças com ele.
— Não. — murmuro, soluçando. — Por que eu não lembro disso?
— Eu não sei, linda. — fala, acariciando meu rosto com gentileza. — Mas isso torna o que eu vou te dizer ainda mais difícil.
— O que foi? — deixo o algodão de lado e apoio minhas mãos em seu peito.
— É sobre o seu pai. — ele fecha os olhos e suspira antes de continuar. — Eu o conheci aquele dia.
— Conheceu? — repito e meu coração acelera. — Como ele era? Qual era o nome dele?
— Você não sabe o nome dele?
— Minha mãe nunca me contou.
— Era Miguel. — responde Erick, abrindo um sorriso. — Ele era gentil, muito gentil, e te amava.
— Se me amasse de verdade, ele não teria me deixado. — rebato, enquanto as lágrimas que estava tentando segurar finalmente rolam pelo meu rosto.
— Ele não deixou. — interrompe Erick, com a expressão triste que faz minha vontade de chorar aumentar. — Quando eu vi seu pai pela primeira vez, ele disse que você e ele estavam estudando as anotações dele em casa.
"Por causa da classe social que Miguel se encontrava, o meu pai não quis dar uma chance a ele, mas eu sim. Pedi a Miguel pra nos mostrar as anotações e disse que nós daríamos uma chance a ele caso fosse realmente bom. Então, Miguel nos levou até a sua casa e meu pai e o seu conversaram, enquanto você e eu estávamos do lado de fora. Os dois saíram alguns minutos depois e ouvi o meu pai dizer algo pro seu. Algo como "estarei te esperando no carro como combinamos". Quando meu pai começou a me empurrar até o carro, eu perguntei a ele o que quis dizer quando falou aquilo pro Miguel, e ele me respondeu que havia dado um emprego pro seu pai. Eu estava feliz, estava muito feliz, porque achei que tinha conseguido arranjar uma vida melhor pra sua família, mas meu pai acabou com tudo. Quando perguntei aonde Miguel iria trabalhar, ele apenas disse: ''bem longe daqui''. Desde pequeno eu sabia como meu pai era e que tipo de homem havia se tornado, e na mesma hora em que ele disse isso eu soube que tinha estragado tudo. A última vez que vi o seu pai, ele estava sendo levado pra algum lugar com o meu. Eu tentei arrancar informações quando cheguei em casa, mas tudo o que o meu pai disse é que tinha feito a coisa certa. Foi minha culpa, Em. Eu sinto muito.''
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Uma Nova Chance
Romance🥇LUGAR NA CATEGORIA MELHOR FINAL DO PROJETOCOSMICO 🥇LUGAR NA CATEGORIA MELHOR RESSURREIÇÃO DO LEAGUE OF LEGENDS 🥈LUGAR NA CATEGORIA ROMANCE DO CONCURSO LEAGUE OF LEGENDS 🥈LUGAR NA CATEGORIA ROMANCE DO CONCURSO BELAS FLORES 🥈LUGAR NA CATEGORIA R...