Uma Nova Chance

CAPÍTULO 15

— O quê? — sussurro, sem conseguir acreditar nas palavras de Erick.

Meu corpo todo está fervendo em resposta ao contato da pele dele e o frio não me incomoda mais. Os dedos de Erick continuam no meu rosto, acariciando a minha pele em pequeno círculos, em um gesto gentil e carinhoso que eu nunca havia presenciado por ninguém.

Tenho certeza que se as pernas de Erick não estivessem me prendendo, eu estaria no chão nesse momento.

— Preciso que diga que não sente o mesmo que eu. — sussurra, em um som quase inaudível. — Preciso que me diga que não sente seu coração bater tão depressa que parece que vai explodir, ou que não sente as mãos suarem de nervoso ou que não sente vontade de me beijar toda vez que me vê, assim como eu sinto ao te ver. — ele desce os olhos para a minha boca, e me pego fazendo o mesmo. — Só diga que não sente nada disso e então vou entender e te deixar em paz.

Fecho os olhos, cobrindo as mãos dele com as minhas.

— Não posso. — murmuro, quase sem fôlego.

Vejo a sombra de um sorriso passar pelo seu rosto, enquanto seus olhos passeiam pela minha face em busca de alguma outra reação que não seja choque.

E então ouço e Erick também, e nós dois nos viramos.

— Eu não vi nada. — fala Eva, erguendo as mãos, parada no meio do corredor enquanto nos encara.

Erick se afasta, olhando entre mim e ela, e depois pega o cobertor para poder me cobrir novamente.

— O jantar está quase pronto. — anuncia, para ninguém em particular, enquanto se afasta de mim e volta a ficar ao lado do fogão.

Olho para Eva, percebendo que está tentando esconder um sorriso enorme, e minhas bochechas coram ao imaginar se ela ouviu tudo que Erick disse.

— Então. — começa Eva, quando me sento de volta e ela ocupa a cadeira ao meu lado. — Tudo certo por aqui?

Erick não responde, apenas começa a adicionar o macarrão a sopa, e me encolho contra o assento, com o cobertor parecendo ainda mais quente agora.

— Aqui, querida. — fala Eva, e a vejo tirar do bolso do short de dormir o meu celular.

— Obrigado. — agradeço.

Pego o aparelho e começo a jogar algo para tentar me distrair e fazer com que meu rosto volte a cor normal.

Erick quer me beijar.

Quase comemoro internamente ao lembrar de tudo que ele acabou de sussurrar para mim. Todos os sentimentos e sensações que sinto ao olhar para ele ou quando simplesmente está perto de mim.

Ergo meus olhos para observar Erick no fogão. Ele está de costas para nós, com o pano ainda pendurado no ombro e mexendo a panela. Seus dedos estão batucando contra o mármore, parecendo impaciente, enquanto a outra mão está segurando uma colher de pau para mexer o caldo. As costas largas estão suadas e sua calça define bem até demais a sua bunda.

Desvio o olhar dele para Eva, que já está me observando despir o filho descaradamente na sua frente. Mas em resposta, a senhora apenas sorri.