CAPÍTULO 29

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Gabriel

Passo a mão pelo cabelo, tentando mantê-lo no lugar enquanto o vento forte acerta o meu rosto.

Michael ao meu lado está em silêncio, a música do carro sendo ao único som presente. Mesmo que eu adorasse esse silêncio em outro momento, os sentimentos dentro de mim estão me matando.

Emily me deixou de uma forma que me machucou mais do que eu gostaria. Sim, eu sempre soube que a perderia para Erick de uma forma ou de outra, mas ainda dói. Quando Jessy me visitou, ela me contou a história por trás dos dois e o que mais me irritou quando a ouvi falar foi saber que Jessy não iria desistir mesmo sabendo de tudo.

O pingente em que observei pendurado no pescoço de Emily parecia me provocar e debochar da minha cara sempre que me via, enquanto a todo instante as malditas palavras de Jessy me atormentavam a noite, mesmo que Emily estivesse ao meu lado na cama.

A pior dor era saber que esse dia chegaria, que a veria nos braços de Erick mesmo sabendo que já esteve nos meus. Ou saber que estava deitada na cama dele, quando ela foi minha companhia e a presença que bastava para me fazer dormir.

Saber que Dylan também tinha uma queda por Emily não me preocupava, era até estranhamente satisfatório ver o ciúme nos olhos dele sempre que a via ao meu lado.

E claro, outro membro da família Clifford em que é bem transparente no requisito ciúmes é a Jessy. Era óbvio a satisfação dela ao ver Emily e eu juntos por pensar que Erick ficaria fora de cena. Achar que Emily deixaria os sentimentos dela por Erick desaparecem, apenas porque estava comigo, foi o pior erro que Jessy poderia ter cometido.

E o meu pior erro foi ter dormido com ela.

Admito que o álcool não foi um bom amigo e que foi ele que me fez perder um pouco a cabeça. Acho que eu estava com tanta raiva, tanta mágoa e tristeza que não reparei no que estava me metendo, ou, no fim, só estou tentando me convencer disso. Talvez seja uma desculpa para eu não pensar que estava completamente consciente durante todo o processo.

Admito que por alguns minutos parecia que eu estava na presença de outra pessoa. Não era Jessy Clifford que estava conversando comigo em frente a lareira, que em um momento falava sobre Erick e que no outro estava contando sobre a sua vida durante a infância. Por um segundo devo admitir que ela parecia até bonita aos olhos, mas claro, sem a obsessão toda por Erick e a triste história que passa com os pais.

Suspiro quando percebo quais os meus pensamentos nesse momento e tento me distrair.

— Ver você pensando tanto está me preocupando. — fala Michael.

Olho de relance para ele, antes de voltar a observar a paisagem da cidade grande.

— É difícil não pensar agora.

— Eu sinto muito por isso, a propósito. — fala, desviando os olhos da estrada por um segundo. — Você parecia gostar muito dela.

— Eu a amo, essa é a verdade. — digo, me sentindo estranho ao dizer essas palavras. — Mas vou mentir se disser que não esperava que isso acontecesse.

— Como assim? — ele franze o cenho.

— Qual é, Michael. — deixo minha cabeça se apoiar no encosto do banco. — Quero dizer, sou eu contra Erick Prior, qual seria a minha chance?

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