CAPÍTULO 23

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— Madrinha... de casamento? — pergunto, e ela balança a cabeça. — Do seu casamento?

— Isso. — o sorriso dela se alarga. — Tenho certeza que esse vai ser a maneira mais fácil pra nos darmos bem, enquanto você me ajuda a planejar o casamento.

— Você não tem outra amiga? — questiono, e a mão de Gabriel encontra a minha.

— Elas vão ser minhas madrinhas também, mas você vai ser a que manterei mais próxima. Quero que nossa amizade dê certo.

Ela pega minha mão que está na taça e a cobre com seus dedos magros, enquanto me olha com expectativa.

Sei que Erick e Gabriel estão olhando para nós, talvez estejam esperando um comportamento similar ao da notícia do casamento em que recebemos no apartamento, que não deixou Berta nem um pouquinho feliz.

Relembro do dia em que conheci Jessy. Entrei logo em seguida do Sr. Prior e ela se levantou para ficar perto dele. Quando que seus olhos recaíram sobre mim, eu soube que a chance de fazermos amizade foram reduzidas a zero. Ela decidiu me odiar assim que pronunciei meu nome.

Mesmo sabendo que Jessy me odiava, jamais gostei do que fiz com ela, jamais quis tirá-la do emprego que a tanto tempo foi seu. Mesmo assim eu tinha esperança de que poderíamos ter uma amizade um dia. Mesmo quando me olhava de uma maneira que me arrepiada dos pés a cabeça, mesmo quando dizia coisas que me machucavam e que apenas tentei ignorar.

Mas não depois daquele tapa.

Ao lembrar da sensação dos dedos dela no meu rosto, do porquê ela fez o que fez, e que essa mesma mão está segurando a minha agora, sinto meu estômago embrulhar.

Retiro minha mão rapidamente do meio das dela.

— Não. — respondo, e vejo a surpresa nos olhos de Erick.

— Não? — repete Jessy, enquanto olha para Gabriel e depois para o noivo.

— Sabe que não posso fazer isso. — resmungo e me retraio quando observo os olhos de Jessy me assolarem, assim como fizeram milhares de vezes.

— Por que você está fazendo isso? — pergunta, ficando de pé e o som do arraste da cadeira se sobressai sobre a música calma.

— Apenas não posso. — respondo, olhando ao redor em busca de ajuda.

— Eu te chamei aqui pra podermos começar tudo de novo. — fala alto, e Erick se levanta também para ficar ao lado dela, parecendo pronto para impedi-la caso faça algo idiota. — Pra tentarmos formar uma amizade.

— Você sabe muito bem que isso nunca vai acontecer. — me levanto também, e Gabriel me acompanha. — Não importa o quanto você tente me enganar pra satisfazer o seu ego.

— O meu ego? — ela ri e olha para Erick. — Você consegue acreditar na sua secretária?

— Acho melhor subirmos. — fala ele, com as mãos nos bolsos.

— Também acho. — ela arruma o cabelo e olha para Gabriel por um momento, antes de começar a andar. — Não me culpe por ganhar, Emily.

Me viro na direção dela, pronta para segui-la e puxar os seus cabelos, mas Gabriel pega a minha mão, me impedindo.

— O que você acha que ganhou, Jessy? — pergunto, em um tom extremamente alto, fazendo com que os noivinhos se virem. — Na verdade, você sempre ganha, não é? Esse seu dinheiro de merda sempre vai comprar tudo pra você, mesmo que você não mereça nada.

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