CAPÍTULO 26

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— Erick? — sussurro, franzindo o cenho.

O vejo sair do banheiro, com o cabelo molhado e o peito nu, segurando uma toalha enquanto me encara parado no meio do lugar.

Esse não é o meu quarto.

Olho para baixo, para as luvas que estou usando, e toco o casaco quentinho que estou vestindo.

Eu deveria saber, deveria reconhecer esse perfume que está impregnado no tecido e que inconscientemente estava me tranquilizando.

— Você está bem? — pergunta Erick, deixando a toalha cair no chão e se ajoelhando ao meu lado com urgência.

As chamas da lareira lançam um pouco de luz sobre o seu corpo e sobre a sua expressão preocupada. O cabelo de Erick está pingando um pouco, mas estão incrivelmente lindos e rebeldes. Os olhos verdes estão intensos e me encaram como se me despisse por inteira.

Ele ergue uma das mãos e toca meu rosto, e deixo a sensação quente dos seus dedos me reconfortar.

Infelizmente, o gesto dele me pega mais do que desprevenida e todas as lágrimas que eu estava guardando, sobre tudo o que estava tentando não pensar, começam a surgir em meus olhos.

Terminei com Gabriel ao perceber o que estava fazendo com ele, quando percebi por quem estou realmente apaixonada. E eu devo tê-lo machucado tanto e por tanto tempo, dando esperança a ele de que poderíamos ficar juntos um dia. Quebrei meu próprio coração quando era mais nova, sabendo que esse relacionamento jamais daria certo, e agora quebrei o coração dele ao confirmar que não retribuo da mesma paixão.

Mais uma vez, alguém tentou me matar. Achei que se isso acontecesse de novo eu conseguiria me defender, que talvez já estivesse preparada e pronta para impedir tudo que estava por vir, mas como posso achar isso tudo quando até mesmo estando aqui, eles me encontraram?

E essa é a questão: como conseguiram me achar aqui?

A primeira vez em que fechei meus olhos e me preparei para morrer, Erick foi a última coisa que se passou pela minha mente. Mesmo depois de acordar naquele hospital, ignorei o que isso significava e quis me distanciar ainda mais. E a minutos atrás, deitada sob aquela neve branca, o pensamento de Erick me envolvendo em seus braços retornou.

É só dessa maneira que vou finalmente perceber o que tudo significa?

É apenas quando estou prestes a partir que posso ser sincera com os meus próprios sentimentos?

Quando encaro Erick através da minha visão embaçada pelas lágrimas, meu corpo se impulsiona para a frente e meus braços se fecham com força ao redor dele. Pressiono minha cabeça contra o seu peito, fechando os olhos e deixando um soluço escapar, molhando a sua delicada e macia pele com as minhas lágrimas.

É aqui que quero ficar. Para sempre.

Sinto os braços dele me envolverem devagar, parecendo relutante em que movimento deve fazer a seguir e se isso é o certo. Consigo ouvir o seu coração bater rápido, quase tão acelerado quanto o meu, e ele me abraça com força, puxando meu corpo contra o seu. Ele está quente quando eu me aninho em seu peito e retiro rapidamente as luvas, para poder sentir a sensação da sua pele contra a minha.

Erick se afasta um pouco e segura meu rosto com as duas mãos, me encarando com um olhar determinado e gentil, e com a respiração ofegante.

— Eu prometo que jamais vou deixar alguém tocar em você de novo. — ele engole em seco e sinto seus dedos tremerem. — Eu juro que vou tentar te proteger de todas as coisas ruins que virão e que eu jamais vou deixar você ir embora de novo. — tento secar meu rosto com o dorso da mão, enquanto esboço um sorriso fraco. Erick abaixa a cabeça por um momento e depois desce as mãos até segurar as minhas. — Eu vou terminar tudo com a Jessy, cansei de fazer tudo o que ela manda e de ver o jeito como ela te trata.

— Você tem que prometer isso também. — sussurro, fazendo com que ele sorria.

— Eu prometo. — Erick acaricia minha bochecha e seca algumas lágrimas que escaparam. — Como você está, Em?

— Acho que bem. — meu peito se aquece ainda mais quando o ouço meu apelido sair dos seus lábios. — Está tão quentinho aqui.

Sinto minhas bochechas corarem ao dizer isso e Erick sorri envergonhado, enquanto não me mexo um centímetro para ficar longe dele.

A verdade é que prefiro o calor do seu corpo do que o das chamas da lareira.

— Está com fome? — pergunta, acariciando meu cabelo.

— Um pouco.

Assim que eu respondo, ele se afasta para se levantar e agarro sua mão, desesperada para mantê-lo perto de mim.

Erick olha para mim e sorri ao perceber o que fiz, e em seguida beija os meus dedos suavemente.

— Não vou ficar mais longe de você. — sussurra, como uma promessa. — Apenas ia pegar a sua janta.

— Ah. — murmuro, largando sua mão e deixando que se levanta.

Aperto o casaco dele que está ao redor do meu ombro e desvio o rosto para encarar a lareira, percebendo finalmente todas as ações que eu estou fazendo desde que botei meus olhos nele. Literalmente me joguei para cima de Erick e o abracei.

Erick volta a se sentar ao meu lado e coloca a bandeja no meu colo, escondendo um sorriso. Enquanto fala algo que não consigo entender, sorrio ao ver o quão lindo ele é sob a dança das chamas da lareira.

— ...tá bom? — questiona ele, erguendo uma sobrancelha na minha direção.

Pigarreio.

— Aham. — concordo, acenando com a cabeça, mesmo sem saber do que se trata, e sinto minhas bochechas queimarem.

Com toda a certeza ele percebeu que não entendi nada, pois um sorriso largo se forma em seu rosto e a covinha na bochecha esquerda se revela.

Acabo sorrindo também e estico minha mão para tocar seu rosto para acariciar a covinha que tanto desejei sentir com os meus próprios dedos.

— Você precisa comer, Em. — fala Erick.

Balanço a cabeça e volto minha atenção para a sopa no meu colo, retirando minha mão de perto dele.

Quase derrubo a caneca de chá de susto quando Erick envolve sua mão rapidamente na minha e a mantém no seu colo, impedindo que me afaste.

— Espero que goste. — fala, se referindo a sopa, enquanto entrelaça os dedos nos meus.

Levo a colher distraidamente à boca, enquanto tento não olhar para as nossas mãos juntas.

— Está bom. — digo, fazendo com que seus ombros relaxem um pouco.

— Em. — sussurra Erick, e logo em seguida ele se aproxima ainda mais. Eu espero que acabe soltando minha mão, mas Erick não o faz. — Pode me explicar o que foi que aconteceu?

Olho para a sopa na tigela e largo a colher, sentindo meu estômago embrulhar e o gosto estranho na minha boca.

— Tinha um homem e... uma arma. — levo a minha mão livre até o meu peito, no local onde o cano da arma me tocou. — Ele estava me empurrando com a arma até me fazer cair, acho que não iria atirar. Isso só ia fazer barulho. — engulo em seco e agarro o meu colar. — Que nem a primeira vez que tentaram se livrar de mim na praia, não era pra chamar a atenção de ninguém.

— Esse homem fez mais alguma coisa? — questiona, acariciando minha mão. — Ou disse algo?

Nego com a cabeça e pego a caneca de chá.

— Não, nada. — tomo um gole e tento me manter firme sob o seu olhar. — Não é possível que ele seja um dos homens de Thomas, não é?

— Acho que não. — sussurra Erick, franzindo os lábios. — Mesmo que o trabalho de Thomas com certeza envolva outras pessoas poderosas, não seria ao ponto de um deles te acharem no Canadá. Não, com certeza não.

— Mas... Então... — sussurro, ainda confusa.

— Amanhã vou falar com o gerente do hotel e verificar as câmeras, tenho certeza de que algo ficou pra trás. — enquanto fala isso, Erick parece mesmo determinado a encontrar esse homem.

— Vamos torcer que sim. — confirmo, baixinho.

— E o que aconteceu que fez você sair correndo do hotel? — questiona.

— Como você sabe disso? — franzo o cenho.

— Michael nos contou que um garçom viu você. — ele suspira e olha para a lareira. — Gabriel e Jessy estavam no quarto quando Michael veio nos avisar.

— Gabriel? — pergunto, e Erick olha para mim finalmente.

— Ele me disse o que aconteceu. — desvio o olhar, sem conseguir encarar ele. — É verdade?

— Eu conversei com a Jessy antes disso. — esclareço.

— Eu imaginei que sim, mas você se lembra o que pedi? — ele ergue uma sobrancelha, intercalando em preocupação e raiva. — Pedi a você que não fizesse nada.

— E eu não fiz. — respondo, bebendo mais um pouco de chá. — Não tecnicamente.

— O que ela disse que fez você ficar daquele jeito?

— Não posso contar. — resmungo, e o nome de Leonard vem novamente a minha mente. — Ele disse que me machucaria.

— É o Leonard, não é? — fico em silêncio, mesmo surpresa por ele saber disso. Erick suspira, irritado, pensando em algo. — Emily, eu preciso saber o que ele disse a você. Eu descobri algo sobre ele e agora não posso deixar você se arriscar assim.

— O que você descobriu?

— Vou te contar se você me disser primeiro. — ele ergue uma sobrancelha enquanto me encara, esperando.

Aperto a mão dele antes de começar, olhando para a sopa no meu colo e perdendo o apetite só de lembrar.

Conto a Erick cada detalhe de cada ação e de cada palavra de Leonard, recebendo em troca alguns palavrões e suspiros em busca de paciência.

— Aquele desgraçado. — resmunga, puxando minha mão contra o seu peito.

— Não diga nada disso a Jessy. — peço, e ele me olha incrédulo.

— Por que não?

— Pelo menos não por enquanto. — respiro fundo. — Eu tentei falar com ela sobre o que Leonard está fazendo e sobre o que já fez com ela, mas Jessy continua negando tudo e apenas quer deixar ele orgulhoso.

— Isso não é problema seu, Em. Aquela família é perturbada à maneira deles, não somos nós que vamos resolver isso.

Abaixo a cabeça, desapontada, mesmo sabendo que o que Erick está dizendo é verdade.

— Agora você vai me dizer o que descobriu sobre o Leonard?

Erick fica ao meu lado, encostando seu ombro no meu e encarando nossas mãos enquanto fala.

— Já faz alguns meses, mas eu pedi a alguns dos meus homens seguirem Leonard e trazerem informações e fotos sobre o que ele anda aprontando. Michael me entregou um pendrive quando você saiu da minha sala hoje que continha essas fotos. Nelas, Leonard e Thomas estavam conversando sobre algo e em uma delas, Jessy estava junto.

— Por que ela faria isso? — questiono, largando a caneca de chá na bandeja. — Então, significa que ela conhece mesmo o Thomas?

— E que ela pode entregar você e Gabriel a qualquer momento. — completa, confirmando o meu medo. — Mas a minha maior questão é o que Leonard quer com um homem como Thomas.

— O que alguém como ele pode dar a um homem como Leonard? — questiono a mim mesma.

— Garotas e drogas, mas Leonard não está envolvido nessas coisas, pelo menos não que alguns dos meus homens já tenha descoberto.

— Erick. — sussurro, e ele se vira para me olhar. — E se Jessy tiver contado a Leonard sobre Gabriel e eu? Sobre a verdade por trás de você ter me acolhido?

— E se o homem que te atacou não fosse de Thomas, mas sim de Leonard? — completa ele.

— Você acha possível? — murmuro, com medo de que alguém possa nos ouvir.

— Eu sei que não é impossível, mas não entendo porque Jessy contaria a ele.

— Quando conversei com Leonard, ele disse que pelo menos uma coisa Jessy conseguiu herdar da família. Essas foram as exatas palavras dele. — apoio a cabeça em seu ombro, enquanto sinto o seu corpo tenso. — Se ele pôde saber da manipulação de Jessy, como ele não saberia sobre mim?

— Se isso for verdade, você não está segura aqui. — sussurra. — Precisamos partir amanhã o mais rápido possível pra ficarmos longe dele.

— E seu noivado? — questiono, me afastando para olhá-lo.

Ele sorri e acaricia minha bochecha.

— Prometi a você que terminaria com ela, não foi? — continuo a encarar Erick, enquanto minha boca abre em descrença.

— Por que agora? É por que eu descobri?

— A verdade é que uma hora eu iria voltar atrás com isso, mas principalmente porque eu não podia deixar você fugir com Gabriel.

Recuo, com o coração acelerado.

— Como você sabe?

— Eu acabei ouvindo vocês conversando. — ele olha para a lareira, enquanto sua expressão parece murchar. — Quando Berta entrou no meu escritório, eu estava pronto pra sair, porque não iria conseguir ter aquela conversa com ela. Quando abri a porta, ouvi você falando do porquê queria o dinheiro. Sei que é o melhor pra você e que ainda é, sei que só assim Thomas e os outros vão te deixar em paz, mas não vou conseguir te deixar ir. Pode me chamar de egoísta ou infantil, mas eu não quero perder nem mais uma chance de ficar perto de você.

Um sorriso bobo surge em meus lábios, enquanto tento esconder meu rosto vermelho.

— Quando eu conversei com a Jessy, percebi o que estava acontecendo. — começo, tomando coragem e me sentindo motivada pelas palavras de Erick. — Quando ela falava sobre você, sobre vocês dois juntos, e sobre Gabriel e eu, sabia que não estava certo e que ela tinha razão. Sabe por que tentei ficar com Gabriel? — Erick apenas me encara, com os olhos verdes intensos me analisando. — Porque você ficou noivo de Jessy. Eu estava machucada e pensei que tinha depositado minha confiança na pessoa errada. Quando era mais nova, tive uma paixão por Gabriel e agora descobri que ele também se sentia assim, e pensei que podia recuperar esse sentimento. — respiro fundo, aguentando as lágrimas pela dor ao apenas mencionar Gabriel. — Eu o machuquei ainda mais apenas porque estava machucada também e o fiz sofrer, e você não faz ideia do quanto me odeio por isso.

Erick aperta a minha mão e beija os nós dos meus dedos suavemente.

— Gabriel me contou que você apenas entrou no quarto e que terminou tudo sem dar explicações, então acho que você deve isso a ele. — ele me dá um sorriso encorajador. — Talvez seja melhor conversarem antes de partirmos amanhã, o que acha?

— Acho uma ótima ideia. — sorrio, concordando com a cabeça. — Você estava falando sério?

— Sobre o quê?

— O que você disse antes. — sussurro, sem coragem de repetir o que disse.

Ele sorri, revelando sua covinha novamente e percebo que nunca o vi sorrir tanto.

— Sobre ficar ao seu lado? — aceno rapidamente com a cabeça, enquanto ele morde os lábios. — Falei sério, Em. Você é um dos motivos de não conseguir fingir o casamento com Jessy. Jamais vou passar o resto da minha vida com a mulher que não amo.

Ama?

Erick parece ter percebido a palavra que usou e desvia o rosto antes que eu veja suas bochechas ficarem vermelhas.

— Posso saber o que ela usou pra te manipular? — questiono, tentando controlar as batidas do meu coração alegre.

Ele me encara novamente.

— Você.

— Eu? — franzo o cenho. — Ela ameaçou contar a Thomas também?

— Não. — ele respira fundo. — Na verdade, eu tenho que te contar algo.

— Sobre o quê?

— Sobre nós e o seu pai.

— Meu pai?

Aperto a mão dele, desestabilizada por um momento ao ouvir sobre o meu pai.

Faz anos que não falo sobre ele com ninguém e a única que sabia alguma coisa sobre meu pai era a minha mãe, mas ela evitava sempre esse assunto e só me deixava com mais perguntas.

— O que você sabe sobre ele? — questiono, tirando a bandeja do meu colo e a colocando de lado. — Você sabe se ele ainda está vivo? Se ele está bem?

— A primeira e última vez que o vi foi há 13 anos, Em. — o encaro sem entender, enquanto ele desvia o olhar para o chão. — Foi nesse dia que eu...

Desvio minha atenção para a porta quando ouvimos alguém bater.

— Que merda. — resmunga Erick, se levantando para atender, enquanto permaneço sentada em frente à lareira.

— Era pra você estar no meu quarto a essa hora. — fala Jessy, adentrando o quarto e parando assim que bota os olhos em mim, abrindo um sorriso maldoso. — Você já está melhor, Emily. Fico feliz em saber que pra isso precisou apenas ocupar o tempo todo que eu tinha com o meu noivo.

— Foi pra isso que você veio? — pergunta Erick, se pondo na minha frente.

— Vim pra te buscar.

— Já te falei o que vai acontecer, Jessy. — responde Erick, e posso ver sua voz assumir o tom estressado de sempre.

Me levando e fico atrás dele, observando Jessy me fuzilar apenas com o seu olhar.

— Como sempre por causa dela, não é? — ela ri e cruza os braços.

— Você sabe que sim.

Erick estende a mão a procura da minha e entrelaça nossos dedos novamente, me puxando até ficar ao seu lado.

Isso faz uma emoção diferente cruzar o rosto de Jessy e sinto uma pontada de culpa ao vê-la assim.

— Você sabe o que eu posso fazer, Erick. Você sabe disso e ainda quer arriscar?

— Sua manipulação não ia funcionar pra sempre. Uma hora eu iria desistir de tudo e me cansaria dessa palhaçada.

Quando Jessy dá um passo à frente, Erick me puxa rapidamente para trás do seu corpo. Em resposta a isso, a garota apenas abre outro sorriso diabólico.

— Você vai ver ela ser morta pelas mãos do homem que você mais odeia, Erick, e não há nada que você vai poder fazer.

Ele aperta minha mão com força enquanto Jessy sibila essas palavras com o veneno claro em sua voz.

— Jamais vou te amar, Jessy. — o ouço sussurrar. — Você precisa entender isso.

A única coisa que vejo é a silhueta da mão de Jessy indo direto até o rosto de Erick.

— Pare!

Fico na frente de Erick quando ele não se mexe, quando apenas fica parado como se nada tivesse acontecido, e empurro Jessy para se afastar dele.

Ela olha para mim com as lágrimas escorrendo pelo seu rosto e possuída pela raiva.

— Eu te odeio. — sussurra, se afastando até a porta. — Eu te odeio tanto a ponto de adorar ver o que vai acontecer com você quando voltarmos, Emily.

Com essas palavras, ela sai do quarto logo em seguida, me deixando atônita e chocada.

— Em?

Me viro quando ouço o tom baixo e abatido de Erick, e rapidamente o puxo para perto.

— Você está bem? — coloco minhas mãos em seu rosto e o observo em busca de algum machucado.

— Eu estou bem. — ele me dá um sorriso triste. — Mesmo sabendo que provavelmente ela faria isso, eu precisava dizer aquilo a Jessy.

— Eu sei. — sussurro, ainda preocupada por vê-lo assim.

— Vou pedir a alguém de minha confiança que leve você e Gabriel pra um lugar seguro quando voltarmos.

Franzo o cenho.

— O quê?

— Não posso mais deixar você perto de ninguém da família Clifford ou a mercê de Thomas, e não vou conseguir impedir os dois sozinhos.

— Mas...

— E eu prometo que enquanto você estiver segura, vou estar resolvendo esses problemas.

— Mas Thomas sabe que você está envolvido nisso e Leonard logo também saberá. — os braços de Erick envolvem minha cintura, enquanto mantenho minhas mãos em seu rosto em busca de me manter firme ao encará-lo. — Se eles não tentarem algo contra nós, eles tentarão contra você.

— Prefiro arriscar.

— Mas eu não.

— Sabe que sou teimoso.

— Não, eu não vou deixar. — sussurro, balançando a cabeça, e sentindo a queimação na minha garganta.

— Você é ainda mais teimosa do que eu. — comenta, sorrindo.

— Por que está agindo como se isso não fosse nada? Se algo acontecer com você, eu jamais vou me perdoar.

— É isso que se faz quando você está apaixonado por alguém, não é? Você tenta proteger ela. — sussurra, me encarando a espera da minha reação a suas palavras.

— Erick...

— É por isso que Jessy estava usando você pra me manipular, Emily. — ele toca o meu rosto com delicadeza. — Porque ela sabe o que eu sinto por você e que me mataria ver você nas mãos de alguém como Thomas.

O encaro, sem conseguir acreditar, respirando pesadamente enquanto meu coração parece prestes a pular para fora do peito.

Antes que eu consiga dizer o que sinto, os lábios de Erick colidem contra os meus em um beijo apressado e avassalador. Os dedos dele pressionam levemente minhas bochechas, me tocando com carinho como se eu fosse algo frágil.

Passo meus braços em volta do pescoço de Erick e o puxo para mais perto, ao mesmo tempo que acaricio seu cabelo.

Deixo escapar um arfar de surpresa quando Erick me ergue em seus braços fortes e me carrega de volta até a frente da lareira. Quando me deita gentilmente e fica sobre mim, estou tão ofegante que pareço ter saído de uma maratona.

O peito de Erick está subindo e descendo rapidamente e seu peito nu está começando a suar, e sinto o fogo em seu corpo mesmo sob o tecido das minhas roupas.

Um gemido escapa dos meus lábios quando ele beija o meu pescoço e em seguida minha boca novamente. Tudo que consigo fazer é envolver minhas pernas ao redor da sua cintura e mantê-lo perto de mim, mesmo que minhas pernas fraquejem a cada beijo e a cada segundo que sua língua se encontra com a minha. Meu corpo todo treme em resposta quando sinto a ereção de Erick deslizar da minha barriga para o meio das minhas pernas, conforme seus beijos descem cada vez mais.

Fecho os olhos e mordo os lábios, contendo um sorriso ao perceber finalmente o que está acontecendo.

— Em? — sussurra Erick, ofegante, e o encaro parado acima de mim, parecendo hesitar enquanto toca meu rosto e se apoia com o outro braço.

— Algo errado? — pergunto, franzindo o cenho, respirando pesadamente.

— É que não foi assim que eu pensei que seria a nossa primeira vez. — admite, enquanto minhas bochechas queimam em resposta.

— E como foi que você imaginou então? — questiono, tocando seu maxilar e em seguida descendo os dedos até o seu peito suado.

— Não posso te contar.

— Por que?

— Porque é pra ser uma surpresa. — ele sorri de um jeito tímido, acho isso incrivelmente fofo.

— Por mim tudo bem. — sussurro, sorrindo também.

— Mesmo? — questiona, meio surpreso. Balanço a cabeça e ele me beija. — Prometo que vai ser a melhor noite da sua vida, linda.

Desvio o olhar ao ouvir o apelido.

— Sei que sim.

— O que foi? Não gostou do apelido que eu te dei? — provoca, sorrindo.

— Eu gostei. — murmuro, enquanto meu rosto parece estar pegando fogo depois da realidade do que estávamos fazendo retornar.

— Posso usar outros se você quiser. — ele finge pensar. — Posso usar "amor". O que acha?

— Esse está bom. — estou olhando para qualquer lugar que não seja o rosto sorridente e contente de Erick.

— Você é a coisa mais linda do mundo quando está com vergonha, sabia? — sussurra, me olhando com tanto carinho e intensidade que faz o meu corpo já deitado quase desabar.

— E você parece gostar de me ver assim. — resmungo.

— É um dos meus passatempos favoritos, tenho que admitir.

Reviro os olhos, apesar de estar sorrindo.

— Que tal descansamos um pouco pra viajem de amanhã? — sugere ele.

Meu sorriso desaparece, assim como a expressão de Erick parece murchar um pouco, enquanto lembro das palavras de Jessy ao sair do quarto e de tudo que ele e eu conversamos sobre Leonard e Thomas.

— É uma boa ideia. — concordo, tentando sorrir para amenizar um pouco a situação.

Erick se abaixa e deposita um beijo longo e demorado em meus lábios, enquanto sua mão está segurando uma das minhas coxas.

— Se importa se dormimos aqui mesmo? — pergunta, indicando a lareira.

— Nem um pouco. — respondo.

Erick se deita ao meu lado e puxa uma das cobertas para nos esquentar no meio da noite. Retiro meus dois casacos e fico apenas com a blusa de manga longa, com o estômago se revirando de nervosismo.

Sinto o peito de Erick contra as minhas costas quando me vira de lado e passa o braço ao redor da minha cintura, enquanto o outro me serve como travesseiro. Um travesseiro quente e musculoso.

Me encolho contra o corpo de Erick, até o momento em que não há como ficarmos mais próximos do que já estamos.

— Boa noite, linda. — deseja, beijando meu pescoço.

— Boa noite — sussurro, tomando coragem. —, lindo.

O ouço rir baixinho e me trazer ainda mais perto do seu peito.

— Gostei disso. — murmura, fazendo um sorriso gigante se formar no meu rosto.

Pego no sono alguns minutos depois, mais segura do que jamais estive e mais feliz do que me senti em toda a minha vida.

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