Capítulo 6

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—Dee?

Acordo com alguém me chamando. Olho para o lado e vejo Alex, seus olhos ainda estão fechados.

Ele fala dormindo, de vez em quando.

—Sim?

—Chris Hemsworth.

—Quê?

—Numa praia, - sua voz está abafada, já que sua cabeça está encarando o tapete - ele usaria uma sunga florida ou com palmeiras?

—Flores, flores com certeza.

Ele sorri, ainda de olhos fechados. Ajudei o sonho dele. Eu acho.

Depois de acordado, ele não parece lembrar da pergunta, ao invés disso, uma outra dúvida se forma em sua mente, aparentemente tão importante quanto.

—Pra hoje, eu coloco um shorts vermelho e finjo que está calor para fazer parte do filme pré-adolescente que sua irmã tenta encenar todo dia, ou aquela calça preta que diz: "Está frio, pare de ser imprudente e entre dentro de casa, Harper."

—Ela não é minha irmã. - Indico uma das opções com minha mão - Pare de ser imprudente e entre dentro de casa.

Ele pondera um pouquinho, questões importantes devem ser importantemente decididas.

—A calça então - Alex conclui. - Vou de moletom também, só pra fazer parte do outro filme.

—Outro filme?

—É. O seu filme, o filme pré-adolescente que tenta ser alternativo mas só vira uma versão melancólica do da Harper.

Meus olhos instantaneamente reviram, mas não posso deixar de sorrir.

E nem de ficar triste. Melancólica.

Ele não está errado.

Eu sou assim. Sei que sou. Mas todas as vezes em que eu não fui, acabei ficando.

Depois de algum tempo, percebi que não deveria esperar o melhor. Nem o pior. Não deveria esperar nada.

Só acordar. Escovar meus dentes. Escovar meu cabelo. Respirar. Expirar. Contar até 10.

Manter o controle.

Tentar, pelo menos.

Alexander fecha a porta do guarda roupa, me tirando da minha mente melancolicamente alternativa, de acordo com ele.

—Você também deveria ir de moletom, sabe - ele continua - nosso pequeno protesto, se mais alguém aparecer vestido assim, podemos começar uma revolução, e transformar tudo em uma festa do pijama.

—Quem foi Napoleão Bonaparte perto de Alexander Emery?

—Ninguém. Minhas revoluções realmente têm importância. As únicas coisas que temos em comum são a nossa facilidade para empolgar soldados com promessas de glória e riqueza e o grande espírito de liderança.

—A altura também, um pouquinho.

A próxima coisa que enxergo é a cor da almofada amarela que ele atirou em cima de mim antes de entrar no chuveiro.

Ele canta no banho.

Ele canta alto no banho.

Decido voltar para casa. Preciso me trocar também, escolher meu moletom.

A decoração está bonita. Cara.

Bolas coloridas com luzes foram penduradas ao redor da piscina, que, devido às condições climáticas não favoráveis, está vazia, ainda que alguns dos convidados usem roupas de verão.

Não Pense (Primeira parte completa!)Onde histórias criam vida. Descubra agora