26
Somos completamente esquecidos por Alex, que anda à frente com Rebecca, enquanto Chris e eu ficamos para trás, ainda os seguindo, mas tentando dar privacidade.
Parece que estão se divertindo.
Alexander nunca foi do tipo que gosta de ficar com várias meninas, mas quando se interessa, como agora, faz de tudo para durar. Não um namoro, necessariamente, mas talvez uns dois encontros, ou três. Sempre me disse que queria lembrar de todas as pessoas que já despertaram sua atenção. E que só ficaria com alguém se fosse capaz de se lembrar o porquê havia se interessado por ela, em primeiro lugar.
Quer significados. Profundidade.
Talvez seja pelo seu pai, talvez por sua mãe, mas Alexander Emery é o menino mais gentil que conheço.
—Ei, Dee.
Christian quebra o silêncio enquanto andamos.
—Oi.
—Vou te comprar um presente.
—Chris, não vão aceitar um cartão black na feirinha.
Não acho que ele já tenha percebido que o roubamos.
Ele começa a rir, e passa a mão pelo cabelo.
—Não vou usar o cartão.
—Por favor, não roube artesãos de rua.
—Não vou roubar. Você acha que eu seria capaz? - O encaro. - Tá bom. Seria capaz, talvez. Mas não agora, olha aqui.
Ele tira uma nota de cinquenta dólares da jaqueta.
—Ganhamos o karaokê. Era um concurso. Parece que meus vocais em She looks so perfect impressionaram a audiência.
—Tenho certeza de que você pratica no chuveiro.
—E você está absolutamente certa.
—Ainda bem que é a prova de som, então.
—Não pode dizer isso depois de ter me ouvido cantar.
—Você foi bom, mas Alex foi melhor.
—Droga. Deveria ter cantado Hey there Delilah, então.
Sorrio. Ele sorri de volta.
Sabe que odeio essa música. É linda, mas todos me olham sem parar quando está tocando.
Nunca sei o que fazer.
Chegamos na bifurcação, está escuro, e um dos caminhos não parece ter saída.
—Aqui estamos nós - aponta Rebecca - Só temos que entrar ali.
—No beco? - Alex parece meio apreensivo - É no beco?
—Isso não é um beco, Alexander - digo, sorrindo exasperada - É só uma rua sem saída.
—Você e seu medo da classe trabalhadora. O que acha que vão fazer? Atacar miçangas até que você decida comprar alguma coisa?
—Cala a boca, Christian.
—Como assim, medo da classe trabalhadora? - nossa nova amiga questiona - De onde vocês são? Nunca estiveram em um mercado aberto antes?
Consigo ver a compreensão alcançando seu rosto. Seus olhos passam de Alex para mim e voltam mais uma vez. As roupas. As marcas. Os tênis. Os anéis e brincos que usamos.
—Gente, de onde vocês são?
—Los Angeles. - É tudo que digo. Sempre fomos instruídos a não contar especificamente onde moramos, ou nossos sobrenomes. Por segurança. - E não, nunca estivemos em um lugar como esse. Somos do centro, não tem muita coisa assim.
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Não Pense (Primeira parte completa!)
General FictionPensar. A sutil e gradual arte de deslizar você mesmo em direção a insanidade. Ou a verdade, eu acho. Não poderia saber. Já tem um bom tempo que eu não penso. Não penso na minha mãe. Ou no meu pai. Ou neles. Não penso. Mantenho o controle. Tento. Me...