Capítulo 9

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Ele me encara. Eu encaro de volta.

A escritora irritantemente extensiva da minha vida está certamente inspirada hoje.

Quero abraçar ele.

Mas também quero socar ele.

Eu o abraço. Ele me abraça de volta.

Eu o soco. Ele não me soca de volta.

Nem tenta me impedir. Ele sabe que merece.

—Porra, Dee. Sabia que você ia me bater. Não sabia que ia doer. - como senti falta dessa voz. Dessa risada. A risada dele. -  Costumo causar essa reação na maioria das pessoas. Achei que já estivesse acostumada. Bem, não posso realmente te condenar por não conseguir ter se tornado imune à minha presença. Sou eu, afinal.

—Você precisa responder algumas perguntas. - Faço o possível para esconder o turbilhão de emoções misturadas da minha voz - Você nos deve isso. Para mim. Para o Alex. Para todo mundo.

Seus olhos desviam dos meus.

—Eu sei.

—Daisy sabe que voltou?

—Ninguém sabe. - Ele olha ao redor por cima dos ombros, verificando se ainda estamos sozinhos - Você foi a primeira pessoa com quem eu falei desde que cheguei.

—Por que?

—Por que não?

—Por que estamos escondidos?

—Por que as pessoas se escondem?

—Pode parar agora. Com a evasão. Eu vou ligar para o Alex, e ele vai descer. E quando ele aparecer, nós vamos conversar. Nós três. E você vai falar.

—Você sabe que não pode me obrigar a fazer nada, não é? Sou mais velho. Fiz aniversário. Duas semanas atrás. Mais, até. Dezoito anos.

—Meus parabéns, então. - O encaro raivosamente. - Não vou estar te obrigando se estiver mandando fazer exatamente o que você quer. Você veio atrás de mim, sentiu nossa falta. Só quer fazer parecer que nós somos os interessados para não ter que admitir que estava com saudades. Quer fazer parecer que as respostas que você claramente quer dar foram arrancadas de você.

Seus olhos se arregalaram de surpresa. Geralmente não falo muito.

Me surpreendi também.

Estou pensando demais. Sentindo demais.

Alívio por ele estar bem. Raiva por ele estar bem e ter simplesmente nos ignorado todo esse tempo. Alegria por ele estar de volta. Medo de ter que me despedir de novo.

Mas ele me conhece tão bem quanto o conheço. Ainda conseguimos travar uma conversa toda sem falar uma palavra.

Sua expressão suaviza e seus braços me cercam de novo. Firmemente, e por um longo tempo.

Coloco todo alívio, raiva, alegria e tristeza nesse abraço.

Não acho que seja a única que precisa de reconforto agora.

Dessa vez decido que não preciso bater nele.

Digo a Alex para me encontrar na praça na esquina do prédio onde moro.

Falo que é uma emergência.

Menos de três minutos depois, o vejo correndo ofegantemente na direção do banco em que estou sentada.

—Delilah Houghton. Eu estava ocupado, bem ocupado. É melhor que isso seja muito, mas muito importante. É melhor que tenha tanta importância quanto a cena do elevador em soldado invernal. Que foi muito importante, caso você não se lembre, até recriaram ela em ultimato. De tão importante que foi, bateram palmas. No cinema.

Não Pense (Primeira parte completa!)Onde histórias criam vida. Descubra agora