45Não estar mais em semana de provas funciona como meu único desencargo de consciência por não ter ido à escola.
Apesar da noite feliz, e do alívio por saber que meu pai está bem, fico completamente derrotada quando ele me informa de que não está mais autorizado a trabalhar fora de casa. Seu sistema imunológico está fraco demais para arriscar desnecessariamente.
Sabia que a doença estava avançando, mas mesmo assim...
Tento não demonstrar. Uma pessoa miserável na mesa do café da manhã é suficiente.
O único pequeno reconforto vem de saber que, caso se sinta mal, perceberemos imediatamente.
Aveline tenta animá-lo durante toda a refeição. Tenho medo de deixar transparecer meu desolamento através da voz, então me contento em abraçá-lo, até que entenda o que quero dizer.
Quando finalmente ligo meu celular, sou bombardeada por vinte e seis mensagens e quatro chamadas perdidas. Todas de Alexander.
Retorno imediatamente. Ele está na escola, mas dá um jeito de atender a chamada de vídeo:
—Delilah, o que aconteceu? Todo mundo desapareceu ontem. Não conseguia mais falar com você, ou Chris.
—Ficamos presos no elevador. - Explico rapidamente. - Depois para fora de casa. Longa história, explico mais tarde. O que aconteceu com você? Por que me ligou?
Alexander olha em volta, como se estivesse com medo de ser ouvido.
—Minha mãe desapareceu. De madrugada, e só voltou hoje de manhã. Eu tenho quase certeza de com quem ela saiu. Tentei ligar, mas ninguém atendia.
Gelo instantaneamente.
—Ela não te disse nada?
—Não. Fingiu que passou a noite em casa. Ela teve o cuidado de se trocar e colocar a camisola de novo. Mas eu ouvi ela entrando de manhã. Agora não é como se eu pudesse falar nada. Ela é adulta, mas algumas vezes não consigo deixar de questionar se não é ela quem precisa de pais tomando conta.
—E você queria ligar? Falar com a gente?
—Sim. Para perguntar se meu pai estava aí. Ou que horas ele saiu.
Suspiro, lembrando de vê-lo arrumado e impaciente.
—Fez hora extra, mas saiu muito antes da madrugada começar. Deveria estar se preparando, ou indo para algum lugar. Estava bem vestido e nervoso.
Alex quase derruba o celular com a confirmação.
—Fudeu então. Eu não queria acreditar... estava na minha frente, todo esse tempo. Eles são adultos. Eu não posso controlar ninguém. Mas porra, mãe. Meu pai? O cara que te traiu, lembra? Enganou, chantageou?
—É. Mas, ao mesmo tempo, é o cara por quem ela se apaixonou, casou, teve um filho e viveu junto por mais de uma década. É frustrante, mas compreensível. O problema não é ela...
—Nem me fale. Não sei se ainda consigo olhar na cara daquele filho da p... Merda, o Andrés tá vindo. Vou ter que desligar.
—Na verdade... - começo - ele meio que já sabe. Sobre Christian, e seu pai. Quer dizer, não tudo. Só as partes que Chris conhece.
—Como isso aconteceu?
—Ele pode te explicar melhor.
Sua expressão confusa se torna uma de preocupação.
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Não Pense (Primeira parte completa!)
Ficción GeneralPensar. A sutil e gradual arte de deslizar você mesmo em direção a insanidade. Ou a verdade, eu acho. Não poderia saber. Já tem um bom tempo que eu não penso. Não penso na minha mãe. Ou no meu pai. Ou neles. Não penso. Mantenho o controle. Tento. Me...