Capítulo 22

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Christian Middleton nunca foi conhecido por seu autocontrole.

Se mencionado, palavras como calma, razão, ou responsabilidade são as últimas que poderia pensar. Sempre foi assim.

Costumava esconder minhas coisas. Cortar meu cabelo quando não estava olhando, puxar a cadeira quando fosse sentar e me xingar.

Mas contudo, palavras como maldade, crueldade, e deslealdade não fazem parte de seu dicionário, tampouco.

Porque costumava ser o primeiro a me entregar presentes de aniversário, pentear meu cabelo e aprender a fazer tranças por minha causa, me dar chocolates quando contei para ele o que significava TPM e xingar qualquer um que me xingasse.

Sempre foi assim.

Então, quando ouço as portas do elevador abrindo, mais uma vez, nesse dia tão longo, não tenho ideia do que esperar.

E sua reação é tão intensa quanto ele.

Ele grita. Bastante. E soca a parede. Bem forte.

Não tento acalmá-lo, como fiz com Alex. Christian vem guardando muita coisa. Por muito tempo. Precisa sentir. Reagir.

Só parece recobrar a consciência do que fez quando olha os nós dos dedos. Não chegam a sangrar, mas estão roxos.

Parece arrependido. Se senta no sofá. Tenta flexiona-los.

—Dee. Me desculpe por isso, juro que não queria armar nenhum escândalo. Só... achei que fosse explodir se não fizesse alguma coisa. Não foi minha decisão mais esperta. Isso dói, Ai, Dee.

—Tem uma pomada no banheiro. Não sei como te ajudar, nunca agredi cimento seco. - Pondero. - Ou molhado.

Ele sorri.

—Pelo menos fui esperto o suficiente para usar a esquerda.

—Não foi nada. Foi só sorte.

Seu sorriso aumenta.

—Pega a pomada para mim?

—Por que eu?

—Porque eu me machuquei.

—Porque quis.

—Por favor, Deeeee.

—Bebezão.

Entrego a pomada para ele e sento do seu lado.

—Você consegue passar sozinho, garotão malvado de dezoito anos.

—Garotinha malvada de dezessete anos.

Reviro os olhos e levanto, começando a sair.

—Dee.

—Oi?

—Fica?

Não hesito ao responder.

—Fico.

Dormimos no sofá.

Vou e volto da escola andando nos próximos dias.

Uso minha bicicleta, ou dirijo meu próprio carro.

Sou extremamente cuidadosa ao atravessar a garagem na direção ao elevador.

Não posso evitá-lo, no entanto, quando Harper chama Alex e eu para irmos de carona com ela, embora da escola. Estávamos fazendo um trabalho. Já está escurecendo.

Alexander coloca fones de ouvido.

Eu não preciso de uma desculpa. Trabalha para mim. Falo com ele só quando quiser.

Não Pense (Primeira parte completa!)Onde histórias criam vida. Descubra agora