Capítulo 37

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O dia é bom. Tranquilo, do tipo que te deixa com vontade de rir só de lembrar.

Compramos café gelado enquanto procuro por um par de novas botas, gastamos um pouco nos jogos do shopping, onde Alex conseguiu romanticamente ganhar um hipopótamo de pelúcia para Beck, em um gesto que fez com que Chris e eu gargalhássemos. 

Escapo um pouco com meu novo namorado, quando o lugar começa a encher, e ele não tira os óculos - ou o capuz da jaqueta - até que estejamos do lado de fora. Não acho que qualquer um dos dois tenha sequer dado falta. Quando nos encontramos no estacionamento, noto que Beck está sem batom, e meio descabelada. Não fomos os únicos a se divertir, então.

Decidimos ir para casa. É possível notar Alexander se preocupando novamente.

Quanto mais perto chegamos da entrada do meu condômino, menos consigo ouvir sua voz.

Alex tem medo da opinião alheia, nunca conseguiu passar por nenhuma nova experiência sem alguém para insistir ou reassegurar. Ao contrário de seu irmão, é um tanto inseguro, mesmo que ambos tenham motivos para se comportar exatamente como o outro, ironicamente.

Novamente, não acho que Rebecca se importe com nada disso.

Se não recuou com a história superficial - porém já complicada - da família, não existem motivos para nervosismo agora.

A garota está jogando no celular, não acho que tenha reparado em qualquer que seja a vista que tenha da janela de seu assento.

—Beck, - Início, puxando assunto. - Alexander disse que vai ficar comigo, certo?

Seus olhos rapidamente desviam da tela, e ela sorri em minha direção.

—Sim! Quer dizer, se não tiver nenhum problema. Não quero atrapalhar...

—Não. Não vai, eu me ofereci, - uma pequena mentira irrelevante. - tenho espaço.

—Muito obrigada, vai ser incrível, podemos nos arrumar juntas. Adoro me arrumar com alguém, e com música. Sempre faz ser mais legal, o que você acha?

Sorrio de volta, não me lembro de já ter feito isso alguma vez. Ela percebe, e sorri apontando para os meninos.

—Pobrezinha. Não sei como aguenta ficar só com esses dois todo o tempo.

—Não consigo lembrar de não ficar com eles, sinceramente. Tenho outras amigas, mas não tão próximas. Tem a filha da namorada do meu pai também, mas não... nos damos bem.

—Que morte horrível.

Não consigo deixar de rir com a expressão.

O portão é aberto e Alex dirige pelo estacionamento, para guardar seu carro em uma de minhas vagas. Parece ser a primeira vez que Beck entende que chegamos em casa.

Sempre o cavalheiro, meu amigo abre a porta para Rebecca, e eu chacoalho Chris, que estava dormindo de novo, cabeça apoiada no meu ombro.

—Delilah? - Pergunta Rebecca, observando os automóveis - Não querendo parecer indelicada nem nada, mas nunca estive em um lugar tão... tão.... caro. No que seus pais trabalham?

Ela vai entrar no apartamento de todo jeito, a primeira coisa que temos no hall é uma foto emoldurada com a árvore genealógica da nossa família, e dos hotéis.

Sempre achei meio assustador. Bonito, mas não aqui. Estou meio vesga na foto, também.

Não sou quem faz as escolhas.

Não Pense (Primeira parte completa!)Onde histórias criam vida. Descubra agora