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ㅡ Lili? Lili! ㅡA voz suave fazia um eco insuportável na minha cabeça.
Arfei cansada e levantei o rosto, olhando para a professora de sociologia. ㅡ Você está bem?

ㅡ Sim. ㅡResondi baixinho, fraca.

ㅡ Você não apareceu para tomar café comigo e com a Mads, Lili. Você comeu alguma coisa? ㅡCamila perguntou se aproximando, totalmente preocupada.

ㅡ Eu tô bem. Podem me deixar em paz? ㅡPedi, voltando a deitar a minha cabeça na mesa.

ㅡ Responde a pergunta, Srta. Reinhart. ㅡA professora insistiu.
Minha cabeça está doendo tanto. Meus olhos estão ardendo. Minha barriga está gelada e meu corpo está tremendo.

ㅡ Sim. Eu comi! ㅡMenti descaradamente, mas elas pareceram não acreditar.

ㅡ Levanta, Srta. Reinhart. ㅡOlhei para a professora e neguei com a cabeça.

ㅡ Lili, você não tá bem. ㅡMads falou sentada atrás de mim.

ㅡ Eu tô bem! ㅡIsso seria um grito se eu não estivesse tão incapacitada de fazer força.

ㅡ Pra enfermaria. Agora! ㅡA professora ordenou.
Levantei davagar e minhas duas amigas foram me acompanhando.

ㅡ Você não comeu... ok, mas isso não é tudo. Segundo a descrição que você deu, parece estar tendo náuseas. Tontura, dor de cabeça, fraqueza, e sua testa está pegando fogo, a dor deve estar brutal. Você está escondendo algo. ㅡA médica falou calma, anotando tudo em uma prancheta. ㅡ Suas olheiras estão terríveis, pálpebras caídas... dormiu direito?

ㅡ Não. ㅡAdmiti. Não adianta mentir para a médica.

ㅡ Por que?

ㅡ Porque não consegui. Não tem um motivo.

ㅡ Ok... olha, vou pedir para levarem uma refeição caprichada no seu quarto e você vai ser suspensa das aulas de hoje. Precisa descansar urgentemente. ㅡEla explicou.

ㅡ Eu levo ela para o quarto, você busca a comida dela Mads? ㅡCamila se voluntariou.

ㅡ Claro.

ㅡ Obrigada meninas. Vem comigo Srta. Petsch. ㅡA médica saiu ao lado da ruiva e a Cami me guiou até o quarto.

ㅡ Deita aí e dorme um pouco. ㅡBalancei a cabeça em negação, sentindo o choro entalado. ㅡ Por que Lili? Você precisa.

ㅡ Não! Eu não quero. Eu não posso. ㅡSussurrei desesperada.

ㅡ Por que?

ㅡ Os pesadelos...

ㅡ Conta pra mim. ㅡDeitei na cama e fiquei olhando para o teto, deixando as lágrimas caírem.

ㅡ Eu não quero dormir. Mas eu tô com tanto sono. ㅡFalei sincera.

ㅡ Eu e a Mads vamos ficar aqui com você. ㅡNeguei em um movimento com a cabeça mais uma vez. Não consigo dormir. ㅡ Me espera aqui, eu já volto. ㅡA morena levantou da cama e saiu do quarto.
Com o corpo trêmulo, eu olhei ao redor.

O espelho perto do guarda-roupa me chamou atenção. Ali estava ele. A silhueta de um homem que eu finalmente consegui ver quem é.
Levantei totalmente irada e caminhei até o espelho.

É o Paul.

ㅡ Vai embora. ㅡSussurrei impaciente. Ele sorriu calmo. ㅡ Vai embora! ㅡGritei.
Peguei o despertador na mesinha ao lado da minha cama e joguei com tudo no espelho, vendo o mesmo se estilhaçar no chão.
Arregalei meus olhos e recuei alguns passos.

A porta foi aberta rapidamente e eu levantei meu olhar devagar para ver quem era.

ㅡ O que foi isso? Você se machucou? ㅡCole entrou e veio me checar. Olhou minhas mãos, meus braços, meu rosto... Camila veio logo atrás com uma expressão assustada.

ㅡ Ele... ele tava ali... ㅡBalbuciei baixinho, tentando justificar o que fiz. Mas os cacos do espelho estavam limpos, não tinha nada.

ㅡ Você precisa de ajuda profissional Lili. ㅡMinha amiga afirmou convicta.

ㅡ Eu preciso dormir... ㅡSussurrei, sentindo minhas pernas fraquejarem.
Cole veio até mim e me ajudou a deitar na cama.

ㅡ Eu fico com ela, Camila. Por favor, procura minha mãe e explica o que aconteceu detalhadamente para ela. ㅡEle me aconchegou em seus braços e a Cami saiu do quarto.
Minha pálpebras ficaram ainda mais pesadas.

ㅡ Não quero falar com você... ㅡMinha frase saiu mais como um sopro. Estou com tanto sono.

ㅡ Não precisa. Só durma. ㅡApertei sua camisa em minhas mãos e desisti de lutar contra o cansaço.
...

Abri meus olhos devagar e não reconheci o lugar onde estou.
As paredes são cinzas, as luzes estão desligadas, a única iluminação que se faz presente é através da janela, que está com a cortina parcialmente aberta. A decoração é simples, em tons de cinza, preto e branco. A cama é confortável e foi então que senti o cheiro dele.
Esse quarto é do Cole.

Sem forças para levantar, eu continuei deitada, olhando para a janela. O dia já está escurecendo.
O sol está fraco e a brisa que entrou no quarto é fria.

Alguém abriu a porta e a fechou com cuidado. Estou de costas para a mesma, mas sei que só pode ser o Cole.

ㅡ Quanto tempo eu dormi? ㅡPerguntei ainda sem me mexer. Estou em um misto de exaustão e vergonha pelo que fiz.
Todos me viram vulnerável. Chorando, agindo como uma louca...
A Camila chegou a dizer que preciso de acompanhamento profissional!
Meu Deus do céu, a que ponto eu cheguei? O que estou fazendo comigo?

ㅡ Agora são cinco da tarde, você dormiu umas dez horas seguidas. ㅡTroquei de posição e olhei para ele.
Sua cama, seu cheiro, o seu quarto em si me deixa tão confortável.

ㅡ Não foi um sonho, né? ㅡQuestionei tristemente, olhando para o teto.

ㅡ Não. ㅡCole respondeu no mesmo tom que eu.
Duas batidas soaram na porta e ele foi abrir. Trocou algumas palavras com a pessoa do outro lado, e logo deu espaço para que a Sra. Grace entrasse ao lado de uma outra mulher. Bem vestida, loira de olhos escuros.

ㅡ Como está meu amor? ㅡGrace indagou com uma feição preocupada.

ㅡ Melhor.

ㅡ A Jillian já vai trazer algo para você comer. Mas agora eu quero te apresentar a Diana. ㅡEla apontou para a mulher loira, que sorriu gentilmente.

ㅡ Oi. ㅡCumprimentei desconfiada.

ㅡ Ela será sua nova psicóloga.

...

The Crack - SprousehartOnde histórias criam vida. Descubra agora