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ㅡ Lili... ㅡCole murmurou nervoso para mim. Cruzei meus braços e balancei a cabeça em negação.

ㅡ Eu tô com fome, Cole. Vamos logo. ㅡThalita foi até ele e o puxou pelo colarinho, logo depois pegando sua mão e o guiando para ir embora.
Meu queixo caiu.

ㅡ Não acredito nisso. ㅡSussurrei desacreditada. ㅡ Filho da puta, cafajeste! ㅡGritei irritada.

ㅡ Eu tô perdida. ㅡMadelaine se aproximou.

ㅡ Cole me pediu em namoro ontem. Eu esqueci de dizer. ㅡTomei um gole da minha água e tentei não pensar nos dois idiotas que acabaram de sair daqui.

ㅡ Como é que é? ㅡA surpresa deles me fez rir por dois segundos.

ㅡ Isso mesmo! Me pediu em namoro. E olha só o que acabou de acontecer. Ela puxou ele pelo colarinho! ㅡFalei indignada.

ㅡ Deve ter um motivo, Lili. Nós já vimos aquela noite na biblioteca que o Cole não quer nem mesmo beijar ela. ㅡMads tentou me tranquilizar.

ㅡ Vai ver seja a mãe dele que pediu. ㅡCasey disse, se apoiando na parede dos espelhos.

ㅡ Por que ela pediria isso? ㅡQuestionei confusa.

ㅡ Porque a Thalita é filha do Tyler James. Vai ver a diretora Grace quer que o Cole faça ela se sentir mais confortável aqui no colégio. É bom para o status do Internship Evolution. ㅡEngoli em seco e dei de ombros.

ㅡ Quer saber, isso também não me interessa. Se isso fosse o caso, Cole poderia pelo menos me avisar. Ele que se ferre junto com a Thalita. ㅡExasperei.

ㅡ Vamos almoçar vai, você tá com fome. ㅡA ruiva pegou meu braço e saiu me arrastando com Casey em nosso encalço.
...

Lili, eu sinto sua falta. ㅡLarry está no meio da sala totalmente revestida em branco. Suas paredes, o teto e o chão. Sem nenhuma marca sequer.

ㅡ Eu também sinto. ㅡTentei chegar até ele, mas uma espécie de parede de vidro me proibiu.

ㅡ Então vem... eu e a mamãe estamos te esperando desse lado. ㅡEle abriu espaço e a minha mãe apareceu do seu lado.

ㅡ Mãe... ㅡSussurrei chorosa.

ㅡ Vem... ㅡEla murmurou, abrindo seus braços e me convidando.
Eu preciso tanto deles...

Uma movimentação atrás de mim me chamou atenção e eu virei rapidamente, vendo a silhueta de escuridão. O meu lado da sala está escuro.
Senti a aflição subir pelo meu corpo e arregalei os olhos.

ㅡ Mãe, me ajuda! ㅡGritei, ainda olhando para os olhos castanhos.

ㅡ Vem, minha pequena! ㅡEla continuou. Olhei para a parede de vidro novamente e comecei a esmurrar a mesma.

ㅡ Mãe! Larry! Por favor me ajudem. ㅡComecei a soluçar, um choro bruto e cheio de desespero.
Continuei batendo no vidro, esperando que em algum momento ele quebrasse.

Minhas mãos começaram a doer e eu parei de bater, olhando para as mesmas, cheias de sangue.
Franzi o cenho e senti algo agarrar meus cabelos, me puxando com força.

ㅡ Mãe! ㅡGritei assustada.

ㅡ Vamos querida...

ㅡ Mãeee!

Abri meus olhos e fiquei olhando para o teto, paralisada e ofegante.
Olhei para os lados devagar, com medo de ter algo ali.
Nada.
Não há nada.

Ainda estava escuro, mas eu simplesmente não consegui mais dormir. Comecei a chorar em silêncio. Saudade, medo, angústia, impotência e um sentimento terrível de solidão. É simplesmente inevitável.

Encarei o despertador, das três da madrugada até às seis da manhã. Foi quando me levantei e decidi tomar banho. Parece que um caminhão passou por cima de mim.
Meu corpo está fraco e minha cabeça dói.

Me olhei no espelho e essa simples noite sem dormir me deu um aspecto de cadáver. O choro deve ter ajudado.

Tomei um banho quente e tranquilo. Penteei meu cabelo no banheiro mesmo e vesti meu uniforme. Escovei os dentes e desci de volta para a outra parte do quarto.

Olhei para as maquiagens da Mads e até pensei em passar um pouco para disfarçar minha feição exausta, mas não sei nem por onde começar. E mesmo se eu fosse tentar, Camila acordou e eu não quero que ela veja.

ㅡ Bom dia. ㅡEla me deu um abraço rápido, ainda parece estar dormindo. Subiu para tomar banho e eu suspirei cansada.

ㅡ Eu vou esperar vocês no refeitório tá? Na verdade, eu vou passar na biblioteca antes. ㅡAvisei. Ela olhou para mim pelo parapeito do segundo andar e sorriu.

ㅡ Ok. Até daqui a pouco. ㅡSaí do quarto e caminhei calmamente até a biblioteca.

Parei em frente as estantes de suspense e analisei as mesmas.
Na verdade, eu não estava analisando nada. Só estava olhando. Apenas olhando.
Porque minha cabeça está em outro lugar.
Limpei minhas mãos suadas na saia e continuei encarando os livros.

ㅡ Bom dia... ㅡA voz rouca atrás de mim me fez revirar os olhos. Mas logo me arrependi quando minha cabeça latejou em uma dorzinha aguda no meio da testa.

ㅡ Bom dia. ㅡRespondi seca, sem me dar o trabalho de virar.

ㅡ Não vai olhar para mim?

ㅡ Preciso? ㅡPeguei um livro e fingi ler a sinopse.

ㅡ Qual é, Lili? Eu não fiz nada...

ㅡ Cara de pau. ㅡFalei baixinho, mas sei que ele escutou.

ㅡ Olha, se for pelo almoço com a Thalita... não foi nada demais. Ela é minha amiga. ㅡEngoli em seco. A hipótese que Casey me deu ontem sobre ter sido idéia da Grace, me deu um certo conforto. Mas agora eu sei que Cole a considera uma amiga.

ㅡ Amiga... ㅡUmedeci meu lábio inferior e devolvi o livro para a prateleira, andando um pouco mais e encarando outra parte da estante.

ㅡ Não vai falar nada?

ㅡ Preciso? ㅡRepeti. A mão do Cole se fechou delicadamente no meu pulso esquerdo e ele me puxou para olhar no seu rosto.

ㅡ Não seja tão infantil. ㅡSuas palavras me fizeram soltar uma exclamação de indignação.

ㅡ Quem é você pra me dizer como agir? Infantil é você que não consegue simplesmente me deixar no meu lugar. ㅡMe desvencilhei do seu aperto, olhando bem nos seus olhos. Parecem tranquilos, apesar da raiva que ele está sentindo. Seu maxilar tenso me indica isso.

ㅡ Isso é ser infantil? Porque eu só não quero que a gente brigue por coisas tão estúpidas como um almoço que eu tive com uma amiga. Você é tão obsessiva assim? ㅡVacilei por um segundo, mas logo me recompus. O que não serviu de nada, pois eu não sabia o que falar.
Não sabia expressar para ele o motivo de eu estar insegura. De o problema ser a Thalita. E não o almoço com uma amiga. De eu não gostar dela. E não das suas amigas em geral. De ela dizer o tempo todo que vai roubá-lo. Coisa que suas outras amigas não fazem.

ㅡ O problema não é o almoço com uma amiga. E sim a amiga. ㅡFoi a única coisa que consegui murmurar antes de sair esbarrando no ombro dele.
Imbecil. Ele sabe que não gosto dela. Mas se quer insistir em ser amigo dela, o problema é dos dois.

...

The Crack - SprousehartOnde histórias criam vida. Descubra agora