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— Olha só para isso, e a safada ainda disse que não havia nada entre eles. –Mads sussurra e me puxa para pararmos na entrada do refeitório.

Cami está sentada na mesa do grupo mais cobiçado no colégio inteiro. KJ, Travis, Drew e o meu Cole. Ela está toda confortável ao lado do ruivo, o que é uma reviravolta surpreendente, porque continuamos perguntando para ela sobre KJ e ela diz que não há nada.

— Você sabe como a Cami é, acho que ela estava insegura. KJ tem uma reputação bem conhecida. –Faço uma careta e ela concorda prontamente. Todos sabem que KJ Apa esteve sob a saia de mais da metade dessa escola. Há também boatos sobre Drew e Travis, e poucos sobre o Cole. Mas eu com certeza não paro para vasculhar isso, não quero saber sobre os casos anteriores do meu namorado.

Observo Cole conversando com Travis. Ele é, de longe, o mais lindo naquela mesa. Estou tão apaixonada por ele que dói. Meu namorado parece perceber que estou o espiando e seus olhos pousam em mim, então Cole sorri daquele jeito que transforma minhas pernas em gelatina e acena, chamando-me para me aproximar.

— Estou ficando deprimida. Você e Cole são tão doces que dá dor de dente, Camila está a meio passo de conseguir um namorado e eu estou aqui, esperando o Travis parar de chupar o dedo e reagir. –Minha amiga resmunga, parecendo frustrada com a situação.

Solto uma risada baixa e enlaço meu braço no seu, nos levando em direção à mesa de Cole. Quando chegamos perto o suficiente, Mads ocupa o último lugar vago, logo ao lado de Cami, e eu fico parada ao lado do meu namorado. Antes que eu possa reagir, Cole segura minha mão e me puxa para o seu colo.

Minhas mãos vão ao redor de seus ombros e eu sorrio, surpresa com sua atitude, mas gostando muito. Ele abraça minha cintura e dá um selinho carinhoso nos meus lábios.

— Pode comer, linda. –Murmura contra o meu pescoço, beijando o ponto sensível que me faz estremecer.

— Mas e você? –Olho para a bandeja e vejo que há apenas um sanduíche. Não vou comer a comida dele, posso ir buscar a minha.

— Eu já comi dois desse. –Aponta para o sanduíche e levanta o rosto para me observar, arregalo meus olhos e encaro seu abdômen plano sob a camisa branca. Como? Cole ri e beija minha bochecha. — Eu sou um jogador de futebol, querida, como feito um urso.

— Eu posso ver. Tem certeza que não se importa? Eu posso ir buscar um para mim.

— Pode comer esse, princesa. Não quero mais, iria comer apenas para não fazer desfeita. –Reviro meus olhos e sorrio desconfiada.

Pego o sanduíche sobre a bandeja e dou uma mordida, apenas para fazer careta ao sentir o picles. Não, não sou fresca com comida nem nada. Como tudo praticamente. Mas picles? Quem estraga um sanduíche de peito de peru colocando picles?

— Cole... –Resmungo ainda com os lábios franzidos em desagrado. O moreno me observa com feição curiosa, mas logo se preocupa e segura minha bochecha atenciosamente.

— O que foi? Está com dor? –Balanço a cabeça em negação e entrego o sanduíche para ele, que aceita com um grande ponto de interrogação na testa.

— Tem picles. Eu sempre cato os tomates para você e agora você me dá um sanduíche com picles. –O seu copo ainda está meio cheio sobre a mesa e eu o pego, sugando o canudo e suspirando de alívio quando a vitamina de morango limpa o gosto terrível do picles. Eu realmente detesto isso.

Cole ri divertido e abre o sanduíche, retirando desajeitadamente os pedaços de picles ali dentro. Balanço meus pés e observo com meu peito cheio de paixão e admiração enquanto ele arruma o sanduíche para mim. É assim que ele se sente quando eu faço isso para ele? Sensação de cuidado e atenção.

— Desculpa, meu amor, eu não sabia. Você não me contou. –Explica e me entrega o sanduíche depois que termina. Aceito com um grande sorriso e dou uma segunda mordida, aproveitando o peito de peru, o queijo, o molho e o alface. Tão bom.

— Eu esqueci. Tudo bem. –Cole beija minha bochecha e eu deito minha cabeça no seu ombro, aproveitando meu sanduíche e bebendo um pouco da sua vitamina vez ou outra.

Estou quase terminando o lanche quando a "cobra" se aproxima da nossa mesa e se dirige ao meu namorado. Ela tenta disfarçar, mas eu posso sentir sua fúria ao me ver aconchegada em Cole. Novidades, vadia, ele é meu.

— Cole, querido, eu posso falar com você em particular? –Sua voz é insuportável de tão forçadamente aguda ao fazer seu pedido. Respiro fundo e fico tensa sobre o colo dele, já me preparando para canalizar minha raiva em algo menos violento quando Cole aceitar, porque eles são "amigos". Ah, por favor né. Ela está o chamando de querido. Vaca.

— Não posso agora, estou lanchando com minha namorada e meus amigos. –Paraliso no meio do caminho ao estender a mão para pegar nossa bebida, olho para a expressão incrédula da Thalita por alguns segundos antes de sorrir e me encostar contra o peito de Cole, muito satisfeita.

— É urgente, Cole. –A bruxa insiste, forçando um sorriso amigável que mais parece que ela está com dor de barriga. Jesus Cristo, que horror.

— Outra hora, Thalita. Não quero deixar minha namorada brava, ela fica chateada quando interrompem suas refeições. –Levanto minha mão e seguro a bochecha de Cole, olhando para Thalita com falsa expressão de culpa e balançando a cabeça em concordância.

Eu não posso medir a satisfação que estou sentindo agora. Não esperava que Cole fizesse isso, ele está finalmente sendo racional.

— Claro, entendo. –Ela engole seu veneno e vai embora com passos duros.

Ajeito-me para olhar para Cole, que tem um sorrisinho convencido em seus lábios. Ele parece diferente, não sei explicar. Mas é algo bom.

— O que foi isso? –Indago, tentando disfarçar toda a minha alegria.

— Minha namorada finalmente decidiu me explicar porquê não gosta de me ver perto de uma certa pessoa. Tratarei de ficar longe a partir de agora. –Espertinho. Não consigo pensar em nada além disso. Cole parece simplesmente despreocupado, como se há poucos dias não estivesse preocupado em ferir os sentimentos da cobra.

— Depois de ter me estressado horrores! –Digo entredentes e ele ri, beijando-me. — Você não estava preocupado em machucar ela?

— Sim, eu estava. Mas estive pensando muito desde o ocorrido com a documentação da adoção. Ela usou isso para te machucar. Não posso fingir que isso não aconteceu apenas porque a relação dela com a mãe lembra-me do meu pai. Muitas coisas que você disse estavam totalmente corretas. –Deslizo minha mão pela sua nuca e vou para acariciar seu cabelo macio. Estou loucamente apaixonada por esse garoto.

— Vai me escutar a partir de agora? –Sussurro, beijando a ponta do seu nariz. Cole fecha os olhos e suspira, tão adorável para um garoto grande e com cara de mau como ele.

— Sempre, princesa. Me desculpe por ser um um babaca. Te estressei muito. –Mordo meu lábio inferior para prender um sorriso e o abraço forte.

Esse grande bobão. Bonito, com um exterior de garoto mau mas com um coração de ouro. E totalmente meu.

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The Crack - SprousehartOnde histórias criam vida. Descubra agora