8. selfish

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Pequenas gotas de chuva atingiam a janela do carro, quando Nina estacionou na frente do Castelo.

Ela respirou fundo e tirou o cinto. Olhou para June sentada ao passageiro, ao seu lado. Nina deu um pequeno sorriso.

– Não saía daqui, ok? – pediu.

Sua irmã assentiu.

Nina saiu do carro. Viu Pope e Kiara sentados no sofá da varanda, e JJ estava sentado nos degraus da porta da varanda da casa.

– Oi, Nini – disse Kie – O que está fazendo aqui?

– John B está aqui? – perguntou Nina, passando por eles.

– Sim, ele está na cozin- – Pope começou a dizer.

Sem esperá-lo terminar de responder, ela entrou na casa. Cruzou o pequeno corredor até a cozinha, onde encontrou John B preparando alguma coisa para beber. Ele olhou para ela e sorriu.

– Oi, Nina – ele disse. Percebendo que a garota não sorria, tirou o sorriso do rosto e franziu o cenho – Está tudo bem?

Nina tirou a bússola do bolso de sua calça e jogou em sua direção. Ele tinha um bom reflexo, pegou de primeira.

– Eu to fora – falou.

Ela havia pensado muito sobre aquilo.

Não conseguiu pregar os olhos a noite toda. O medo de uma realidade em que ela havia perdido a irmã, que aqueles homens haviam feito algo à ela, a assombrava. Ela não podia colocar June em perigo. Nunca.

– O quê? – ele perguntou confuso – Do que você está falando? O que aconteceu?

– Ontem, aqueles homens, os mesmos que nos perseguiram e quase nos mataram, foram na minha casa, procurando por isso aí – John B suspirou, olhando para a bússola na mão – Minha irmã estava lá, John B.

Ele voltou a encarar a amiga: – Nina, eu sinto muito. Eu.. eu não achava que eles fossem achar a bússola estando com você.

– Mas eles acharam – ela aumentou o tom e colocou as mãos na cintura, balançando a cabeça.

– Como eles sabiam onde você morava?

– E isso importa? – perguntou, voltando a encará-lo – John B, eu quase perdi a minha irmã. Ela só tem sete anos. Eu não quero que ela passe o tempo todo com medo, enquanto eu estou fazendo isso por... diversão.

– Não estamos fazendo isso por diversão – ele disse, sustentando o olhar – E você sabe. Achei que de todas as pessoas você entenderia.

Nina suspirou: – E eu entendo. Mas eu estou fora, John B. Tem muita coisa em risco aqui e-

– Não. Eu não vou fazer isso sem você. Está fora de questão – ele disse – Eu nunca colocaria você ou a June em risco.

– Eu sei disso, mas não consigo mais fazer isso. June... é a única família que eu tenho – falou Nina, sentindo um nó na garganta. John B a olhou – Me desculpa. Mas eu me já decidi. Só achei que você deveria saber.

*

Do lado de fora da casa, JJ observava o fogo, de seu isqueiro, aparecer e desaparecer de sua visão. A chuva estava forte e algumas vezes o próprio vento apagava a chama.

Dentro do carro de Nina, uma garotinha estava sentada no banco do passageiro. Provavelmente, era sua irmã, ele pensou.

JJ conseguia ouvir o que Nina estava conversando com John B.

A garotinha olhou para ele e acenou. JJ acenou de volta. Ela abriu a porta do carro e saiu para a chuva, andando calmamente sem ligar, até ele. Ela se sentou ao seu lado nos degraus.

– Oi – ela disse.

– Oi – respondeu JJ e a olhou, pequena sentada ao seu lado – Quem é você?

Ela o olhou engraçado.

– Quem é você? – perguntou e ele sorriu, quase dando risada. Aquele gênio era de família, então.

– Você é parecida com a sua irmã – falou e esticou a mão para ela – Eu sou o JJ.

Ela voltou a sorrir e fechou sua pequena mão na dele.

– Eu sou a June. Você é amigo da minha irmã?

Pergunta difícil, JJ pensou. Kie soltou uma risada ao ouvir a pergunta.

– Não – falou, sincero e deu de ombros. Mas se aproximou da garota e sussurrou: – Mas tento ser, só não deixa ela saber disso. Acha que pode guardar esse segredo?

June balançou a cabeça e fez como se estivesse fechando um zíper na boca.

– Boa garota – falou JJ – O que é isso atrás da sua orelha? – ela ficou confusa.

Ele passou os dedos por trás de seu cabelo cacheado na orelha, tirando uma moeda brilhante. Um velho truque.

Ela o olhou com os olhos arregalados e deu uma risada de criança. Daquelas que te contagia. JJ sorriu ao ouvir aquilo.

– Eu não sabia que você era tão bom com crianças – Pope disse, olhando para eles.

JJ deu de ombros: – É difícil me odiar.

– A Nina discorda – disse Kie.

Os garotos ouviram a porta se abrir.

– Eu mandei que ficasse no carro – disse Nina, para a irmã.

June olhou para JJ e sussurrou um "tchau", e acenou para Pope e Kie, que acenaram de volta, antes de sair correndo de volta para o carro.

– Você está bem? – Kie perguntou, indo ao lado da amiga, a abraçando – Nós escutamos.

JJ a observou por alguns segundos, enquanto Nina estava quieta.

JJ não a odiava. Não tanto quanto ela achava que ele a odiava, pelo menos. Mas ela era a Nina e ele era o JJ, a única coisa que ambos conheciam era isso. E ele tinha uma teoria.

Nina tinha um jeito que o inquietava, porque ele via metade dos seus problemas nela. Ambos cresceram em uma família de merda. Quer dizer, quem na cidade não conhecia a mãe dela e o pai dele?

– Vai mesmo fazer isso com John B e abandonar tudo? Quer dizer, depois de- – JJ começou.

– Sim – ela se virou para ele – Sim, eu vou. Eu não vou colocar minha família em risco.

– Você não vai colocar sua família em risco. E isso não é culpa do John B, como ele ia saber que aqueles caras iriam na sua casa? Acho que está sendo egoísta.

No momento em que ele falou, se arrependeu.

Ela o olhou e JJ conseguiu sentir o ódio em seus olhos, mas não desviou seu olhar.

– Egoísta? – ela perguntou – E do que você sabe? – falou e se soltou de Kie – Você deveria tomar conta da sua vida e ir ver se o seu pai não está bêbado por aí.

JJ balançou a cabeça. Esperta. Não adiantava conversar com ela. Ela não queria ajuda. Era muito teimosa.

– Ótimo, ativou o seu modo vadia – falou JJ, irritado.

– JJ! – Kie e Pope exclamaram.

– Vai se foder, JJ – Nina disse e saiu para a chuva, indo até o seu carro.

summer rain // jj maybank (𝑜𝑢𝑡𝑒𝑟 𝑏𝑎𝑛𝑘𝑠 𝑠𝑒𝑎𝑠𝑜𝑛 𝟷)Onde histórias criam vida. Descubra agora