quatro

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- Uma rosa para um cravo

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- Uma rosa para um cravo.

Isla piscou diante da flor posta bem debaixo do seu nariz. Ela estreitou os olhos e se virou para a irmã.

- Cravo? Sério?

Hali sorriu e se sentou ao lado de Isla no balcão da floricultura.

- Com esses cabelos, você só pode ser um cravo-da-índia, maninha. Não é minha culpa.

- Falou uma ruiva para a outra.

Mas Isla pegou a rosa mesmo assim, passando os dedos pelas pétalas brancas.

- Você tem que parar de roubar flores daqui, sabia? Mais um pouco e nosso quarto vai virar o paraíso das abelhas. E você sabe que eu sou alérgica ao pólen.

- E eu a poeira, mas mesmo assim você insiste em transformar nosso cubículo em um cômodo cheio de lixo.

- Minha coleção não é lixo - Isla protestou, cansada. Já tinha falado aquilo uma centena de vezes.

- Juro que ainda vou te inscrever em um daqueles realities de pessoas acumuladoras. Vai ser o assunto da ilha por séculos!

Se Hali estava dizendo aquilo, é porque seria mesmo. Ela era a pessoa que sabia de todos os assuntos da Ilha da Rocha até dez gerações passadas. As irmãs a chamavam de abelhuda, mas Hali batia o pé e afirmava que era apenas uma receptora de informações.

Para Isla, aquele era um jeito chique de dizer fofoqueira.

Hali foi até o cômodo dos fundos da pequena floricultura da família para encher um jarro d'água. Isla a acompanhou, ficando parada no corredor de onde conseguia ver a porta da frente. O verão era sempre a melhor estação do ano para os negócios na floricultura. Com a ilha abarrotada de turistas e pessoas alegres, as flores eram vendidas em qualquer hora do dia.

Isla sacou o celular do bolso para checar se Lino tinha respondido suas mensagens. Ela o tinha convidado para ir à praia depois que seu turno na floricultura terminasse, mas, até então, nem sinal de vida. Ele devia estar apertado com o serviço no supermercado do Sr. Miller para não ter respondido ainda. Eles tinham uma regra pessoal de nunca deixar um ao outro no vácuo.

Isla ergueu os olhos da tela do celular quando o ruído da TV velha instalada na parede do cômodo que servia como cozinha/depósito emitiu o som familiar da vinheta do noticiário local.

Raphael Martinez, âncora do jornal da ilha, começou a passar as informações a respeito da tempestade que se aproximava. Isla franziu as sobrancelhas e espiou a rua que podia ser vista das vitrines amplas da floricultura.

- Com o sol que está fazendo, dá para fritar um ovo no asfalto - ela comentou enquanto Hali ajeitava a rosa com toda delicadeza no vaso com água.

- Como se você não soubesse o jeito que o tempo pode mudar por aqui. Todos os canais da região estão emitindo alertas. Os comércios vão fechar mais cedo hoje.

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