vinte e um

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— Eu vou morrer — Sally declarou

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— Eu vou morrer — Sally declarou. — Se a gente não parar por dois segundos, eu vou morrer.

Lino estancou na beira da estrada, a testa brilhando de suor. Sally até tentou acompanhar seu passo, mas era difícil andar quando você não conseguia nem respirar. Por isso ela se apoiou nos joelhos e tentou acalmar o ritmo acelerado do coração.

— Se a gente continuar parando assim, nunca vamos chegar lá — Lino disse, mas voltou até lá. — Você tá legal?

O cabelo de Sally estava grudado na nuca, seu cérebro parecia prestes a derreter no asfalto e ela tinha certeza que não estava exalando o melhor dos odores debaixo daquele sol ardente. Mas, ao invés de dizer tudo isso, ela olhou para o garoto que mal conhecia e disse:

— Estou ótima.

A frase era tão carregada de sarcasmo que Lino franziu as sobrancelhas.

— É melhor a gente continuar andando. Mesmo devagar.

— Eu preciso de água.

— Se você não quiser beber a do mar, a nossa melhor opção é a loja de conveniência.

Sally o olhou aborrecida, mas o que podia fazer? Angelino estava certo. Ela precisava continuar.

Ela se endireitou e respirou fundo, então deu um passo de cada vez no acostamento.

— Fico pensando no que os meus amigos diriam se me vissem agora — ela deixou escapar no silêncio que se seguiu. Aquele pensamento, de ser vista naquela situação, a aterrorizava mais do que a possibilidade de morrer desidratada no asfalto.

— Está com medo de ser vista comigo?

Ela ergueu a cabeça depressa para o rapaz ao seu lado. Lino era brincalhão – ela já tinha percebido isso – e mesmo agora tinha um sorriso travesso nos lábios. Mas a pergunta era sincera, Sally podia dizer isso com certeza.

— Você não pode estar falando sério... — ela disse, ácida.

— O quê? É verdade! Aposto que sua turma do Rose e de Malibu nunca esperariam ver Sally Lopez andando com alguém que não fosse do grupo.

— Sério, Lino? Você me acha tão mesquinha assim?

Ela não o conhecia direito e gostava de pensar que não dava a mínima para o que os outros pensavam ou deixavam de pensar dela, mas naquele instante Sally desejou saber a verdade. Desejou que ele a visse de maneira diferente.

— Não, é claro que não! Me desculpa se isso saiu da maneira errada. Mas é só que... — ele hesitou. — Você sabe que se não fosse por toda essa situação com Isla, a gente não andaria junto. Até poucos dias atrás, você nem sabia da minha existência.

Era verdade. Cada palavra dele. Do que adiantava negar?

— Você tá certo — Sally admitiu, olhando para o mar e as gaivotas ao longe. — Eu não andaria com vocês em uma situação normal. E eu sei como isso me faz parecer.

Canto de MalibuOnde histórias criam vida. Descubra agora