Sr. e Sra. Karasu

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Badeea


         A casa de Tulipa é tão exuberante quanto eu imaginei que fosse, olhava para cima como se aquele fosse o próprio Castelo de Hogwarts. Eu precisei segurar uma Tulipa alucinada de ir atrás de Dumbledore a todo momento até o dia de hoje, de repente ela estava convicta de que não atenderia ao chamado dos pais, mas cá estamos. Tulipa batia na porta sem paciência, quase parecia que derrubaria aquela porta à qualquer momento. Então a porta se abre e um elfo doméstico se põe em reverência ao ver Tulipa aqui.

- Óbvio. Por que receber a tão desejada filha na porta, certo? - Tulipa resmungou, incrédula e, ao mesmo tempo, com certeza de que aquilo aconteceria - Sai da frente, Servo.

Assisto Tulipa empurrar o elfo para o lado e seguir para dentro da casa, me puxando consigo.

- Por que fez isso? - pergunto - Eu nunca vi você tratar um elfo deste jeito, muito menos chama-lo de servo.

- Servo é o nome dele. Nada criativo, eu sei. E não se engane, este é o único que sobrou nesta casa porquê eu libertei todos os outros. É apenas um capacho dos meus pais, usado pra me espionar e permitir que eles não levantem a bunda flácida deles pra nada.

- Ouço sua nada gentil voz. - ouvi a voz de um homem na sala de estar, tinha o rosto coberto pelo jornal - Finalmente, Tulipa.

Estive sem saber exatamente o que fazer, até porque até agora não poderia saber se o que Tulipa fala sobre os pais é real ou exagero. Quando o pai abaixa o jornal, vejo seu olhar vir diretamente à mim, assim como a mãe, que jazia sobre o outro sofá.

- Esta é Badeea, minha amiga. - Tulipa falou ao perceber o silêncio eminente

- É um prazer, senhor e senhora Karasu. - falo - Vocês tem uma bela casa.

- Sempre quebrando as regras. - a mulher fala, olhando diretamente para Tulipa

Assisto o pai se levantar e vir até mim, esticando a mão para apertar a minha. Ele é um homem magro e esticado, cabelos castanhos e olhos negros.

- Uma regra básica: avisar quando trouxer amigos e não os colocar entre nossos assuntos familiares. - O homem falou - Mas é óbvio que você não sabia disso. Pode me chamar de Henry. E à minha esposa, Daene.

- Só Badeea. - justifico, com um sorriso sem jeito

- Vocês podem subir e se preparar para o jantar.

- Obrigada.

- Acabou o show? - Tulipa pergunta, tão defensiva quanto nunca a vi antes, os braços cruzados abaixo do peito só realssava sua ira - Vamos, B.

Ela segurou minha mão e puxou-me degraus acima, diretamente para o quarto cujo ela entrou como um furacão, chutando o baú em frente à cama.

- Por que não se acalma? - sugiro - Eles não foram tão ruins assim.

Ela riu um sorriso sem humor.

- Eles foram podres. Imundos. Nojentos.

- São os seus pais.

- Eu sei. Por isso eu esperava mais.

Honestamente eu não consegui ver nada tão extremo nos pais de Tulipa. Óbvio, eles gostam de regras, mas não é nada que outros pais não fariam, inclusive, seria estranho se não o tivesse. Olhei ao redor, para as paredes do quarto de Tulipa, cada detalhe e cada canto com atenção. Havia raiva, remorso e uma luta interna empreguinada entre estas paredes, consigo sentir, consigo ver e consigo palpar. Aquela rebeldia não era a costumeira rebeldia de Tulipa, isso ia além, quase como se implorasse pela atenção dos pais. E eu me pergunto se eu não estava certa, se Tulipa não exagera em tudo isto.

Without FearOnde histórias criam vida. Descubra agora